Creio que qualquer adepto consegue identificar várias expressões visíveis de decadência directiva. Basta observar os últimos anos e notar que há um vazio de conquistas quase total entre 2013 e 2018, circunstância nunca antes vista nas presidências de Pinto da Costa. No plano financeiro mergulhou-se no abismo... conhecem-se os números, as limitações impostas... está à vista de todos. Perdeu-se a batalha das influências e do poder institucional, na qual Pinto da Costa foi em tempos exímio. ... deixou de ser incomum ver atletas deixar o clube a custo zero, são evidentes as dificuldades em renegociar contratos... O naufrágio é quase que palpável, de tão grosseiro que é. O que houve de positivo nos últimos anos? ... o efeito delimitado no tempo da divulgação da correspondência do Benfica e a pressão que daí resultou (... terá caído o céu?, dádiva de Rui Pinto?... ), e a contratação de Sérgio Conceição. O Porto de Conceição ganha ou fica próximo de ganhar, voltou a ser competitivo. Tem dois campeonatos em quatro anos, logo, no contexto actual, é um trabalho positivo. ... parte dos jogadores que pede são de qualidade questionável?... não integra os jovens no onze, não os valoriza financeiramente?... pois, todas essas questões ficam à ponderação da SAD, que o treinador não está lá para ser gestor financeiro. Se as opções do treinador não se enquadram na política desportiva e financeira do clube, a responsabilidade é da direcção, não do treinador. Contrataram-no, mantêm-no, ... não há muito a aprofundar.
Vieira reconheceu o poder do rival e desenvolveu um plano desprezível para controlar, influenciar, coagir, ... a estrutura, os agentes do futebol português de acordo com os interesses do Benfica. Tem toda a razão na ideia de que é importante ter poder junto dos decisores, visto que em Portugal não podemos ainda contar com o profissionalismo e a idoneidade das organizações desportivas. Tomou de assalto o futebol e foi bem sucedido. ... não foi afastado do Benfica nem foi preso por essa acção. Veremos se algo acontece. O Porto não deve replicar o modus operandi de Vieira, não deve procurar corromper, mas tem de fazer por não ser prejudicado. Ou luta por um futebol diferente, como nunca se viu neste país, ... ou nisso houve interesse por parte dos maiores clubes... ou tem de procurar aliados e poder, os suficientes para não jogar em relvados inclinados. Os ventos mudaram a partir de certa altura, começaram a soprar mais forte a sul. Se os próprios adeptos não conseguem ver isto...
O colega insiste em não querer perceber. Não quer olhar para o ano em que o poder do rival se consumou em conquistas desportivas? Quer olhar para onde então? Para a Taça dos Campeões Europeus de Artur Jorge? Para os anos de Pedroto? Para as conquistas de Mourinho?... são muito bonitas, mas quem vivia do passado costumava ser o Benfica. Nada dizem quanto ao Porto actual. A dinâmica vitoriosa foi perdida nesse ponto, o futebol português mudou nesse ponto ( ... ou é a expressão simbólica da mudança), é para ele que temos de olhar. Pinto da Costa passou por um jejum inédito, o clube por uma situação que não experimentava há décadas... claro que se deve olhar para aí e daí para cá. E tudo o que apontei no primeiro parágrafo verifica-se neste momento e nos últimos anos.
Foi o que afirmei, nesse ano nada se esfumou, vivíamos o Porto hegemónico. Era previsível que obteríamos sucesso após Jesualdo, que se montaria um óptimo plantel, superior ao dos rivais, que se encontraria um treinador capaz de vencer, que se jogaria sem a preponderância do campo inclinado.... hoje nada disto é previsível, a incerteza é muito maior. O apego a Conceição comprova-o. O Porto passou de um ciclo de insucesso extremo para uma fase de equilíbrio. E agora estamos aqui a ver no que isto dá, se a tendência é para alternar campeonatos, se voltamos a dominar, se regressamos a novo período de maior insucesso... Claro que o contexto mudou.
Lá por ter visto um documentário sobre dinossauros ontem não significa que hoje esbarre na rua com um T-Rex. Ontem vi um cão... é provável que hoje torne a ver um. As coisas não acontecem por magia. É mais provável que as próximas decisões da administração se enquadrem no contexto actual do que no dos anos de maior sucesso. ... e a avaliação do trabalho de Conceição deve ser feita à luz das circunstâncias actuais. Se o Porto pretende retomar sucessos maiores, tem primeiro de firmar os pés no chão e compreender bem os desafios que hoje enfrenta.
Porque acha o colega que a administração que abriu mão de Jesualdo e de Vítor Pereira agarra-se agora a um treinador com sucessos mais modestos?...