Simões

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Simões é o baluarte da defesa do FC Porto durante a década de 70, altura em que a formação portista conquistou dois campeonatos nacionais consecutivos, colocando ponto final num jejum que durara 19 anos. Juntamente com o defesa Freitas formou umas das duplas de centrais mais sensacionais e completas do futebol português.

Na sua carreira de futebolista foram 18 anos a jogar na 1ª Divisão Nacional, ao serviço da Académica de Coimbra, do FC Porto, onde esteve 9 temporadas consecutivas e o Portimonense SC.

Carlos António Fonseca Simões é natural da cidade de Coimbra. Nasceu em 28 de Julho de 1951 e foi no principal clube daquela cidade, a Associação Académica de Coimbra, que Simões começou a jogar futebol oficialmente, concretamente, na época de 1966/67.

Apesar de uma curta passagem pelas camadas jovens do Sporting CP, foi na Académica de Coimbra que o jovem Simões cumpriu a maior parte do seu percurso no futebol juvenil, até que na temporada de 1969/70 chega à equipa principal conimbricense.
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Naquela época estreou-se na 1ª Divisão Nacional, lançado pelo técnico academista Juca. As duas primeiras temporadas na equipa principal da Académica de Coimbra foram de aprendizagem e evolução como futebolista. Jogou poucos jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1969/70 e 1970/71, passando este período como suplente da dupla de centrais da Académica de Coimbra formada por Alhinho e Rui Rodrigues.
Muito embora Simões também desempenhasse funções de lateral, foi na posição de defesa central que efectivamente se tornaria num sonante jogador de futebol. Com a saída de Rui Rodrigues, Simões começou a aparecer com maior assiduidade na equipa principal da Académica de Coimbra.

Na temporada de 1971/72 formou dupla com Alinho no centro da defesa academista na maior parte dos jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Todavia, esta época foi nefasta colectivamente para o clube conimbricense que acabou relegado à 2ª Divisão Nacional.
Foi, porém, efémera a passagem da Académica de Coimbra pelo segundo escalão do futebol português. Logo na temporada seguinte a briosa conseguiu regressar à 1ª Divisão Nacional, vencendo primeiramente a Zona Norte e na final do Campeonato Nacional da 2ª Divisão, da temporada de 1972/73, derrotando a equipa do SC Olhanense, sagrou-se campeão nacional daquele escalão.

De regresso à 1ª Divisão Nacional na época de 1973/74, Simões já se havia afirmado definitivamente no centro da defesa da Académica. As suas exibições começaram a despertar atenções e os maiores clubes portugueses passaram a seguir bem de perto os seus desempenhos.
Era considerado então um jogador com enorme futuro, como de resto, se viria a confirmar. Em 1974/75, com apenas 23 anos de idade, o defesa Simões é contratado pelo FC Porto.

Ao longo dos 9 anos que passará vestido de azul e branco, o defesa Simões vai tornar-se a referência no sector defensivo do clube ao longo de toda a década de 70, conquista importantes títulos nacionais e, finalmente, chega à Selecção Nacional de Portugal.
Na primeira época nas Antas, Simões forma a dupla defensiva ora com Rolando ora com Adelino Teixeira. Não será titular indiscutível, mas afirma-se, desde logo, como elemento importante no plantel portista que irá sagrar-se vice campeão nacional.
Já na temporada seguinte, em 1975/76, conquista a titularidade no FC Porto, ao lado de Alhinho – antigo companheiro na Académica de Coimbra - mas a formação portista realiza uma época bem medíocre, classificando-se, apenas, em 4º lugar na 1ª Divisão Nacional.
Em 1976/77 dá-se o regresso de José Maria Pedroto ao FC Porto, numa temporada altamente conflituosa no futebol nacional. O FC Porto acabou apenas em 3º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a 10 pontos do SL Benfica que foi o Campeão Nacional.

Pedroto deu a Simões a titularidade na equipa do FC Porto, ao lado de Adelino Teixeira, inicialmente, e depois com imponente Freitas. Nesta época destaca-se o primeiro título alcançado por Simões ao serviço do FC Porto. Foi titular no desafio da final frente ao SC Braga em que o FC Porto venceu por 1-0, conquistando a Taça de Portugal.

A presença do FC Porto na final da Taça de Portugal de 1976/77 foi a primeira de cinco finais que os portistas jogaram no período em que Simões representou o clube. Foi porem a única final da Taça de Portugal que Simões venceu, já que em 1977/78 o FC Porto perdeu para o Sporting CP e em 1979/80, 1980/81 e 1982/83, foi derrotado ciclicamente pelo SL Benfica, embora Simões já não tivesse actuando na final da Taça de Portugal da temporada de 1982/83.
As duas épocas seguintes de 1977/78 e 1978/79 serão, por certo, as melhores de toda a carreira de Simões. Com o guarda-redes Fonseca, os laterais Gabriel e Alfredo Murça, e o fiel parceiro Freitas, Simões integra a memorável e fantástica defesa do FC Porto, clube vencedor do Campeonato Nacional da 1ª Divisão das temporadas de 1977/78 e 1978/79.

Formava com Freitas, uma dupla verdadeiramente imbatível. Ao lado combativo, aguerrido e contundente de Freitas, aliava-se a clarividência, técnica e eficiência de Simões. De facto, era inquestionável que Freitas e Simões armavam uma dupla de centrais perfeita.
Em 1979/80 o FC Porto não conseguiu renovar o título de campeão nacional. Desta vez, o FC Porto de José Maria Pedroto perdeu o ceptro de campeão para o Sporting CP, ficando no 2º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, somente a 2 pontos dos leões de Alvalade.

Nesta época de 1979/80, alias, o FC Porto perdeu todas as competições onde esteve envolvido. Alem do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e da Taça de Portugal, a equipa das Antas também perdeu a recém criada Supertaça para vizinho Boavista FC.
Depois do FC Porto perder o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1979/80, não conquistando o tri, José Maria Pedroto foi afastado do cargo de treinador principal do azuis e brancos pelo Presidente Américo Sá que se dizia farto das polémicas e conflitos gerados pela dupla Pinto da Costa e Pedroto.
Cabe aqui referir a passagem de Simões pela Selecção Nacional de Portugal. Depois de contabilizar 4 presenças na Selecção Nacional de Juniores, Simões realizou 13 jogos pela principal selecção portuguesa.

A sua estreia oficial com a camisola das quinas da Selecção “A” portuguesa aconteceu no dia 1 de Novembro de 1979, no Estádio Nacional no Jamor, numa partida entre Portugal e a Noruega a contar para o apuramento para o Campeonato da Europa de 1980.
Simões foi lançado para a primeira internacionalização A pelo seleccionador nacional Mário Wilson, formando dupla de defesas centrais com Humberto Coelho. Referencia histórica para o resultado favorável a Portugal por 3-1 nesse encontro de estreia de Simões.

O defesa central Simões esteve na Selecção Nacional durante as fases de apuramento para o Campeonato da Europa de 1980 e para o Campeonato do Mundo de 1982. Durante esse período partilhou o centro da defesa portuguesa com jogadores da craveira de Humberto Coelho, Laranjeira, Eurico Gomes, ou mesmo Freitas, seu companheiro no FC Porto.
O último jogo de Simões com a camisola das quinas ocorreu no Estádio Hascovo, na capital búlgara, Sofia, num encontro particular entre Portugal e a Bulgária. A equipa portuguesa era então comandada por Juca que nesse jogo fez alinhar no centro da defesa portuguesa os jogadores Lima Pereira, Simões e o jovem Dito.

A equipa de Portugal acabou amplamente derrotada por 5-2, sendo Simões um dos jogadores que viria a ser substituídos durante o encontro, cedendo o seu lugar ao jovem Carlos Xavier.
A saída de José Maria Pedroto e de Pinto da Costa do FC Porto foi conturbada originando o celebre verão quente de 1980, quando 14 jogadores do FC Porto, onde constavam nomes como o de Costa, Oliveira, Octávio, Sousa, Frasco, Gomes, e também Simões, entre outros, fizeram uma autêntica rebelião não comparecendo aos trabalhos no arranque da temporada de 1980/81.

O Presidente do FC Porto, Américo Sá, deixava o nome de Pinto da Costa fora das listas concorrentes aos órgãos sociais. Em forma de protesto e demonstrando estar ao lado do actual presidente portista, 14 jogadores não compareceram aos trabalhos de preparação para a nova época sob os comandos do austríaco Herman Stessl, entretanto escolhido para suceder a José Maria Pedroto.
Esses 14 jogadores trabalhavam no Pinhal de Santa Cruz do Bispo às ordens de Hernâni Gonçalves, preparador físico de José Maria Pedroto, enquanto que os jogadores do FC Porto, os apelidados de “alinhados”, prosseguiam a sua preparação em Leiria.

Mais tarde, o período conturbado vivido nas Antas amainou e os jogadores acabaram por regressar ao seio do clube. Na primeira época de Stessl no FC Porto, em 1980/81, Simões manteve a condição de titular indiscutível, ainda ao lado de Freitas.
O FC Porto foi o 2º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1980/81 e 3º colocado na época seguinte. Contudo, nesta temporada de 1981/82, Simões perdeu o estatuto de titular, passando, na maioria da época, a dupla de centrais portistas a ser formada por Adelino Teixeira e Freitas.

Na fase inicial da época de 1981/82, ainda Simões era peça fundamental na equipa portista, o FC Porto venceu a Supertaça Cândido de Oliveira. Derrotado na 1ª mão no Estádio da Luz por 2-0, com dois golos da autoria de Nené, um sensacional FC Porto venceu por 4-1 o SL Benfica, no Estádio das Antas, num jogo onde o grande herói foi o avançado portista Jacques, autor de 3 golos.
A temporada de 1982/83 fica marcada pelo regresso às Antas da dupla José Maria Pedroto e Pinto da Costa, altura em que certamente começaram a lançar-se os alicerces do FC Porto que na década de 80 iria conquistar os títulos de Campeão Europeu e do Mundo.

Esta época de 1982/83 fica também marcada como a ultima temporada de Simões ao serviço do FC Porto. Ultrapassada a barreira dos 30 anos de idade, Simões passou a ser preterido em relação a novos valores que iriam afirmar-se no FC Porto como Eurico e Lima Pereira.
Pouco utilizado no FC Porto nas últimas duas épocas, Simões entendia, todavia, que a sua carreira não estava terminada, estando bem ciente das suas capacidades e utilidade ao futebol português. Depois de mais uma época na condição de suplente, pouco utilizado no FC Porto de 1981/82, vice campeão nacional, Simões decidiu dar um novo rumo à sua carreira, ingressando no sensacional Portimonense SC, do treinador Manuel José, na época de 1983/84.
 

antas

Bancada central
3 Agosto 2006
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Fui eu quem o contratou para o Porto.
Nessa altura esteve também para vir o Costa, que só chegaria às Antas com PdC director do Departamento de Futebol.
E,quanto a Américo de Sá ter \"deixado Pinto da Costa de fora das listas\", ainda hoje é uma história mal contada: foi Pdc quem disse a Américo de Sá que não queria continuar. O Presidente - o grande Presidente Américo Maria Coelho Gomes de Sá, a quem um dia se fará Justiça - convidou então Teles Roxo - o saudoso Teles Roxo! - para o lugar deixado vago. Quando PdC voltou com a palavra atrás, já era tarde... É daqui que nasce o chamado \"Verão quente\". Tudo o resto são efabulações para \"enganar Mapuatas\" para usar a expressão de um conhecido filósofo nado e criado na Rua de Cedofeita.
 
T

Timofte 2-3

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Simões X Freitas

L. Pereira X Eurico

Duplas de centrais para a História do futebol português. Aliás a última foi titular no Euro-84
 

antas

Bancada central
3 Agosto 2006
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Caro Adriano Cabral:
Por favor, não me trate por Senhor... não me lembre a idade!
Se a memória me não atraiçoa você tem razão .O Simões, nessa altura, portou-se como um Senhor - aqui sim, caro Adriano...-e ficou a trabalhar sob as ordens de Hermann Stessel. Mas, certeza cem por cento, não tenho: nessa altura vivia em Bruxelas e acompanhava o que acontecia pelos jornais que chegavam com atrasos... e com telefonemas quase diários do Dr. Américo de Sá, pois fora incumbido, em face do que se estava a passar, de desencantar um treinador. Mas isso são contas de outro rosário.
 
H

hast

Guest
Caro Adriano
Rezam os factos que, para espanto e angústia do Dr. Américo Sá, 14 jogadores recusaram-se a trabalhar com Stessl. No dia da apresentação, em vez de irem para as Antas, rumaram para Santa Cruz do Bispo, treinando-se em autogestão. Compraram uma balança para avaliação de pesos, foram inspeccionados, sujeitaram-se a regime alimentar específico e emitiram mais um comunicado de solidariedade para com Pinto da Costa, que consideraram servir o clube «com honra, devoção, coerência, honestidade de processos e grandeza de carácter».
Considerando, ainda, que a substituição de Pinto da Costa fora para eles uma surpresa em jeito de... «facada nas costas», perguntaram a Américo de Sá o que era a democracia. E adiantaram: «Esta mudança reflecte a rendição de alguns directores ao poder que está concentrado em Lisboa.. Assinaram o comunicado: Teixeira, Oliveira, Lima Pereira, Frasco, Simões, Gomes, Freitas, Jaime, Quinito, Octávio, Romeu, Albertino, Costa, Sousa e Tibi.

Pouco depois, Simões RECONSIDERARIA e apresentar-se-ia nas Antas às ordens de Stessl.

Ou seja, arrependeu-se, voltou com a palavra atrás. Atenção que eu não estou, nem quero, fazer juízos de valor, mas foi o que aconteceu.
 

antas

Bancada central
3 Agosto 2006
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Caro Adriano,
É evidente que o Mapuata não é filósofo!
Leia-me com atenção e veja se percebe quem é o tal filósofo de Cedofeita.
Quanto à versão dos factos que relata,isso é tudo posterior ao ao episódio que contei acima. Quem informou PdC do facto de já haver novo director para o Futebol foi o António Arnaldo Ribeiro de Magalhães, na altura Vice-presidente do Clube a residir em Lisboa - disse-lhe o próprio Américo, para que ele o fosse \"pôr no bico\" do Jorge Nuno. Os factos que relata, especialmente os episódios da Final da Taça de Portugal, onde a canalha lisboeta de benfas e sporco se juntaram contra nós com bandeiras, paus e pedras, foi um pretexto \"cavalgado\" pelo PdC para \"dar o dito por não dito\"- julgava que haveria uma vaga de fundo...e não houve. E o Américo - e muito bem! - não voltou com a palavra atrás. Lembro-lhe um facto recente: o Fernando Gomes também disse que não queria ficar...e foi-se. Só fica quem quer e está empenhado na causa. Dizia o Churchill que a História se não repete - só gagueja! E os tempos dirão se estes dois episódios não têm mais similitudes do que à primeira vista parece.
Quanto aos nome de jogadores contratados que há bocado mencionou, são da responsabilidade de três dirigentes do Futebol - Jorge Vieira, Pinto da Costa e deste seu criado. Mas têm um ponto em comum - são todos sob a presidência de Américo de Sá. Mais uma achega para melhor avaliar o que foram as gerências desse saudoso portista, grande Presidente e querido Amigo!
 

Ferjo

Tribuna
18 Julho 2006
4,890
31
Perth Australia
Eu tambem fui nado e criado em Cedofeita, mas nao sou eu o filosofo mas sei quem disse \"enganar Mapuatas\". ;-)

Quanto a Americo de S\'a, por respeito ao forista antas, nao vou colocar aqui a minha opiniao.

Era acima de tudo um politico e penso que fica tudo dito.