Ponto prévio: concordo obviamente que o Porto deve ter claques fortes e apoiadas pelo clube. Reitero também que é essencial ter indivíduos dúbios integrados nessas claques, porque, caso contrário, somos comidos pelas claques rivais…
Dito isto, uma coisa que tenho pensado constantemente: que garantias deram os Super Dragões à Nação Portista de que removeram as influências negativas (e criminosas) e mudaram o seu comportamento?
Os adeptos exigem essas garantias. Para o comum portista, os SD são uma associação criminosa, dedicada em primeiro lugar à vida do crime e só em segundo plano ao FCP. Não discuto se essa percepção é válida hoje em dia, mas é inequivocamente a percepção geral.
Portanto, cabe aos SD, até para o seu próprio bem, provar que mudaram. Até agora, não tivemos quaisquer provas dessa mudança. E isto faz levantar vários pontos.
Em primeiro lugar, não sei se será necessariamente positivo continuar com a marca SD. É pesada, tem cadastro e estará eternamente marcada pelos atos criminosos que a sua liderança dos últimos 20 e tal anos provocou. Não seria desejável uma alteração do nome? Os próprios SD nasceram de uma cisão. As claques nascem e morrem, nada é perene.
Outra coisa que leio constantemente: a claque não se confunde com o Fernando Madureira e outros elementos criminosos.
A afirmação não está errada. Porém, a Alemanha também não se confundia com Adolf Hitler, e nem por isso deixou de ser necessária uma desnazificação (não querendo comparar o ditador monstruoso com o criminoso detido, como é óbvio).
E a verdade é que os SD não tiveram qualquer “desmacaquização”. Não só outros criminosos associados ao ex-líder lideraram a claque até há bem pouco tempo, mas também muitos continuam integrados.
Aliás, o fenómeno contrário ainda prevalece, como demonstram as bandeiras em honra do ex-líder criminoso e os inúmeros gritos em sua defesa. Ou seja, nem podemos falar em desmacaquização quando vigora neste momento uma espécie de macaquização envergonhada.
Certo também é que os membros do SD, acreditando eu não serem na sua maioria criminosos (coloco as minhas mãos no fogo), sabiam perfeitamente dos atos criminosos da liderança, fechando os olhos. Não julgo que o tenham feito - o clima de medo que se vivia levava a que, quem se insurgisse perante o delinquente Madureira e a sua cúpula, fosse no mínimo ostracizado, para não mencionar consequências piores.
Contudo, não podem é negar essa realidade, como já vi, inclusive neste fórum. Sendo a claque algo exterior e superior a Fernando Madureira, a verdade é que este senhor monopolizou completamente a claque, tornando-a numa associação direcionada essencialmente para a prática dos atos criminosos que se sabem e não se sabem. Os membros “normais”, tendo como objetivo primeiro o apoio ao FCP, sabiam disto e nada diziam por medo. É um facto; assumam-no, não há problema e a maioria das pessoas agiria da mesma maneira. Negar isto equivale a serem cúmplices.
Por último, uma coisa tão simples que não foi feita: onde está o pedido de desculpa dos Super Dragões à Nação Portista? Não mereciam os adeptos, o próprio clube e a atual direcção pelos atos lastimáveis e criminosos?
Se nem um pedido de desculpas é feito, como poderão os portistas confiar na sua claque mais vigorosa? Aliás, nem um pedido de desculpas nem um mero reconhecimento de que esses atos realmente existiram. Atos lesivos do clube, atos criminosos de um modo geral e, não raras vezes, direcionados a pessoas da mesma cor (assaltos, quantas vezes?).
No entanto, pelo que vou vendo, até por parte de alguns SD deste fórum, é uma tentativa de se imiscuirem das responsabilidades, sempre com base na distinção Madureira x SD.
Daí possuir imensas reservas sobre este protocolo, que, devo dizer, é extremamente necessário para o bem do clube. Mas exigiam-se garantias prévias e reconhecimentos fundamentais. Até ao momento, não existiram. Duvido que algum dia existam.