Seja já na quinta-feira, frente ao Nice, no domingo seguinte contra o Estoril, ou ainda na Taça da Liga diante do V. Guimarães, Rodrigo Mora prepara-se para inscrever o seu nome na centenária história do FC Porto. O jovem prodígio que fascina o público do Dragão com as suas fintas e, acima de tudo, com golos de assinatura – como o recentemente apontado ao Sintrense – está a uma partida de se tornar o jogador mais jovem do clube a atingir as 50 presenças, batendo o registo de Rúben Neves, actualmente no Al Hilal e apontado como possível regresso ao FC Porto na próxima época. Mora terá 18 anos, seis meses e 22 dias quando a equipa receber o antigo clube de Francesco Farioli na Liga Europa, ficando dois meses mais novo do que Rúben Neves quando este alcançou a meia centena de encontros de azul e branco. Serafim e Fernando Gomes, ambos avançados, completam o pódio dos mais jovens.
Curiosamente, este marco só será possível porque, no verão, Mora não acabou por se tornar concorrente directo de Rúben Neves. O Al Ittihad chegou a apresentar uma oferta de 50 milhões de euros, mas Villas-Boas exigia 70 M€ e os árabes acabaram por abandonar as negociações. Falamos de um atleta que naquele momento tinha recém-completado a maioridade. Há um ano, por esta altura, Mora somava apenas sete partidas na equipa principal do FC Porto – 125 minutos em campo – e um golo ao Aves. A afirmação começaria pouco depois, em dezembro de 2024, ainda sob o comando de Vítor Bruno. Contudo, foi com Martín Anselmi que assumiu maior protagonismo numa equipa que se mostrava pela altura aquém das exigências. Mora destacava-se e assinava golos de elevado nível, o que elevou o seu estatuto. Depois, Francesco Farioli procurou moderar as expectativas, privilegiando um crescimento ponderado e sem acelerar etapas do criativo. O jovem voltaria a ser opção frequente no banco, mas continua a ser uma escolha regular do treinador italiano: 14 jogos, cinco dos quais como titular, e várias exibições de alto nível.
No último sábado entrou a trinta minutos do fim e voltou a incendiar o Dragão com um remate em arco no ângulo superior mais distante, como já se tornou habitual, quase como se ignorasse golos fáceis. “Tenho trabalhado os dois pés, no final dos treinos ensaio finalização com os dois pés e neste jogo deu resultado”, disse Mora, explicando que esses instantes de magia não se devem apenas ao talento com que nasceu.

