Geral

Rui Pinto: «Portugal quer silenciar-me. Têm medo»

Rui Pinto quebrou, esta sexta-feira, o silêncio após o pedido de que foi alvo por parte da Justiça portuguesa, numa extensa entrevista concedida ao jornal francês Mediapart.

O cidadão luso, que se encontra a viver em Budapeste, na Hungria, recusa por completo o rótulo de “hacker”, apresenta-se como “whistleblower”, assegura que “os documentos são autênticos” e garante que não teve como objetivo atingir “um clube específico, uma federação específica ou um país específico”.

“Não posso revelar o que tenho no meu computador, claro, mas o que posso dizer é que as autoridades europeias deviam espreitar. Não as portuguesas, porque não querem investigar os crimes. Só querem usar o que descobri para me acusarem. É essa a diferença”, afirmou.

“No final de dezembro, houve uma fuga de uma das maiores firmas de advogados de Portugal. Chama-se PLMJ. A polícia pensa que estou envolvido nisto. O que era uma simples ordem de investigação europeia, tornou-se num mandato europeu de detenção contra mim. Foi chocante. De repente, só por causa de uma fuga de dados que eles pensam que foi minha, sem terem provas, criaram toda esta trapalhada internacional”, lamentou.

“Estava a colaborar com as autoridades francesas, estava a começar uma colaboração com as autoridades suíças. Provavelmente, ia começar outra colaboração europeia para uma investigação mais profunda, e Portugal sabotou tudo. Sabotaram porque têm medo que saiba demasiado, e que partilhe estes dados que pensam que tenho com jornalistas ou com outros países. Penso que Portugal só quer silenciar-me e o que tenho no portátil. Têm medo”, acrescentou.

Rui Pinto confirmou, ainda, que entrou em contacto com a Doyen Sports, mas assegura que os relatos que apontam para uma “tentativa de extorsão” são uma “treta”: “Fui ingénuo. Fiz algo de estúpido. Quis brincar com eles. Contactei o Nélio Lucas e, basicamente, disse que tinha alguns documentos sobre a Doyen. Queria ver a reação deles, queria saber quão valiosos eram estes documentos para eles. Queria saber quão longe estavam dispostos a ir”.

A terminar, o cidadão português apresentou-se como “fã de Cristiano Ronaldo”, que considera “o mais completo jogador de futebol de sempre” e como adepto do “FC Porto”, mas sublinha: “Isso nunca me impediu de partilhar dados relevantes. Não tenho qualquer agenda escondida. Isto mostra o quão transparente sou”.