Não tenho que defender o Cunhal e tão pouco sou um "seguidor" mas essas palavras tanto podem ser lidas com espanto como com a maior das normalidades.Recomendo-te a ler a icónica entrevista do Cunhal (que o PCP muito fez por apagar à-lá-fotografia do Stalin) feita pela Oriana Fallaci - que voltou à baila há pouco tempo atrás - a quando da morte da entrevistadora- onde o Cunhal diz:
“Estou a dizer que as eleições não têm nada, ou muito pouco, a ver com a dinâmica revolucionária (...) Se pensa que a Assembleia Constituinte vai transformar-se num Parlamento comete um erro ridículo. Não! A Constituinte não será, de certeza, um órgão legislativo. Isso prometo eu. Será uma Assembleia Constituinte, e já basta (...). Asseguro-lhe que em Portugal não haverá Parlamento (...)”
Artigo do Expresso sobre o assunto:
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"Não é de mim que têm medo, é da verdade"
Ao serviço do semanário "Europeo" foi repórter de guerra. Entrevistou figuras maiores da política mundial. A jornalista e escritora Oriana Fallaci morreu a noite passada. Aos 77 anos.expresso.pt
Penso que depois disto, não é abusivo concluir qual era a vontade do PCP para a democracia em Portugal.
O que ele diz é que a Assembleia Constituinte está lá para fazer aquilo que compete, elaborar uma constituição e não para extravasar as suas competências e se tornar uma assembleia legislativa. Estava necessariamente errado?
Depois fala que em Portugal não haverá um Parlamento, mas ele fala de um parlamento à imagem europeia. É a opinião dele, não me parece nada de escandaloso tendo em conta as suas convicções e o período em que vivia. Segundo consta, havia aliás um acordo entre todos os partidos para criar um sistema de duas câmaras. Ou seja, não é não haver um parlamento no sentido de assembleia ou câmara, é não haver um "sistema parlamentar tipico europeu". São coisas diferentes.