Acho que isto tem um certo quê de cómico. Há pouco referia-se o trabalho de Joacine (que se absteve, refira-se, mostrando maior responsabilidade que muitos outros agentes) e criticava-se a pertinência da sua acção. Houvesse o mesmíssimo nível de exigência e escrutínio em relação aos restantes parlamentares e a política portuguesa seria outra. Eis o cenário: vários grupos parlamentares e partidos com dezenas, centenas de deputados e assessores, especialistas nas mais diversas áreas, dispondo de recursos abundantes, de anos e anos de experiência acumulada... incapazes de apresentar um rumo claro de governação aos portugueses, quer de um lado quer do outro. Dezenas e dezenas de deputados cujos nomes e trabalho ninguém conhece, cujas iniciativas legislativas se ignoram, não se sabendo sequer em que áreas políticas se destacam (se é que se destacam em alguma)... pessoas cujo rosto é o do partido, sendo irrelevante o nome, se se trata deste ou daquele, desde que o cartão partidário seja o mesmo... Tomara a eles serem associados a uma causa, a uma proposta concreta, a qualquer coisa reconhecida pela população. Que deveriam representar, pois para isso foram eleitos e não para dissolverem totalmente os seus capitais políticos, cedidos pelas populações locais, nas determinações dos partidos. Houvesse a mesma exigência e seguramente teríamos partidos estruturantes da nossa vida política com outra qualidade, capazes de outras soluções, de definir caminhos estáveis e coerentes para o país.