Senão estou em erro, pessoas como vocês sempre foram considerados de direita pouco recomendável pelo pessoal da extrema-esquerda (e isso inclui algum PS).
A novidade é serem vistos como esquerdalhos, pelas pessoas mais à direita.
Mas também é consequência de haver assuntos transversais (exemplo: muita gente de direita que não suporta o Trump ou que é pró-palestina e muita gente de esquerda que não suporta a Kamala) e pelo facto da direita mas tradicional, por assim dizer, se ter tornado mais radical do que era há uns anos. Quem está onde sempre esteve, leva por tabela.
Durante estes anos todos, em Portugal, sempre tentei puxar valores mais à direita (o que não significa, contudo, valores de direita propriamente ditos, v.g. CDS ou até do PSD no tempo do Passos) por entender que o país, politica e culturalmente, estava demasiado à esquerda.
Hodiernamente e doravante, com esta passagem política e cultural para a direita - fenómeno que já chegou há uns anos em certos países ocidentes, porém só agora dá notícias no Tugão -, sinto a necessidade de enfatizar aspetos conexionados com a esquerda.
Tal não significa, contudo, que a minha posição política, ou melhor dizendo, ideologia política, tenha mexido muito. Certas perspectivas aqui e ali, mas desde a minha adolescência sempre tive bem assentes os meus alicerces ideológicos.
Ora, isso produz inconvenientes. Se mesmo noutras alturas possuía alguma dificuldade em encaixar numa visão (por exemplo: na governação do Passos, entre 2011 e 2015, não podia ver o PS à minha frente, embora gostasse do Seguro, mas também não concordava com a comunicação ou com várias ações do governo em funções), hoje em dia, com esta polarização que, a meu ver, além dos imbróglios e perigos claros que traz, promove um diálogo supérfluo e em nada contribui para o arcaboiço intelectual dos indivíduos, mais desajustado me sinto.
No entanto, não quer dizer que eu seja um iluminado, um resistente. Quer tão só evidenciar que algo está a mudar, e que essa mudança não é compatível comigo. Pese embora continue a acompanhar os factos políticos do momento, tenho a tendência de me alienar dos debates e da participação política ativa, ainda para mais quando vejo tasqueiros e criminosos a tomarem cargos e mandatos de liderança, cuja responsabilidade é imensurável.
Assim, recorro amiúde ao escárnio, de modo a não prejudicar o meu próprio bem-estar.