José Rodrigues dos Santos enxovalhou a sua própria profissão com a entrevista que fez a Paulo Raimundo. Reduziu uma entrevista de lançamento para as legislativas a um finca-pé acerca de um tema internacional. Nada se esclareceu acerca do que quer que fosse, somente se pisou e repisou a posição do PCP quanto à invasão da Ucrânia. Que já era conhecida. A entrevista que conduziu não produziu nada de relevante, não gerou informação nova, não tratou os temas mais importantes para os eleitores... zero. Aliás, a prova do seu mau trabalho é que, sobre a entrevista, apenas se fala da forma que ela tomou. Não teve valor jornalístico, mas sim mediático, com inusitado protagonismo para o jornalista. Espera-se que o jornalista coloque questões difíceis aos entrevistados, sim, mas não que reduza e esgote todo o seu trabalho a uma obstinada oposição. Foi o que aconteceu.
Paulo Raimundo demonstrou, uma vez mais, vincada inabilidade política. Deixou-se encurralar pelo entrevistador quando devia ter recusado a perpetuação do tema. No limite, não conseguindo melhor, devia ter abandonado a entrevista. Culpa do PCP, que o elegeu para a liderança. Estranha-se até que não tenha discutido previamente a natureza e temas da entrevista. Ou discutiu-os e, ainda assim, enredou-se na situação. Espera-se um outro tipo de capacidade de comunicação de um líder partidário. Completo erro de casting.
Foi um espectáculo degradante, que a espaços mais se assemelhou a um debate entre adversários políticos do que a uma entrevista. Nenhum dos dois intervenientes deve orgulhar-se do que fez.