@Ginjeet
A Dinamarca reorientou o debate sobre a migração, adotando regras muito restritivas apresentadas sob o prisma de uma política progressista, e agora quer que a Europa faça o mesmo. #EuropeNews
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A economia dinamarquesa tem várias variáveis em que Portugal é coitadinho, desde a dívida pública, balança comercial positiva, robustez dos serviços sociais, que promovem mais formação, melhores salários em qualquer setor e leis laborais funcionais e que promovem o bem-estar. A Dinamarca há muito que importa trabalhadores com qualificações específicas e tem essa facilidade devido aos salários que pagam.
Mas vou aproveitar para quebrar alguns mitos:
1. a população imigrante na Dinamarca é de 16% da população do país. Que é semelhante a Portugal.
2. 10% da população dinamarquesa não é europeia. Em Portugal é ligeiramente maior (13%) por causa dos PALOPs e Brasil, por razões óbvias. Se retirares esses países, o valor baixava para 7%. Pela retórica de alguns partidos, este valor anda nos 100% ou perto disso, mas esses são só mentirosos e há quem seja suficientemente ingénuo (ou cúmplice, fico na dúvida) para acreditar.
3. Portugal importa mão de obra qualificada, mas não a aproveita. Tiveste um estudo recente que mostra que a sobrequalificação imigrante em Portugal anda nos 40%.
Há muito tempo que digo que para mim o grande problema de Portugal são as remunerações baixas e que essa deveria ser a prioridade política há décadas. Isso não devia ser bandeira de algum espetro político. Aliás, conto-te uma história engraçada sobre isso. Em 2016, quando regressei a Portugal, fui convidado a participar numa conferência da CML sobre empreendedorismo. Numa discussão sobre fiscalidade, propus benefícios fiscais a nível de IRC para empresas que pagassem remunerações acima da média, com patamares definidos pelo Governo.
No final da conferência, o Medina falou comigo sobre a proposta, porque estímulos para empresas através de IRC era uma medida de direita e ele não tinha gostado que eu tivesse sugerido aquilo. Eu disse-lhe "Fernando, convidaste-me para um evento da Câmara. Se fosse para um congresso do PS, eu teria recusado." Essa medida foi implementada em Portugal em 2022, era o Medina o Ministro das Finanças.
A política também muda. E não é, como alguns querem fazer crer, através de instabilidade, populismo ou gritaria.