Sinceramente, uma vez que não raras vezes aponto o mesmo que o PSD aponta, compreendo que possa parecer uma defesa ao Montenegro, quando de facto não o é. Trata-se de uma crítica aos padrões duplos adotados, nomeadamente pela comunicação social. Padrões duplos que já apontava ainda antes de Montenegro ser relevante politicamente.@bluemonday ,
bom, mas se o colega concorda que o papel e a actuação de Montenegro são censuráveis e que seria preferível um outro candidato... para quê a defesa? Concordo, apenas não procuro atenuantes.
Luís Montenegro foi provavelmente o pior líder da oposição de que tenho memória. Fraco, fraquinho. Em 2023, face a um eventual confronto entre PNS e LM, apostava na vitória daquele. Só a partir de janeiro de 2024 comecei a ver um lado diferente do atual PM, levando-me a crer que seria possível uma vitória à rasca - aliando-se a esse fator o facto de PNS ser péssimo.
Surpreendeu-me como PM, porquanto as minhas expectativas eram muito baixas. Reconheço-lhe um mínimo de competência, mas creio que existam outras pessoas no PSD igualmente ou até mais competentes com mais ética.
No entanto, sou realista e entre os dois candidatos a PM - PNS e LM -, não havendo qualquer ética, prefiro aquele que cumpra o nível mínimo de competência. Além disso, não me revejo mesmo nada na ala dominante do PS; são piores do que os atuais membros do governo. O elenco governativo hodierno é francamente positivo, excetuando certos casos (ministra da saúde, ministra da administração interna...).
Num cenário ideal, LM seria escorraçado da política. No entanto, houve casos piores - todos os PM deste século, menos Santana Lopes surpreendentemente, possuem piores problemas éticos que Montenegro - que não sofreram as devidas consequências. A política é assim desde os tempos da monarquia - não mudará abruptamente.
Tenho três escolhas nestas eleições: AD, IL e voto em branco. Todas elas provavelmente conduzirão ao mesmo resultado.
Tudo isto para dizer que não defendo Montenegro.
O sistema já está degradado. Sempre foi esse o padrão. Culpa da comunicação social e dos intervenientes políticos - a drástica mudança de critério não corresponde a um "acordar para vida", e sim a uma necessidade - ideológica ou financeira (grupo Impresa) - de promover um certo candidato de um determinado partido.Podemos afirmar, estupidamente, creio, que a ética republicana é a lei. Se acreditamos nisso, temos de estar preparados para as previsíveis consequências. Entre elas, a degradação de todo o sistema
Concordo, num cenário ideal seria assim. Contudo, não vivemos numa utopia. Nunca a população, os intervenientes políticos e a comunicação social quiseram saber da ética de um candidato. É uma absoluta novidade.Uma vez mais, opinião pessoal, a figura de Montenegro não é digna do desempenho de funções tão elevadas.
As últimas novidades (clientes da Spinumviva) não foram reveladas por Montenegro por uma questão estritamente eleitoral. A ideia assentava no desejo de que essas novas revelações não afetassem a campanha. Não é propriamente um temor relativamente a estas informações (neste caso, não assim noutros).Sublinho, com essa demora e renitência, o padrão de comportamento de Montenegro: ocultar, tergiversar, protelar. Divulgar em último recurso e à última da hora, mas não de livre vontade nem por iniciativa própria. Falamos de informação que devia, há muito, ser pública e que o primeiro-ministro, perante a falta, foi "convidado a apresentar"
Absurdo é defender uma possível ilegalidade de um deputado e braço-direito do atual secretário-geral do PS, que divulgou essa informação sob sigilo para os media de forma a prejudicar o opositor direto e a beneficiar o líder do seu partido no debate. Não só é uma possível ilegalidade de Pedro Delgado Alves, mas inequivocamente um grave problema ético.Parece-me absurdo, algo kafkiano até, pretender transformar um problema de retenção de informação que devia ser pública, mas que se mantinha secreta por responsabilidade do primeiro-ministro, numa questão de divulgação indevida.
Existe um sigilo de 30 dias, até porque o PM podia alterar a declaração se assim entendesse nesse prazo. O caríssimo parece não relevar esse grande problema ético, o que me leva a questionar se a sua preocupação se prende com esse âmbito ou com uma questão mais política.
O facto de o conteúdo da declaração poder ser gravoso - o que não parece ser, leia o artigo que enviou para aqui - não influi na idêntica severidade do ato de Pedro Delgado Alves.
A elevada preocupação do caríssimo com a ética dos intervenientes políticos parece mudar conforme as cores políticas. É uma mera percepção.Agora vem chorar o quê? A divulgação de informação que tinha obrigatoriamente de declarar... no início da legislatura, não agora... e que não o fez? Esta indignação do partido não passa de mais um truque muito poucochinho.
Uma vez que a empresa já não é de LM, não poderá existir um conflito de interesses - que é uma questão legal, realço. No domínio da ética será decerto diferente.Não sabemos se haverá ou não problema. Esse é, em si mesmo, o problema. Não sabemos se os motivos serão estritamente processuais, decorrentes do procedimento do concurso de concessão, ou se outros interesses pesarão também na decisão final
ITAU: em 2021, 22 milhões de euros. Com o ajuste da inflação, seriam 25 milhões hoje em dia. Em 2024, o contrato por concurso público (sim, concurso público, não ajuste direto) foi de 32 milhões. A discrepância não parece assim tanta. 1.181 contratos desde 2008.Contrato mais avultado da ITAU com o estado português: firmado sob chefia de Montenegro. Contrato mais avultado da INETUM com o estado: idem aspas.
INETUM: em 2022, 21 milhões. Ajuste para a inflação, 22.5 milhões. Em 2025, 27 milhões. A discrepância não parece gravosa. 1.439 contratos celebrados desde 2011
Quer pegar o prezado em coisas que não têm qualquer sentido. Fale dos casos de Espinho, são muitíssimo mais relevantes.
Mesmo que existisse um conflito de interesses declarado de Montenegro, tal não implicaria, conforme o regime legal vigente, a demissão do PM. A questão de responsabilidade política é distinta. Por mera curiosidade: o caríssimo era a favor da demissão de António Costa, no momento em que aconteceu?Convém, por isso, não ter um primeiro-ministro na posição de Montenegro, de potencial conflito de interesses
Ora, ora. Uma coisa será receber alegadas avenças da Solverde quando se é PM. Outra coisa bem distinta é ter negócios com certas empresas antes de ser PM, ter uma profissão.Não seria preferível que nenhuma dessas empresas partilhassem negócios prévios com o primeiro-ministro?
O que o meu caro está a dizer é que um PM não pode ter vida profissional antes de assumir o cargo. Quer políticos profissionais a liderar o executivo. Note-se que o argumento da vida profissional se aplica tão só na parte em que o meu estimado amigo invoca imbróglios em negócios prévios; em casos de avenças não há razão para chamar à colação esse argumento.
Já pairavam suspeitas criminais sobre Sócrates antes de ser PM (Freeport e não só). Não há comparação possível. O caso de Montenegro é, até ver, estritamente ético.mas a conduta ética não é irrelevante e pode ser um indício de algo pior. Como foi no caso de Sócrates.