Actualidade Nacional

bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
3,673
4,917
Conquistas
2
  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
@bluemonday ,
bom, mas se o colega concorda que o papel e a actuação de Montenegro são censuráveis e que seria preferível um outro candidato... para quê a defesa? Concordo, apenas não procuro atenuantes.
Sinceramente, uma vez que não raras vezes aponto o mesmo que o PSD aponta, compreendo que possa parecer uma defesa ao Montenegro, quando de facto não o é. Trata-se de uma crítica aos padrões duplos adotados, nomeadamente pela comunicação social. Padrões duplos que já apontava ainda antes de Montenegro ser relevante politicamente.

Luís Montenegro foi provavelmente o pior líder da oposição de que tenho memória. Fraco, fraquinho. Em 2023, face a um eventual confronto entre PNS e LM, apostava na vitória daquele. Só a partir de janeiro de 2024 comecei a ver um lado diferente do atual PM, levando-me a crer que seria possível uma vitória à rasca - aliando-se a esse fator o facto de PNS ser péssimo.

Surpreendeu-me como PM, porquanto as minhas expectativas eram muito baixas. Reconheço-lhe um mínimo de competência, mas creio que existam outras pessoas no PSD igualmente ou até mais competentes com mais ética.

No entanto, sou realista e entre os dois candidatos a PM - PNS e LM -, não havendo qualquer ética, prefiro aquele que cumpra o nível mínimo de competência. Além disso, não me revejo mesmo nada na ala dominante do PS; são piores do que os atuais membros do governo. O elenco governativo hodierno é francamente positivo, excetuando certos casos (ministra da saúde, ministra da administração interna...).

Num cenário ideal, LM seria escorraçado da política. No entanto, houve casos piores - todos os PM deste século, menos Santana Lopes surpreendentemente, possuem piores problemas éticos que Montenegro - que não sofreram as devidas consequências. A política é assim desde os tempos da monarquia - não mudará abruptamente.

Tenho três escolhas nestas eleições: AD, IL e voto em branco. Todas elas provavelmente conduzirão ao mesmo resultado.

Tudo isto para dizer que não defendo Montenegro.

Podemos afirmar, estupidamente, creio, que a ética republicana é a lei. Se acreditamos nisso, temos de estar preparados para as previsíveis consequências. Entre elas, a degradação de todo o sistema
O sistema já está degradado. Sempre foi esse o padrão. Culpa da comunicação social e dos intervenientes políticos - a drástica mudança de critério não corresponde a um "acordar para vida", e sim a uma necessidade - ideológica ou financeira (grupo Impresa) - de promover um certo candidato de um determinado partido.

Uma vez mais, opinião pessoal, a figura de Montenegro não é digna do desempenho de funções tão elevadas.
Concordo, num cenário ideal seria assim. Contudo, não vivemos numa utopia. Nunca a população, os intervenientes políticos e a comunicação social quiseram saber da ética de um candidato. É uma absoluta novidade.

Sublinho, com essa demora e renitência, o padrão de comportamento de Montenegro: ocultar, tergiversar, protelar. Divulgar em último recurso e à última da hora, mas não de livre vontade nem por iniciativa própria. Falamos de informação que devia, há muito, ser pública e que o primeiro-ministro, perante a falta, foi "convidado a apresentar"
As últimas novidades (clientes da Spinumviva) não foram reveladas por Montenegro por uma questão estritamente eleitoral. A ideia assentava no desejo de que essas novas revelações não afetassem a campanha. Não é propriamente um temor relativamente a estas informações (neste caso, não assim noutros).

Parece-me absurdo, algo kafkiano até, pretender transformar um problema de retenção de informação que devia ser pública, mas que se mantinha secreta por responsabilidade do primeiro-ministro, numa questão de divulgação indevida.
Absurdo é defender uma possível ilegalidade de um deputado e braço-direito do atual secretário-geral do PS, que divulgou essa informação sob sigilo para os media de forma a prejudicar o opositor direto e a beneficiar o líder do seu partido no debate. Não só é uma possível ilegalidade de Pedro Delgado Alves, mas inequivocamente um grave problema ético.

Existe um sigilo de 30 dias, até porque o PM podia alterar a declaração se assim entendesse nesse prazo. O caríssimo parece não relevar esse grande problema ético, o que me leva a questionar se a sua preocupação se prende com esse âmbito ou com uma questão mais política.

O facto de o conteúdo da declaração poder ser gravoso - o que não parece ser, leia o artigo que enviou para aqui - não influi na idêntica severidade do ato de Pedro Delgado Alves.

Agora vem chorar o quê? A divulgação de informação que tinha obrigatoriamente de declarar... no início da legislatura, não agora... e que não o fez? Esta indignação do partido não passa de mais um truque muito poucochinho.
A elevada preocupação do caríssimo com a ética dos intervenientes políticos parece mudar conforme as cores políticas. É uma mera percepção.

Não sabemos se haverá ou não problema. Esse é, em si mesmo, o problema. Não sabemos se os motivos serão estritamente processuais, decorrentes do procedimento do concurso de concessão, ou se outros interesses pesarão também na decisão final
Uma vez que a empresa já não é de LM, não poderá existir um conflito de interesses - que é uma questão legal, realço. No domínio da ética será decerto diferente.

Contrato mais avultado da ITAU com o estado português: firmado sob chefia de Montenegro. Contrato mais avultado da INETUM com o estado: idem aspas.
ITAU: em 2021, 22 milhões de euros. Com o ajuste da inflação, seriam 25 milhões hoje em dia. Em 2024, o contrato por concurso público (sim, concurso público, não ajuste direto) foi de 32 milhões. A discrepância não parece assim tanta. 1.181 contratos desde 2008.

INETUM: em 2022, 21 milhões. Ajuste para a inflação, 22.5 milhões. Em 2025, 27 milhões. A discrepância não parece gravosa. 1.439 contratos celebrados desde 2011

Quer pegar o prezado em coisas que não têm qualquer sentido. Fale dos casos de Espinho, são muitíssimo mais relevantes.

Convém, por isso, não ter um primeiro-ministro na posição de Montenegro, de potencial conflito de interesses
Mesmo que existisse um conflito de interesses declarado de Montenegro, tal não implicaria, conforme o regime legal vigente, a demissão do PM. A questão de responsabilidade política é distinta. Por mera curiosidade: o caríssimo era a favor da demissão de António Costa, no momento em que aconteceu?


Não seria preferível que nenhuma dessas empresas partilhassem negócios prévios com o primeiro-ministro?
Ora, ora. Uma coisa será receber alegadas avenças da Solverde quando se é PM. Outra coisa bem distinta é ter negócios com certas empresas antes de ser PM, ter uma profissão.

O que o meu caro está a dizer é que um PM não pode ter vida profissional antes de assumir o cargo. Quer políticos profissionais a liderar o executivo. Note-se que o argumento da vida profissional se aplica tão só na parte em que o meu estimado amigo invoca imbróglios em negócios prévios; em casos de avenças não há razão para chamar à colação esse argumento.

mas a conduta ética não é irrelevante e pode ser um indício de algo pior. Como foi no caso de Sócrates.
Já pairavam suspeitas criminais sobre Sócrates antes de ser PM (Freeport e não só). Não há comparação possível. O caso de Montenegro é, até ver, estritamente ético.
 

bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
3,673
4,917
Conquistas
2
  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
ó, então é só ver o grande caso que se fez do WhatsApp do PNS (até hoje) e é um caso em que não há ilegalidades nem suspeitas possíveis disso...

isso do Cabrita que referes também foi caso, só faltava pedirem que fosse preso por homicídio...
aproveitamento até algo nojento.

são 'casos' que até tiram importância aos casos a serio.
são as novelas que a CS gosta e precisa.

em relação ao Costa é normal, até hoje não se sabe do que é que foi acusado,
mesmo que provavelmente se demitisse à mesma pela questão do Escaria e do € - isso sim, caso a sério.
Mas a questão do Whatsapp do PNS não se prende com uma tremenda incompetência e com uma grande leviandade na gestão dos assuntos de Estado? Nunca vi qualquer ilegalidade associada.

Como é que a questão de Cabrita não é relevante? Tivemos uma morte e supostamente teria ordenado o motorista a conduzir a essa velocidade na AE.
 

bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
3,673
4,917
Conquistas
2
  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
Tracking poll da Pitagórica pode vir a ter problemas com a justiça..apolícia já está a investigar.

Bloco com 1,5 %, Livre e PC a nem chegarem aos 4 % (salvo erro), PS nem os 28 % atinge.

PSD com 34 %, Chega com 16 %, IL 6 %.

Acho que é isto, mais coisa menos coisa.

Conclusão: ou estamos perante o maior desvio de votos da extrema esquerda para o PSD, ou então há muito votante feito refém em casa.

P.S: a Pitagórica é das boas certas ? É das que é para se levar a sério, certo ?
A Pitagórica, sendo geralmente fiável, deve ser encarada com um pé atrás, dado que o seu líder é do PSD.
 
  • Wow
Reações: Tails

J | [Ka!s3r^].

Tribuna Presidencial
7 Abril 2012
8,534
10,444
Conquistas
1
  • Alfredo Quintana
@bluemonday ,

e mais se degrada com este espectáculo desolador. Imagine-se um sopro desfavorável da conjuntura internacional, longe de improvável. A pretensa competência de Montenegro varrer-se-á em menos de três tempos. Montenegro vai contribuindo, da maneira que encontrou, para o esboroamento da política nacional: arrastou o país para mais uma eleição por puro cálculo político. Não lhe posso dedicar uma ovação, por engenhosa que seja a manobra. Revela-se um bom político no sentido mais subterrâneo do termo, um sujeito habilidoso, o que também é útil. Quanto ao resto...

A comunicação social não mudou. Não se entrevê nada de distinto quanto à cobertura do caso Spinumviva, nem pior forma nem maior intensidade. Esperar-se-ia o quê ao certo? Que não se procurasse apurar o que Montenegro teimava em esconder? Matérias envolvendo um primeiro-ministro em funções, com claros problemas de transparência, são furos jornalísticos como poucos. Em qualquer circunstância. O próprio expôs-se ao exame mediático ao não optar desde logo pela transparência. Caso se decidisse por uma postura própria de um governante, e partilhasse o que acabou por ter de partilhar, como era óbvio que teria de fazer, poupar-se-ia em parte à imagem que se gerou. Não se pode ser simultânea e obstinadamente opaco e barafustar contra os esforços por clarificação. Ou revela-se ou esconde-se, e Montenegro recalcitrou e escondeu. Divulga sob pressão dos média, cujo trabalho se revela fundamental.

Não é verdade que a população, os média, os actores políticos... jamais tenham passado cavaco ao carácter e à ética dos políticos. As discussões sobre ética são recorrentes, cíclicas, contínuas, ... Ou julgar-se-á que há algo de único com Montenegro? Trata-se apenas de mais um político envolvido em coisas estranhas, esmiuçado pelos média, comentado pelos eleitores, criticado pelos adversários.... Porventura a sua posição seja uma originalidade: um governo cai em função dos problemas do primeiro-ministro e o mesmo transforma-se de imediato em candidato ao lugar. Incomum. Claro que o problema, que o próprio tratou com os pés, se transformaria num tema mediático de relevo. Crê mesmo no que está a escrever? Que os média nunca se interessaram por problemas de ética? Que os eleitores nunca disso quiseram saber?...

Lamento não poder condenar de forma veemente a tal divulgação quanto aos clientes de Montenegro. Talvez possa dispensar uma condenaçãozinha... mas não mais que isso. Montenegro não cumpriu as suas obrigações de transparência. Que são devidas a todos os titulares de cargos públicos ( Governo falha em publicar registo de interesses conforme obrigação legal ). Montenegro não prestou as informações devidas até aos dias de ontem. Caso tivesse feito, como lhe era há muito exigido, condição aliás necessária ao desempenho de um cargo público, não se colocaria qualquer problema. Não brinquemos com coisas sérias: o primeiro-ministro sabia perfeitamente que, dado o seu histórico, teria de ser especialmente rigoroso na declaração de interesses. Sabia que contactou com empresas sensíveis e que essa informação era deveras relevante. Optou por esconder e protelar para que a informação não fosse conhecida antes do dia das eleições. A divulgação da informação pelos jornalistas encontra-se legalmente protegida. Se Montenegro acha-se violentado, que recorra a quem de direito, não o censurarei por isso.

Talvez seja mera percepção do colega, talvez não seja. Há muito que teço considerações éticas neste espaço sobre os mais variados actores políticos. São muitos anos a virar frangos, como diz o outro. Como é notório, tão-pouco sou imparcial ou procuro sequer aparentar essa imagem. Quanto a Montenegro e ao PSD, o colega tem claramente uma posição apologética, não obstante os reparos que faz, enquanto eu tenho uma posição de censura. Faz parte e dá até um certo colorido à coisa.

O conflito de interesses mantém-se, pois várias empresas que no passado trataram com a Spinumviva podem ainda necessitar de decisões do governo. O caso da Solverde é o mais gritante. Quão fácil seria se bastasse passar a empresa aos filhos, como se com isso Montenegro apagasse as relações passadas com os clientes e as eventuais decisões futuras respeitantes aos mesmos. Os problemas mantêm-se e manter-se-ão enquanto Montenegro ocupar o cargo. A ponto de o próprio afirmar que não participará em decisões relacionadas com a Solverde, admitindo assim a sensibilidade da coisa. A solução de entregar a empresa aos filhos está longe de ser airosa, pois essa posse poderá constituir o motivo pelo qual determinado cliente recorre à Spinumviva e não a outro prestador de serviços.

... Montenegro não podia ter vida profissional? Poderá haver quem, pela sua vida profissional, esteja em posição delicada para o exercício de funções governativas? Seguramente. Faça-se uma outra pergunta: considerando a actividade empresarial de Montenegro, será que o próprio tomou todos os cuidados necessários para afastar de si interrogações legítimas e previsíveis? Actuou de forma a colocar-se à margem de suspeições, conflitos de interesse, embaraços... ? Se a sua actividade empresarial em nada empecilha a condução do país, por que motivo persistiu na falta de transparência? Como pode Montenegro esperar maior bondade quando recusou repetidas vezes ajudar-se a si próprio? O seu comportamento suscita incerteza.

Costa fez bem em demitir-se, a meu ver. Pouca margem de manobra lhe restava. Tal como Montenegro teria feito bem em afastar-se. No mínimo, em esforçar-se por maior honestidade. Nem uma coisa nem outra. Se por um lado não pretendia retirar-se, por outro, não desejava revelar os clientes nem queria participar numa comissão de inquérito... Com que cara pedia então confiança política aos demais partidos?

Como referi, não coloco a coisa no plano da legalidade. Teço um juízo ético em muito desfavorável acerca do primeiro-ministro e aponto questões sensíveis que ficarão por resolver, justamente por quedarem-se irremediavelmente em zonas cinzentas. A questão da ITAU e da INETUM ficará no limbo por mais que se argumente. A relação anterior com Montenegro teve alguma influência nos novos contratos com o Estado?... limitamo-nos a esperar que não. A futura decisão quanto à concessão dos casinos será de alguma forma condicionada pela relação de Montenegro e da Spinumviva com a Solverde? Repete-se a resposta, esperemos que não. Montenegro, consciente da situação em que se encontrava, agiu de forma a afastar de si quaisquer suspeitas?... Não, infelizmente não. Nenhuma vitória eleitoral exorcizará estes fantasmas. Parece-me natural que se torça o nariz.
 
Última edição:
  • Haha
Reações: Dragon Lonis

Manageiro de futból

Tribuna Presidencial
25 Julho 2007
11,987
16,416
O pessoal fala da comunicação social como se não houvesse um governo com maioria absoluta que caiu depois de meses de notícias diárias sobre casos polémicos, como se não tivessem andado a falar do caso das gémeas durante anos e consequentemente a destruir a popularidade do político mais popular do país, e como se não houvesse um partido de extrema direita que passou de 1 a 50 deputados em 3 ou 4 anos e cuja campanha é alicerçada unicamente em reagir às notícias mais polémicas do dia.

mas estou a curtir a discussão, como se houvesse puros no meio disto tudo e a esquerda, que se prepara para ter o pior resultado em eleições dos últimos 50 anos, controlasse esta merda toda.
 
  • Like
Reações: Tails

Miguel Alexandre

Tribuna Presidencial
10 Março 2016
24,858
28,261
Conquistas
2
  • Campeão Nacional 19/20
  • José Maria Pedroto
Eu não sei que tipo de promessas o PNS andou a fazer à comunicação social se formar governo. É que esta ânsia por sangue tão gigante.. É Expresso, Público, Correio da Manhã, Now, SICN, CNN.. A ver se daqui a uns largos dias não há suicídios naquelas redações
A imprensa sobreviveu à pandemia com subsídios de Costa. Conselho de ministros dele chegava a "sugerir" as linhas editoriais.

Mas não nos enganamos, farão o mesmo com Montenegro é só dar tempo.
O jornalismo tal como existe não é financeiramente sustentável e vive como aparatchik de quem pagar.

Há excepções. Poucas.

Um dos maiores actos de filantropia era alguém fundar um canal de jornalismo sério, autónomo, adulto.

Nunca foi tão importante termos capacidade de pensar pela nossa cabecinha.
Numa aldeia global o ruído come-te e apaga-te.

Atentos e a pensar pela nossa cabeça.
 
  • Like
Reações: Edgar Siska

Miguel Alexandre

Tribuna Presidencial
10 Março 2016
24,858
28,261
Conquistas
2
  • Campeão Nacional 19/20
  • José Maria Pedroto
Tracking poll da Pitagórica pode vir a ter problemas com a justiça..apolícia já está a investigar.

Bloco com 1,5 %, Livre e PC a nem chegarem aos 4 % (salvo erro), PS nem os 28 % atinge.

PSD com 34 %, Chega com 16 %, IL 6 %.

Acho que é isto, mais coisa menos coisa.

Conclusão: ou estamos perante o maior desvio de votos da extrema esquerda para o PSD, ou então há muito votante feito refém em casa.

P.S: a Pitagórica é das boas certas ? É das que é para se levar a sério, certo ?
Há boas? Alguém liga um peido a isso?
 

Miguel Alexandre

Tribuna Presidencial
10 Março 2016
24,858
28,261
Conquistas
2
  • Campeão Nacional 19/20
  • José Maria Pedroto
@bluemonday ,

e mais se degrada com este espectáculo desolador. Imagine-se um sopro desfavorável da conjuntura internacional, longe de improvável. A pretensa competência de Montenegro varrer-se-á em menos de três tempos. Montenegro vai contribuindo, da maneira que encontrou, para o esboroamento da política nacional: arrastou o país para mais uma eleição por puro cálculo político. Não lhe posso dedicar uma ovação, por engenhosa que seja a manobra. Revela-se um bom político no sentido mais subterrâneo do termo, um sujeito habilidoso, o que também é útil. Quanto ao resto...

A comunicação social não mudou. Não se entrevê nada de distinto quanto à cobertura do caso Spinumviva, nem pior forma nem maior intensidade. Esperar-se-ia o quê ao certo? Que não se procurasse apurar o que Montenegro teimava em esconder? Matérias envolvendo um primeiro-ministro em funções, com claros problemas de transparência, são furos jornalísticos como poucos. Em qualquer circunstância. O próprio expôs-se ao exame mediático ao não optar desde logo pela transparência. Caso se decidisse por uma postura própria de um governante, e partilhasse o que acabou por ter de partilhar, como era óbvio que teria de fazer, poupar-se-ia em parte à imagem que se gerou. Não se pode ser simultânea e obstinadamente opaco e barafustar contra os esforços por clarificação. Ou revela-se ou esconde-se, e Montenegro recalcitrou e escondeu. Divulga sob pressão dos média, cujo trabalho se revela fundamental.

Não é verdade que a população, os média, os actores políticos... jamais tenham passado cavaco ao carácter e à ética dos políticos. As discussões sobre ética são recorrentes, cíclicas, contínuas, ... Ou julgar-se-á que há algo de único com Montenegro? Trata-se apenas de mais um político envolvido em coisas estranhas, esmiuçado pelos média, comentado pelos eleitores, criticado pelos adversários.... Porventura a sua posição seja uma originalidade: um governo cai em função dos problemas do primeiro-ministro e o mesmo transforma-se de imediato em candidato ao lugar. Incomum. Claro que o problema, que o próprio tratou com os pés, se transformaria num tema mediático de relevo. Crê mesmo no que está a escrever? Que os média nunca se interessaram por problemas de ética? Que os eleitores nunca disso quiseram saber?...

Lamento não poder condenar de forma veemente a tal divulgação quanto aos clientes de Montenegro. Talvez possa dispensar uma condenaçãozinha... mas não mais que isso. Montenegro não cumpriu as suas obrigações de transparência. Que são devidas a todos os titulares de cargos públicos ( Governo falha em publicar registo de interesses conforme obrigação legal ). Montenegro não prestou as informações devidas até aos dias de ontem. Caso tivesse feito, como lhe era há muito exigido, condição aliás necessária ao desempenho de um cargo público, não se colocaria qualquer problema. Não brinquemos com coisas sérias: o primeiro-ministro sabia perfeitamente que, dado o seu histórico, teria de ser especialmente rigoroso na declaração de interesses. Sabia que contactou com empresas sensíveis e que essa informação era deveras relevante. Optou por esconder e protelar para que a informação não fosse conhecida antes do dia das eleições. A divulgação da informação pelos jornalistas encontra-se legalmente protegida. Se Montenegro acha-se violentado, que recorra a quem de direito, não o censurarei por isso.

Talvez seja mera percepção do colega, talvez não seja. Há muito que teço considerações éticas neste espaço sobre os mais variados actores políticos. São muitos anos a virar frangos, como diz o outro. Como é notório, tão-pouco sou imparcial ou procuro sequer aparentar essa imagem. Quanto a Montenegro e ao PSD, o colega tem claramente uma posição apologética, não obstante os reparos que faz, enquanto eu tenho uma posição de censura. Faz parte e dá até um certo colorido à coisa.

O conflito de interesses mantém-se, pois várias empresas que no passado trataram com a Spinumviva podem ainda necessitar de decisões do governo. O caso da Solverde é o mais gritante. Quão fácil seria se bastasse passar a empresa aos filhos, como se com isso Montenegro apagasse as relações passadas com os clientes e as eventuais decisões futuras respeitantes aos mesmos. Os problemas mantêm-se e manter-se-ão enquanto Montenegro ocupar o cargo. A ponto de o próprio afirmar que não participará em decisões relacionadas com a Solverde, admitindo assim a sensibilidade da coisa. A solução de entregar a empresa aos filhos está longe de ser airosa, pois essa posse poderá constituir o motivo pelo qual determinado cliente recorre à Spinumviva e não a outro prestador de serviços.

... Montenegro não podia ter vida profissional? Poderá haver quem, pela sua vida profissional, esteja em posição delicada para o exercício de funções governativas? Seguramente. Faça-se uma outra pergunta: considerando a actividade empresarial de Montenegro, será que o próprio tomou todos os cuidados necessários para afastar de si interrogações legítimas e previsíveis? Actuou de forma a colocar-se à margem de suspeições, conflitos de interesse, embaraços... ? Se a sua actividade empresarial em nada empecilha a condução do país, por que motivo persistiu na falta de transparência? Como pode Montenegro esperar maior bondade quando recusou repetidas vezes ajudar-se a si próprio? O seu comportamento suscita incerteza.

Costa fez bem em demitir-se, a meu ver. Pouca margem de manobra lhe restava. Tal como Montenegro teria feito bem em afastar-se. No mínimo, em esforçar-se por maior honestidade. Nem uma coisa nem outra. Se por um lado não pretendia retirar-se, por outro, não desejava revelar os clientes nem queria participar numa comissão de inquérito... Com que cara pedia então confiança política aos demais partidos?

Como referi, não coloco a coisa no plano da legalidade. Teço um juízo ético em muito desfavorável acerca do primeiro-ministro e aponto questões sensíveis que ficarão por resolver, justamente por quedarem-se irremediavelmente em zonas cinzentas. A questão da ITAU e da INETUM ficará no limbo por mais que se argumente. A relação anterior com Montenegro teve alguma influência nos novos contratos com o Estado?... limitamo-nos a esperar que não. A futura decisão quanto à concessão dos casinos será de alguma forma condicionada pela relação de Montenegro e da Spinumviva com a Solverde? Repete-se a resposta, esperemos que não. Montenegro, consciente da situação em que se encontrava, agiu de forma a afastar de si quaisquer suspeitas?... Não, infelizmente não. Nenhuma vitória eleitoral exorcizará estes fantasmas. Parece-me natural que se torça o nariz.
Uma coisa certa, ouço mais sobre os problemas do Montenegro (coitadinho) do que sobre os meus.

Farto de palhaçada.

Digo o mesmo de PNS q coitadinho tem tido uma vida difícil.

Portugal vive-se cada vez pior, é um país em colapso. Esta classe política devia era começa a levar na cara.

Coitadinho do Costa, do Barroso, do Guterres, Portas, do Cavaco...do Montenegro e do PNS.

Todos tão mal...e o país nisto a engolir mais novela de merda.
 

J | [Ka!s3r^].

Tribuna Presidencial
7 Abril 2012
8,534
10,444
Conquistas
1
  • Alfredo Quintana
Uma coisa certa, ouço mais sobre os problemas do Montenegro (coitadinho) do que sobre os meus.

Farto de palhaçada.

Digo o mesmo de PNS q coitadinho tem tido uma vida difícil.

Portugal vive-se cada vez pior, é um país em colapso. Esta classe política devia era começa a levar na cara.

Coitadinho do Costa, do Barroso, do Guterres, Portas, do Cavaco...do Montenegro e do PNS.

Todos tão mal...e o país nisto a engolir mais novela de merda.

Sim... creio que também por isso se dará a vitória ao governo e, eventualmente, uma votação semelhante à última a Ventura. As pessoas estão cansadas e frustradas. Mais que compreensível.
 

bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
3,673
4,917
Conquistas
2
  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
@bluemonday ,

e mais se degrada com este espectáculo desolador. Imagine-se um sopro desfavorável da conjuntura internacional, longe de improvável. A pretensa competência de Montenegro varrer-se-á em menos de três tempos. Montenegro vai contribuindo, da maneira que encontrou, para o esboroamento da política nacional: arrastou o país para mais uma eleição por puro cálculo político. Não lhe posso dedicar uma ovação, por engenhosa que seja a manobra. Revela-se um bom político no sentido mais subterrâneo do termo, um sujeito habilidoso, o que também é útil. Quanto ao resto...

A comunicação social não mudou. Não se entrevê nada de distinto quanto à cobertura do caso Spinumviva, nem pior forma nem maior intensidade. Esperar-se-ia o quê ao certo? Que não se procurasse apurar o que Montenegro teimava em esconder? Matérias envolvendo um primeiro-ministro em funções, com claros problemas de transparência, são furos jornalísticos como poucos. Em qualquer circunstância. O próprio expôs-se ao exame mediático ao não optar desde logo pela transparência. Caso se decidisse por uma postura própria de um governante, e partilhasse o que acabou por ter de partilhar, como era óbvio que teria de fazer, poupar-se-ia em parte à imagem que se gerou. Não se pode ser simultânea e obstinadamente opaco e barafustar contra os esforços por clarificação. Ou revela-se ou esconde-se, e Montenegro recalcitrou e escondeu. Divulga sob pressão dos média, cujo trabalho se revela fundamental.

Não é verdade que a população, os média, os actores políticos... jamais tenham passado cavaco ao carácter e à ética dos políticos. As discussões sobre ética são recorrentes, cíclicas, contínuas, ... Ou julgar-se-á que há algo de único com Montenegro? Trata-se apenas de mais um político envolvido em coisas estranhas, esmiuçado pelos média, comentado pelos eleitores, criticado pelos adversários.... Porventura a sua posição seja uma originalidade: um governo cai em função dos problemas pessoais e a pessoa que se encontra no olho do furacão mantém-se na pele de candidato. Incomum. Claro que o seu problema, tratado com os pés pelo próprio, se transformaria num tema mediático de relevo. Crê mesmo no que está a escrever? Que os média nunca se interessaram por problemas de ética? Que os eleitores nunca disso quiseram saber?...

Lamento não poder condenar de forma veemente a tal divulgação quanto aos clientes de Montenegro. Talvez possa dispensar uma condenaçãozinha... mas não mais que isso. Montenegro não cumpriu as suas obrigações de transparência. Que são devidas a todos os titulares de cargos públicos ( Governo falha em publicar registo de interesses conforme obrigação legal ). Montenegro não prestou as informações devidas até aos dias de ontem. Caso tivesse feito, como lhe era há muito exigido, condição aliás necessária ao desempenho de um cargo público, não se colocaria qualquer problema. Não brinquemos com coisas sérias: o primeiro-ministro sabia perfeitamente que, dado o seu histórico, teria de ser especialmente rigoroso na declaração de interesses. Sabia que contactou com empresas sensíveis e que essa informação era deveras relevante. Optou por esconder e protelar para que a informação não fosse conhecida antes do dia das eleições. A divulgação da informação pelos jornalistas encontra-se legalmente protegida. Se Montenegro acha-se violentado, que recorra a quem de direito, não o censurarei por isso.

Talvez seja mera percepção do colega, talvez não seja. Há muito que teço considerações éticas neste espaço sobre os mais variados actores políticos. São muitos anos a virar frangos, como diz o outro. Como é notório, tão-pouco sou imparcial ou procuro sequer aparentar essa imagem. Quanto a Montenegro e ao PSD, o colega tem claramente uma posição apologética, não obstante os reparos que faz, enquanto eu tenho uma posição de censura. Faz parte e dá até um certo colorido à coisa.

O conflito de interesses mantém-se, pois várias empresas que no passado trataram com a Spinumviva podem ainda necessitar de decisões do governo. O caso da Solverde é o mais gritante. Quão fácil seria se bastasse passar a empresa aos filhos, como se com isso Montenegro apagasse as relações passadas com os clientes e as eventuais decisões futuras respeitantes aos mesmos. Os problemas mantêm-se e manter-se-ão enquanto Montenegro ocupar o cargo. A ponto de o próprio afirmar que não participará em decisões relacionadas com a Solverde, admitindo assim o problema. A solução de entregar a empresa aos filhos está longe de ser airosa, pois essa posse poderá constituir o motivo pelo qual determinado cliente recorre à Spinumviva e não a outro prestador de serviços.

... Montenegro não podia ter vida profissional? Poderá haver quem, pela sua vida profissional, esteja em posição delicada para o exercício de funções governativas? Seguramente. Faça-se uma outra pergunta: considerando a actividade empresarial de Montenegro, será que o próprio tomou todos os cuidados necessários para afastar de si interrogações legítimas e previsíveis? Actuou de forma a colocar-se à margem de suspeições, conflitos de interesse, embaraços... ? Se a sua actividade empresarial em nada empecilha a condução do país, por que motivo persistiu na falta de transparência? Como pode Montenegro esperar maior bondade quando recusou repetidas vezes ajudar-se a si próprio? O seu comportamento suscita incerteza.

Costa fez bem em demitir-se, a meu ver. Pouca margem de manobra lhe restava. Tal como Montenegro teria feito bem em afastar-se. No mínimo, em esforçar-se por maior honestidade. Nem uma coisa nem outra. Se por um lado não pretendia retirar-se, por outro, não desejava revelar os clientes nem queria participar numa comissão de inquérito... Com que cara pedia então confiança política aos demais partidos?

Como referi, não coloco a coisa no plano da legalidade. Teço um juízo ético em muito desfavorável acerca do primeiro-ministro e aponto questões sensíveis que ficarão por resolver, justamente por quedarem-se irremediavelmente em zonas cinzentas. A questão da ITAU e da INETUM ficará no limbo por mais que se argumente. A relação anterior com Montenegro teve alguma influência nos novos contratos com o Estado?... limitamo-nos a esperar que não. A futura decisão quanto à concessão dos casinos será de alguma forma condicionada pela relação de Montenegro e da Spinumviva com a Solverde? Repete-se a resposta, esperemos que não. Montenegro, consciente da situação em que se encontrava, agiu de forma a afastar de si quaisquer suspeitas?... Não, infelizmente não. Nenhuma vitória eleitoral exorcizará estes fantasmas. Parece-me natural que se torça o nariz.
A minha posição é apologética e eu não a escondo, mas não é por simpatia pelo Montenegro. É um especial apreço pela ação governativa que, apesar de ter um falhanço grande (saúde), considero globalmente positiva. Pelo menos gabo a coerência do colega em admitir a demissão de Costa, pese embora não saiba propriamente como interpretar a "pouca margem de manobra" - refere-se à ética de AC ou ao célebre parágrafo do MP? Lamento que o prezado continue a omitir ou a revogar qualquer referência à falta de ética de Pedro Delgado Alves. Subentende-se que defende que os "fins justificam os meios", o que circunda de todo o modo numa posição também apologética.

Quanto à comunicação social, acho que é um debate perdido. Acompanho política há muito, sei perfeitamente o que a casa gasta e a forma como eram reportadas as notícias nos governos de Guterres (+-), Durão Barroso, Santana Lopes, Sócrates, Passos Coelho, Costa e Montenegro. Afirmo sem pudor que nunca houve uma tónica tão grande na ética dos governantes como está a existir hodiernamente. A bitola sempre foi o cumprimento de um princípio de legalidade, sempre. Tudo o que não envolvesse legalidade ou não era reportado, ou não merecia referência de maior. É a minha experiência.

Não, a posição de Luís Montenegro não é uma originalidade. Sá Carneiro sofreu o mesmo, com uma campanha vil (ao nível daquilo que hoje associamos ao Chega) por parte do PS e do PCP. Vir-se-ia a descobrir que FSC estava inocente e que a sua ética era irrepreensível enquanto governante. Longe de mim comparar Montenegro com Sá Carneiro, até porque, como já admiti, existe mesmo um problema ético com Montenegro.

Sobre a questão da entidade da transparência: Montenegro cumpriu o prazo, pelos vistos. Fê-lo no último dia por taticismo político, mas cumpriu o prazo. As informações que advieram dessa nova declaração demonstram que não foi propriamente o medo que motivou a decisão de LM, porém uma questão estritamente eleitoral.

Repito: legalmente, a questão do conflito de interesses com a Solverde foi ultrapassada. O conflito de interesses é um instituto legal, não é algo definido com as orientações pessoais de cada um. Condeno a decisão de passar a empresa para os filhos; todavia, a partir desse momento, qualquer decisão que o governo tome sobre uma dessas empresas deixa de relevar para os olhos da lei. Responsabilidade política ou ética? Sim, claro.

O colega inquina o que eu disse sobre a atividade profissional quando o ponto é muito simples: não pode o PM ter uma vida profissional anterior à política? O que afirma dá a entender que não, porquanto faz uma associação entre os contratos celebrados com empresas clientes da Spinumviva e a atividade de LM nesta mesma empresa. Ora, tal argumento não colhe. Enfatizo que não insiro aqui a questão das alegadas avenças da Solverde - a sua resposta neste tocante só se refere a isso, porque não vejo como a atitude de Montenegro possa interessar para a maior parte dos clientes da Spinumviva, sem quaisquer irregularidades.

«Crê mesmo no que está a escrever? Que os média nunca se interessaram por problemas de ética? Que os eleitores nunca disso quiseram saber?...»

No que concerne aos media, a resposta está dada acima. Em relação aos eleitores: em 2011, 1.5 milhões de portugueses votaram no PS de José Sócrates. Em 2022, 2.3 milhões deram uma maioria absoluta ao PS de António Costa. Os estudos demonstram que os eleitores, na hora de votar, não se importam assim tanto com a ética - são de mor importância outros domínios.
 
  • Like
Reações: J | [Ka!s3r^].

bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
3,673
4,917
Conquistas
2
  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
O pessoal fala da comunicação social como se não houvesse um governo com maioria absoluta que caiu depois de meses de notícias diárias sobre casos polémicos, como se não tivessem andado a falar do caso das gémeas durante anos e consequentemente a destruir a popularidade do político mais popular do país, e como se não houvesse um partido de extrema direita que passou de 1 a 50 deputados em 3 ou 4 anos e cuja campanha é alicerçada unicamente em reagir às notícias mais polémicas do dia.

mas estou a curtir a discussão, como se houvesse puros no meio disto tudo e a esquerda, que se prepara para ter o pior resultado em eleições dos últimos 50 anos, controlasse esta merda toda.
O governo de maioria absoluta caiu com estrondo com escândalos muito piores (envolvendo questões legais), com a vontade de Costa ir para a Europa e com um parágrafo assassino da PGR.

Sobre o caso das gémeas: a reputação de Marcelo sofreu, a meu ver, pouco para aquilo que o mesmo fez. Sim, manchou o legado da sua presidência; no entanto, 50% (mais ou menos) dos inquiridos continuam a avaliar positivamente MRS. Ademais, a responsabilidade pela divulgação desse caso parte de uma pessoa: Sandra Felgueiras. O Expresso tentou varrer para debaixo do tapete - afinal, como conseguiriam aquelas informações quentinhas da famosa "fonte de Belém"?

O Chega de Ventura cresceu de duas formas: i) pretensão dos donos dos media de ter audiências - quem melhor que Ventura?; ii) uma posição claramente parcial dos jornalistas em relação ao líder do Chega, alimentando o discurso antissistema desta macabra figura.

Depois, repara que nunca falei em puros: o controlo dos media em Portugal varia conforme os tempos. O PSD já teve essa posição. A verdade é que, nos últimos 30 anos, o PS governou 22 (julgo), com duas maiorias absolutas pelo meio. Não é a esquerda que controla (o PCP até é bastante prejudicado), é o PS, e não são todos os meios de comunicação social. Falo precisamente no Expresso, que se vendeu completamente.
 

J | [Ka!s3r^].

Tribuna Presidencial
7 Abril 2012
8,534
10,444
Conquistas
1
  • Alfredo Quintana
@bluemonday ,

reitero que escrevo estritamente do ponto de vista ético e moral, não se devendo procurar sentidos aplicados ou de especial rigor restrito nestas palavras. Montenegro não é uma personagem que me mereça uma qualquer redenção regulamentar, por legal que seja a sua acção: parece-me um actor secundário relativamente medíocre, experimentado em pequenas intrigas e casos lamacentos, que de forma mais ou menos fortuita se viu primeiro-ministro. Pequeno para o cargo, distante de um comportamento à altura das circunstâncias. Um oportunista com algum talento para o ilusionismo político. Tem esse mérito. Se é verdadeiramente competente... ignoro. Liderou um executivo ciente da sua curta vida e em perpétuo modo de campanha. Fez o que se criticou repetidamente aos opositores políticos: distribuiu dinheiro por diversos grupos, beneficiando de um contexto favorável e de um certo legado de contas certas. Tomou algumas decisões relevantes, outras contraproducentes, persistem vários problemas. Teve também a sorte de lhe sair um opositor impopular e de a crise lhe rebentar precocemente, ao fim de um ano de governo, e não numa fase mais adiantada do mandato. ... deixo ao gosto de cada um.

Somente lamento a forma como se divulgou a informação, confessando porém que isso não me provoca especial comoção. Pena não ter sido um jornalista a aceder directamente aos registos. ... depende das ocasiões, depende dos meios, depende dos fins. O Governo e Montenegro incumpriram os seus deveres e faltaram ao legalmente exigido. Montenegro cumpre após incumprir, tendo arrastado o incumprimento por quase um ano. Cumpre unicamente porque a isso foi enfim obrigado, por intervenção da entidade competente. A informação que enfim divulgou era devida desde início. Compreendo a irritação, mas... valorizo menos que o pecado original.

Sobre a actuação da comunicação social, recorrendo ao adágio, Montenegro colheu o que semeou. Procurou esconder o que devia revelar, procurou-se então revelar o que Montenegro tentou esconder. E, na busca, surgiram coisas atrás de coisas: as contas bancárias, os pareceres da sociedade de advogados, o betão da casa, as obras na outra casa... Claro que seria escrutinado de fio a pavio. O seu comportamento alimentou e continua a alimentar suspeitas. Que se esperava? Assobios para o lado? Não falamos de alguém que tenha feito um esforço por sanar a polémica, pelo contrário, jogou-lhe gasolina. O exame que se abateu sobre o primeiro-ministro, infelizmente, encontra fundamento. Será que Montenegro teria transferido a empresa para os filhos caso não houvesse escrutínio?... A prestação de contas não partiu da livre iniciativa do primeiro-ministro, não nos devemos esquecer.

Nem eu afirmei que não podia exercer o cargo. Em todo o caso, diria que certas ocupações profissionais... advocacia, consultoria... talvez justificassem uma malha mais apertada. De um modo geral, a malha devia apertar.

Pessoalmente, estas questões interessam-me. Creio que deviam interessar a todos, pois revelam problemas graves. E certamente interessarão a muitos outros eleitores, mesmo que com importância e significado variáveis. Não será determinante para muitos... sabe-se que não...mas isso não torna a questão irrelevante.

Sobre Montenegro, assino por baixo o que vem escrevendo e opinando João Miguel Tavares. Concluindo eu pela razoabilidade da hipotética demissão ou afastamento. ... é que já estamos a discutir coisas laterais, mas que continuam a surgir, e não as avenças recebidas por Montenegro enquanto primeiro-ministro.
 
Última edição:
  • Like
Reações: MiguelDeco

Ginjeet

Tribuna Presidencial
11 Março 2018
7,200
9,307
Tu tanto dizes que queres que venham porque é preciso como agora dizes que não queres que venham.

Pode ter os instrumentos todos mas isso é irrelevante se não os aplica, como é que se pode ao mesmo tempo andar a falar de uma "crise" na habitação e deixar abrir dezenas de hoteis e deixar que esses hoteis importem mão de obra para pagar o ordenado mínimo que não tem como viver dignamente?

Os setores não ficavam impedidos de operar, haveria uma seleção e só alguns é que sobreviviam e não daria para continuar a crescer, há setores que não interessam. Não estou a ver milhares de pessoas chateadas porque não vão abrir mais hoteis restaurantes e estufas de abacates ao ponto de retirar votos.

E já nem se trata dos trabalhos que os portugueses não querem, a ganancia é tanta que os sul americanos tambem já não querem, foi preciso arranjar outros.

Mas a pergunta essencial é em que é que esta economia beneficia o grosso da população, e se achas que o SNS, Educação Habitação e segurança daqui a 5 anos vão estar melhor. E se vamos ter menos pobres do que agora.

Vou voltar a dizer, porque isto não é assim tão difícil de perceber: A decisão política tem de ser económica e não ideológica.

Os instrumentos são o que definem essa política. Se os planos regionais de ordenamento, se a Lei de Bases para o Turismo, se os PDM inclusive, permitem essa construção, tu não podes dizer "construam, mas depois iremos impedir-vos de terem recursos humanos para sustentar a atividade". O que propões é o caos.

E, portanto, tenho de voltar a referir: não se trata de ter vantagens ou não. O que disse é querer ver um político honesto a explicar como irá resolver o problema na sua base e não a lidar com efeitos secundários com decisões que iriam ter consequências desastrosas para a economia.


Então se tu referiste isso tudo, foi porque querias ser intelectualmente desonesto ao falar da Dinamarca?..

O ponto é esse é que a Dinamarca planeia as coisas em beneficio da população e aqui não, e o modelo deles não é igual ao da Suécia por exemplo.
Os países nórdicos são exemplares na sua abordagem política, na capacidade de criar consensos e de serem civilizados na decisão.
De um lado a outro do espetro político, preocupam-se essencialmente em manter um nível elevado de bem-estar na sociedade. É esse o exemplo que eu gostaria de ver seguido em Portugal. Comparar as economias dos dois países no estado em que estão não tem qualquer cabimento.


Portugal tinha muito mais miséria nos anos 90 do que tinha nos anos 00 e na década 10 nem sequer se compara, Portugal melhorou, tirou muita gente da pobreza, o nível de educação subiu muito. Agora deu-se uma guinada e parece que o que é preciso é trazer novamente a miséria. Não é tudo a mesma coisa, houve uma opção tomada há 5-6 que levou Portugal para outra era.

A questão não é só ter economia de valor é não beneficiar e patrocinar a criação de economia sem valor, e não desvalorizar o trabalho inundado com oferta ao mesmo tempo que se inflaciona tudo e se destrói o estado social.

Destruiu-se Portugal para as novas gerações, porque há 10-15 anos grande parte conseguia fazer vida mesmo ganhando pouco agora não.
Saíste de um regime ditatorial repressivo com 25%+ de analfabetismo, salários baixíssimos, sem serviços de saúde para a esmagadora maioria da população, numa economia agrária em isolamento internacional e com uma guerra colonial. Difícil seria fazer pior.

Agora, os números contradizem-te na "guinada". A pobreza continua a baixar, o nível de qualificação continua a subir, os salários continuam a aumentar, a mobilidade social é maior. Mas desde o COVID que houveram alterações significativas a nível de preços que a guerra piorou e que só agora começam a normalizar, que levaram à perda de poder de compra (e sem falar na crise da habitação).

Eu não sou favorável a ter uma economia de baixos rendimentos. Portanto, o meu problema não é com os custos, mas sim com os rendimentos. Portugal, pela sua posição geográfica, nunca terá uma economia com salários comparáveis ao centro da Europa, mas devia pelo menos tentar manter-se em linha com Espanha. As diferenças são notórias, desde logo na Alemanha compras um carro com 3 salários, que em Portugal custa 10 ou 15. Uma coisa tão básica como um telemóvel não é um investimento importante que acarreta poupança, crédito ou pagamento em prestações por estes lados. Tendo em conta a dependência portuguesa com importações, especialmente de artigos que são hoje em dia vistos como essenciais na "qualidade de vida", acabas por adiar por vários anos a independência financeira das famílias e a sua capacidade de investimento no seu futuro só para o básico do estilo de vida moderno que encontras facilmente noutros países.
 

Manageiro de futból

Tribuna Presidencial
25 Julho 2007
11,987
16,416
O governo de maioria absoluta caiu com estrondo com escândalos muito piores (envolvendo questões legais), com a vontade de Costa ir para a Europa e com um parágrafo assassino da PGR.

Sobre o caso das gémeas: a reputação de Marcelo sofreu, a meu ver, pouco para aquilo que o mesmo fez. Sim, manchou o legado da sua presidência; no entanto, 50% (mais ou menos) dos inquiridos continuam a avaliar positivamente MRS. Ademais, a responsabilidade pela divulgação desse caso parte de uma pessoa: Sandra Felgueiras. O Expresso tentou varrer para debaixo do tapete - afinal, como conseguiriam aquelas informações quentinhas da famosa "fonte de Belém"?

O Chega de Ventura cresceu de duas formas: i) pretensão dos donos dos media de ter audiências - quem melhor que Ventura?; ii) uma posição claramente parcial dos jornalistas em relação ao líder do Chega, alimentando o discurso antissistema desta macabra figura.

Depois, repara que nunca falei em puros: o controlo dos media em Portugal varia conforme os tempos. O PSD já teve essa posição. A verdade é que, nos últimos 30 anos, o PS governou 22 (julgo), com duas maiorias absolutas pelo meio. Não é a esquerda que controla (o PCP até é bastante prejudicado), é o PS, e não são todos os meios de comunicação social. Falo precisamente no Expresso, que se vendeu completamente.
Não era para ti, meu amigo. Era uma generalização para 3 ou 4 intervenções que li aqui ontem, que levaram a discussão para um nível maniqueísta.
 
  • Like
Reações: bluemonday