Nunca foi uma questão de gostar.
Acho que falo por todos ou quase, ninguém gosta de ser questionado em que circunstância for.
Agora a sociedade está desenhada desta forma, as autoridades estão acima do cidadão comum e o cidadão é obrigado a responder.
Simples.
Há uma percepção errada agora que as autoridades estão num patamar equivalente ao cidadão comum.
Não estão.
Supermly. Nas minhas interacções com as autoridades já apanhei de tudo, Desde os guardas mesmo, mesmo fixes (aqui há uns anos, a minha namorada estava grávida do nosso filho do meio e fomos assaltados na praia de Vale dos Homens e acabamos a noite a comer churrasco no posto da GNR de Odeceixe e no ano a seguir, quando voltamos, os guardas ainda se lembraram de nós e mostraram nos fotografias do gajos que nos roubaram a levantar dinheiro na CGD de Aljezur - algo altamente ilegal porque eram provas mas pronto), até ao super profissional e educado, passando pelo arrogante e pelo guarda idiota, mas simpático, que tive uma vez que ajudar porque ele não sabia fazer-me um troco de uma multa de trânsito.
Isto para dizer o quê?
Eu não tenho problema nenhum com a autoridade.
Mas eu também sou um privilegiado, sou branco, tenho bom aspecto, sou naturalmente simpático com as pessoas, vivo num meio pequeno onde toda a gente se conhece.
Mas se ao meu lado eu tenho pessoas que me dizem que são mal tratadas pela polícia, pela etnia, pela classe social, por um mau entendido que muitas vezes vem do nada e escala rapidamente, pelo histórico de interacções que deixam a pessoa à priori desconfiada, eu acho que, pelo menos, tenho o dever de ouvir e tentar compreender essas pessoas.
Exactamente por estarem num patamar acima do cidadão comum é que temos que estar atentos e questionar a forma de actuação das autoridades.