A Prova do Nove que falta a André Silva
Quando é que deixa de ser cedo para se elevar um jogador jovem a um patamar de exigência máxima? Quando é que se percebe que não se está a precipitar as coisas, correndo riscos de estragar tudo? Não há uma receita certa, mas depende da convicção de que aquele é o jogador certo para uma determinada ideia. André Silva, marcador de cinco golos em cinco jogos pelo FC Porto B esta época, fez há pouco mais um hat-trick na goleada (6-1) da seleção de sub21 à Albânia, deixando implícito que pode ser o ponta-de-lança que falta ao futebol português. Contudo, manda a prudência que se espere. Pela Prova do Nove.
Será cedo para ele? De acordo com o que defendia Paulo Bento, não é. Bento levou Nelson Oliveira à seleção antes mesmo de ele se afirmar no Benfica. Mais tarde, deu espaço na equipa principal a Bruma e Ricardo Horta, que ontem jogaram com André Silva na goleada dos sub21. Será que fez bem? A teoria segundo a qual se terá precipitado está bem suportada no facto de todos terem regredido. Nelson desapareceu do Benfica e das seleções; Bruma e Horta regressaram à categoria etária inferior. Para eles era cedo, porque nunca tiveram o enquadramento devido nos clubes, mas foi isso - e não aquelas internacionalizações precoces - que os levou a estagnar.
Aquilo que muitos aplaudiram na ideia de Fernando Santos para a seleção - se não jogas no clube, não jogas pela equipa de todos nós - impede a chamada imediata de André Silva. Pelo menos enquanto ele não encontrar espaço no FC Porto, onde a concorrência é formada por Aboubakar ou Osvaldo, ou não jogar e marcar golos com a mesma regularidade numa equipa de um campeonato mais exigente que a II Liga. A seleção chama-se assim por ser isso mesmo: uma seleção, um patamar que se atinge depois de se superarem os anteriores. Ignorá-lo e baixar o nível de exigência a um ponto que pode implicar problemas mais à frente.
É por isso mesmo que não acredito em proteccionismos, na obrigatoriedade de os clubes usarem uma quota de jovens que formam - isso anula a seletividade, diminui o grau de exigência. Quando são bons, os jovens acabam por encontrar o espaço competitivo ideal. Acredito que André Silva possa ser o ponta de lança dos anos que aí vêm. Mas primeiro há que dar-lhe a oportunidade de o provar.
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