@Edgar Siska
Manuel Barbosa, o mais influente empresário português nos anos 80 e 90, faleceu nesta quinta-feira, aos 69 anos. Primeiro agente reconhecido pela FIFA em todo o mundo, o antigo empresário do futebol foi responsável por algumas das contratações mais marcantes da história do Benfica, casos de Mozer, Isaías, Ricardo Gomes, Aldair e Valdo, além de ter intermediado a ida de Rui Costa para a Fiorentina, em 1994, numa transferência que, segundo o próprio, "salvou o Benfica da falência".
Benfiquista assumido, Manuel Barbosa destacou-se ainda antes da "vaga" de empresários que revolucionou o mercado do futebol português, na qual se inseriam Jorge Mendes e José Veiga. No final da década de 1990, o empresário saiu de cena. "Estive parado durante tanto tempo porque tenho a minha dignidade. Naquela altura, o José Veiga deu uma golpada no Jorge Manuel Mendes e levou o Simão Sabrosa para Barcelona [1999]... Não podia continuar", justificou, numa entrevista, em 2007, na qual anunciava o regresso aos negócios, ainda que sem o protagonismo de outrora.
Conhecido por não ter "papas na língua" e de ser um acérrimo defensor da classe, Manuel Barbosa dominou o mercado de jogadores do Benfica, sobretudo os atletas provenientes do futebol brasileiro -
sem ele, Mozer poderia ter ido parar ao FC Porto -, ele que também teve negócios com os dragões (levou, por exemplo, Secretário para o Real Madrid). Com o Sporting, porém, nunca negociou. "O Sporting é que nunca quis trabalhar comigo", corrigiu, aliás, numa entrevista ao DN em 2008, na qual assumiu que 'roubou' Ricardo Gomes aos leões para o meter no 'seu' Benfica.
"Seria injusto não admirar a obra do general De Gaulle em França e o mesmo digo no caso de Jorge Nuno Pinto da Costa. Só um ditador liberal pode fazer o que ele fez naquele clube e ninguém me impede de o reconhecer como um estratega super competente. Quero também dizer que nunca me faltou a nenhum acordo, incluindo os que não estavam escritos. Carolina Salgado destruiu Pinto da Costa? A Pinto da Costa nem as máquinas políticas todas juntas o conseguiram destruir", contou ao DN, em entrevista, há seis anos.
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