Devo agradecer ao benfica a magnífica experiência que me proporcionou. Ignorando o que se preparava, discorri dar um salto ao café a ver a bola com a maltinha. Quando o benfica joga o estabelecimento abarrota de pessoas, os benfiquistas ensardinham-se e grunhem por todo o lado, mal deixam cadeiras vazias. Mas ontem aconteceu um fenómeno extraordinário: à medida que o jogo avançava, o café perdia clientes, saíam porta fora ou mudavam-se para o jogo da televisão do lado. Um deles, sem se ter equipado a preceito mas, em compensação, com o rosto bastante avermelhado, quase derrubou a cadeira com a alucinante velocidade com que se levantou e sumiu imediatamente após o quarto golo. Benfiquista ferrenho, diga-se, que já antes havia bufado a bem bufar quando, ao soltar um não é um homem, é um porco (aquando do apertão de garganil aplicado a um jogador do seu clube), um cliente mais espirituoso atirou um porco como o samaris. Ainda temi que lhe desse uma trombose naquele momento. Alguém melhor informado sobre estas matérias certamente encontrará o logaritmo que traduz a relação entre os clientes que desertaram e as incidências do encontro.
Nem tudo foi mau, nem tudo foi mau. Como já referiram por aqui, Pizzi, o maestro, fez mais uma assistência para golo. Continua em grande forma. O benfica inscreveu o seu nome em vários recordes europeus, participou na maior vitória da história do Basileia na fase de grupos da competição, igualou a segunda pior derrota e mostrou desconcertante regularidade em jogos em solo helvético neste ano, juntando outros cinco aos cinco do Young Boys. Portanto, os adeptos encarnados, para além da manita, não saíram de mãos a abanar. O mesmo não se poderá dizer de Júlio César, esse vem mesmo de mãos vazias. Mas de pernas abertas. Talvez haja aqui algum mecanismo homeostático, compensatório, a funcionar.