Essa linha descendente ainda vai demorar. Temos muito de batalhar ainda.
E vê se tentas perceber algumas coisas, porque todos os dias batemos no mesmo. Não há aqui ninguém filho da puta o suficiente para não se importar com mortes ou desvalorizá-las.
- Estamos num guerra. Ou o mais perto possível disso. A Europa não sofria um abanão assim desde a II Guerra Mundial, de facto.
- Morreram pessoas, estão a morrer pessoas, vão continuar a morrer mais pessoas com Covid-19. Em todo o lado. Nos países mais poderosos. Nos mais fracos. Não há absolutamente nada que se possa fazer para evitar isso. É a puta da realidade.
E a realidade é para se encarar de frente, com lucidez e frieza - não confundir com ser desumano.
- As previsões são uma das poucas luzes que destoam da escuridão em que estamos, porque não há vacina, não há cura, não há imunidade de grupo. São o que te permitem ter uma ideia do quão próximo ou distante podes estar de fazer as coisas bem. São feitas por matemáticos, biólogos, epidemiologistas, não caem do céu.
- Numa guerra há várias batalhas. E toda a gente já percebeu o que é mais importante: evitar um salto absurdo nos números, evitar que a curva suba para um patamar fora do alcance dos hospitais.
Evitar que sejam tantos ao mesmo tempo que se deixem pessoas sem tratamento.
Se os números nos mostrarem que estamos a conseguir aplanar o crl da curva, vamos naturalmente ficar satisfeitos, não porque não seja importante haver mortes, mas porque essa estabilização vai significar menos mortes e menos sofrimento.
Mas que vão morrer pessoas vão. E eu estou com o coração nas mãos com uma mãe que já está a sofrer ataques de ansiedade. Se eu não fizer um esforço para me manter fria e lúcida, vou parar aonde?
