Dale Dover

João Lucho 2

Tribuna Presidencial
8 Maio 2008
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Ninguém tem histórias sobre ele? Aquelas lembranças mais vivas do pavilhão Américo Sá.
 

STEMPIN

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10 Maio 2016
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Manchester, United Kingdom
AS MÃOS MÁGICAS DE DALE DOVER

Dale Warren Dover chegou a Portugal em 10 de Outubro de 1971 para revolucionar o basquetebol do FC Porto. Terceiro norte-americano a jogar em Portugal, estava condenado a ser o melhor de todos os tempos, entre os que passaram por cá. Um génio, encestador inigualável, com médias de 40 pontos.

Chegou ao Porto com 22 anos, para ser… jogador-treinador. Viciado em treino (exercitava-se duas horas sozinho e dava mais três treinos por dia aos seniores e femininos), aos três anos era mascote dos Celtics e aos 14 já encestava acima dos 30 pontos.

Como tinha ambições culturais, foi para a Universidade de Harvard, onde o FC Porto o foi buscar. Já estava formado em Letras, estudou a cultura chinesa e vivia para ouvir Bach, Lizst e Beethoven. Chegou a ser criticado por “desprezar” os adversários com malabarismos circenses, mas respondia que não queria inferiorizar ninguém, habituara-se aos malabarismos “para recreio próprio”, de acordo com a cultura americana da época, muito propícia ao “one man show”.

O mais pequeno (1,78 metros) dos gigantes americanos que passaram pelo básquete português passou várias vezes a barreira dos 60 pontos. A ressonância das suas qualidades técnicas, profissionais e humanas projectou-se na enorme evolução que o basquetebol sofreu no FC Porto e em Portugal e, em 1974, Dover partiu para nova etapa da sua volta ao Mundo.

O seu nome está imortalizado no Olimpo dos Dragões mais proeminentes e o Museu FC Porto by BMG presta-lhe a devida homenagem: logo à entrada, numa estátua em tamanho natural segurando a bola que ninguém conseguia tirar-lhe das mãos; na vitrina das Modalidades, exibindo o cartão de atleta de 1974 (a última época que cumpriu nas Antas).

http://www.porto24.pt/memoria/maos-magicas-de-dale-dover/
 

STEMPIN

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DALE “FLASH” DOVER

Qualquer conversa sobre a história do basketball em Portugal tem, necessariamente, de passar por um nome incontornável: Dale Dover. Pouco importa se terá sido o melhor jogador que passou pelos campos nacionais; uns não deixarão de apontar Mario Ellie e os portistas ainda poderão indicar Henry Crawford ou, mais recentemente, Jared Miller. Porém, nenhum teve o impacto de Dale Dover no desporto nacional.

Embora surgindo em 1926, por iniciativa de António Sanches, Agostinho Marta e Daniel Barbosa, o basketball no FCP nunca atingiu um patamar de destaque. Enquanto o andebol colecionava títulos e outras modalidades, como o rugby ou o polo aquático também se sagravam campeãs, os primeiros títulos nacionais do basket apenas foram obtidos no início da década de 50. Decorreram quase 20 anos até que o FCP conquistasse novo título. E este foi um título com a assinatura de Dale Dover.

O TÍTULO

Para perceber a importância de Dale Dover no basketball português será suficiente escutar os relatos de algumas pessoas – portistas ou não – que tenham acompanhado a modalidade no princípio da década de 70.

O orgulho com que é referido “Eu vi o Dover jogar!” é qualquer coisa que perdurará no tempo e tenderá, até, a confundir a realidade com o mito. Os jogos do FCP esgotavam constantemente em qualquer parte do país, transformando Dale “Flash” Dover num Globetrotter nacional.

Pelo FCP, para lá do título nacional, ele terá sido ele o grande dinamizador da construção do pavilhão das Antas – inaugurado nessa altura – tal era o grau de interesse que a equipa de basketball suscitava nos sócios portistas. Apenas ele fazia com que o Palácio de Cristal fosse pequeno para a multidão que acorria aos grandes jogos.

Desportivamente, para além do título de 1972, ficam os relatos que muitas vezes se confundem com mitos, dificilmente verificáveis, como a história de que terá marcado 119 pontos num jogo. Do que não restam dúvidas é que o FCP foi campeão, derrotando a equipa campeã e que haveria de se sagrar campeã no ano seguinte – Sporting de Lourenço Marques. E também não restam dúvidas de que este terá sido, provavelmente, o título de basketball mais festejado pelos portistas e rivalizando apenas, talvez, com o título de andebol dos anos 90 ou a primeira Taça dos Campeões Europeus de hóquei em patins. Na época seguinte Dale Dover haveria de continuar no Porto, marcando mesmo 45 pontos em 68 do FCP nas competições europeias. Finalmente, haveria de se tornar treinador, por exemplo, liderando o FCP numa eliminatória europeia contra o Barcelona.

SERIA MESMO BOM?

Dale Dover era um base com 1,88. Contam os relatos de quem o viu jogar que a sua capacidade de impulsão era inigualável em Portugal, afundando com grande facilidade. A sua velocidade de deslocação era, igualmente, ímpar em Portugal e foi a origem da alcunha “Flash”.

Dale Dover era um show-man antes do show-time ter chegado ao basketball.

Mas, algo que certamente percorre a mente dos mais novos passa pelo confronto entre a realidade e o mito de Dale Dover. A passagem de Dale Dover por Portugal está devidamente documentada na memória de todos os que o viram jogar. Porém, seria Dale Dover assim tão bom? Seria um jogador de NBA? E, qual foi o percurso dele antes e depois do FCP?

Dale Dover foi mais um miúdo pobre de New York, filho de um taxista local e crescendo nos bairros de Harlem e South Bronx. No Evander Child High School, Dale era a estrela da equipa de basket local, mas a aptidão para o desporto era já combinada com uma inteligência invulgar, concluindo o liceu com uma média de 89,4, em 1967.

Diversas universidades prestigiadas o procuraram: Harvard, Columbia ou Cornell estavam entre elas. Em plena década de 60, um jovem afro-americano com boas médias e aptidão para o desporto, poderia escolher a universidade! No final, Dale optou por Harvard, que não é, certamente, a melhor opção para entrar na NBA! Ao contrário do que se tem passado recentemente, os Crimsons nunca tinham vencido a Ivy League (a primeira vitória foi em 2011) e apenas três jogadores dos Crimsons chegaram à NBA: dois na década de 50 e, mais recentemente, Jeremy Lin.

De 1967 a 1971, a carreira de Dale Dover em Harvard foi marcante. No primeiro ano em Harvard, bateu o recorde de pontos num jogo: 38 pontos em 12 de Julho, em Springfield, marcando 13 lançamentos de campo e 12 lances livres, numa época sem triplos (entretanto, o recorde foi batido, encontrando-se a marca de Dale Dover em 5º lugar). Nos dois anos seguintes, Dale Dover foi vice capitão da equipa e melhor marcador, com médias de 16,9 e 18,6 pontos.

Não obstante, em todas estas épocas, os resultados eram pobres, com uma percentagem de vitórias próxima dos 30%. Contudo, no último ano de Dover, os resultados alteraram-se e Harvard conseguiu o segundo lugar da Ivy League, com Dover a capitanear a equipa. Em todos os anos, Dale Dover foi objeto de menção honrosa da All-Ivy League, embora nunca conseguindo ser eleito para qualquer das melhores equipas.

Ao longo da sua carreira universitária disputou 75 jogos, conseguindo 1.201 pontos, com uma média de 16 pontos por jogo, o que o coloca, ainda hoje, entre o Top-15 dos Harvard Crimson em pontos por jogo.

NBA POR UM MÊS

Numa época em que o draft era bastante diferente do formato atual, Dale Dover foi escolhido pelos prestigiados Boston Celtics, na 10ª ronda do draft: a sua posição global foi 161! Dale foi igualmente um dos 10 atletas selecionados anualmente pelos Harlem Globetrotters para prestar provas.

Uma vez que os treinos eram na mesma altura, Dale Dover teve de escolher e escolheu os Boston Celtics.

Durante um mês, Dale Dover foi jogador dos Boston Celtics.

Apesar de ser considerado um excelente defensor, com um forte espírito competitivo, Dover acabou dispensado numa equipa que, na realidade, não tinha quaisquer vagas.

Com um curso de línguas em Harvard e sem opções no basket, Dale Dover tornou-se parte da História do FCP.

DEPOIS DO FCP

Em 1974 ingressou no Departamento de Estado dos USA, sendo nomeado vice-cônsul na Dinamarca entre 1975 e 1977. Na Dinamarca jogou pelo Sisu Copenhaga, sagrando-se campeão e vencedor da Taça da Dinamarca em dois anos consecutivos, tendo também treinado a seleção da Dinamarca.

Em 1978 foi nomeado cônsul americano em Israel até 1980, onde continuou a jogar basketball. Sem receber, Dale representou o Hapoel Yagur – onde foi o primeiro não judeu – apenas nas competições europeias, pois não eram permitidos estrangeiros. Mesmo perto dos 30 anos, continuava com uma média próxima dos 17 pontos por jogo, sendo o grande responsável pela melhor carreira europeia – na Taça Korac – do Hapoel Yagur (fase de grupos).

DEPOIS DO BASKETBALL

Depois de Israel, Dover regressou a Harvard. Em Harvard, obteve a segunda licenciatura – desta vez, em Direito. Continuou ligado ao basketball, treinando uma equipa feminina e jogando em equipas de veteranos.

Após a conclusão da licenciatura, estabeleceu-se em Washington, onde exerceria a advocacia.

Em 1990, haveria de se tornar, por um curto período de tempo, o primeiro presidente afro-americano da Câmara de Falls Church – uma pequena cidade de 10.000 habitantes, no estado da Virginia.

Dale Dover era um jogador de basketball diferente, sendo um bom exemplo o seu conhecimento de diversas línguas, como o Português, o Francês, o Dinamarquês, o Hebraico, o Chinês ou o Swahili ou as suas duas licenciaturas em Harvard.

É bem verdade que os tempos eram outros (se calhar não tão diferentes face ao atual panorama do basketball nacional), mas é indesmentível que a sua curta passagem pelo FCP marcou uma era e mudou o basketball português e, 40 anos depois ainda se ouve com orgulho “Eu vi jogar o Dale Dover”!

https://tribunaportista.blogspot.com/2014/08/dale-flash-dover.html#ixzz4VMTCbtIR
 

joaoalvercafcp

Tribuna Presidencial
13 Março 2012
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http://www.fcporto.pt/pt/Pages/fc-porto.aspx

DALE DOVER VISITOU A EXPOSIÇÃO “BASQUETEBOL”

Antiga estrela do FC Porto esteve no Museu e recordou momentos do passado em bom português

A exposição Basquetebol, já aberta ao público e com entrada livre, teve esta segunda-feira uma visita muito especial. Dale Dover, para muitos o melhor basquetebolista estrangeiro que já passou por Portugal, regressou ao Museu FC Porto e voltou atrás no tempo para recordar grandes momentos que viveu de Dragão ao peito, descrevendo-os num português surpreendentemente fluído.

O norte-americano Dale Flash Dover, hoje ligado à advocacia, representou os azuis e brancos durante três épocas, tendo sido campeão logo na primeira, pouco depois de os Dragões o terem contratado à Universidade de Harvard. Chegou a jogar um mês na NBA, ao serviço dos Boston Celtics, mas foi no FC Porto que Dale Dover mais brilhou. Na estreia, a 19 de novembro de 1971, “só” marcou 41 pontos num amigável frente à Académica de Coimbra, disputado no Pavilhão do Lima.

Era o início de uma era assinada por Dale Dover, ele que chegou à Invicta com 22 anos para mudar por completo o basquetebol português, tornando-se uma lenda no FC Porto e na modalidade. Pouco depois de visitar a exposição, Dale Dover seguiu diretamente para o Dragão Caixa e, a convite do treinador Moncho López, foi um espetador atento no treino da equipa de basquetebol. No mínimo, é uma grande fonte de inspiração.
 

joaoalvercafcp

Tribuna Presidencial
13 Março 2012
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http://www.fcporto.pt/pt/Pages/fc-porto.aspx

https://www.youtube.com/watch?v=1YF4iTKpmwE

MY NAME IS DOVER, DALE DOVER
Basquetebolista norte-americano recordou no Porto Canal os tempos em que espalhava magia com a camisola azul e branca


Considerado por muitos o melhor jogador que passou pelo basquetebol português, o norte-americano Dale Dover foi o mais recente convidado do programa Universo Porto Entrevista, no qual o genial base foi convidado a reviver o seu percurso pessoal e profissional, cujo destino se cruzou com o FC Porto entre 1971 e 1974. Três épocas bastaram para o base deixar uma marca incontornável na história do basquetebol português e para o clube e a cidade ficarem para sempre no coração do “Flash”.

No vídeo acima pode ver, na íntegra, a entrevista de Dale Dover ao Porto Canal, enquanto nos parágrafos seguintes pode ler um excerto do artigo assinado por Tiago Marques publicado na edição de dezembro da Revista Dragões, cuja versão online pode subscrever aqui gratuitamente.

De South Bronx até Harvard
Natural de Nova Iorque e filho de um taxista, Dale Dover cresceu entre o Harlem e South Bronx. Desde cedo demonstrou uma enorme apetência para o desporto, mas também para os estudos, e foi este binómio que acabou por encaminhar o norte-americano para Portugal e para o Porto. Decorria a época de 1971/72 e o FC Porto já não vencia o Campeonato Nacional de Basquetebol há 19 anos.

Acabado de se formar em Harvard, com tempo ainda para fazer história no basquetebol universitário de uma das mais reputadas instituições dos Estados Unidos da América, Dover chegou ao FC Porto vindo diretamente dos Boston Celtics. Tapado por dois atletas que viriam a tornar-se “hall of famers” (Jo Jo White, recordista dos Celtics com 488 jogos consecutivos, e John Havlicek, 16 épocas e 8 títulos de campeão da NBA, sempre com a camisola verde de Boston), o astro norte-americano esteve apenas um mês na NBA até que decidiu dar um salto para a Europa.

A decisão pode parecer estranha, mas o trajeto de Dale Dover nunca foi vulgar. Para contextualizar, na Evander Child High School, Dale Dover já chamava a atenção. Era a estrela da equipa da escola e igualava a façanha em termos académicos. Terminou o liceu com uma média de 89,4 em 1967 e conquistou o direito de escolher a universidade que queria frequentar. A decisão levou-o para Harvard, uma universidade muito conceituada, mas, para alguém que queria perseguir um sonho no basquetebol, um contrassenso. Até então apenas dois atletas dos Crimsons tinham chegado à NBA e entretanto só Jeremy Lin imitou a façanha.
 

MP

Bancada central
12 Julho 2016
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Uma das melhores entrevistas que já vi no Porto Canal. Posso dizer que não imaginava que ele tivesse jogado com o J.B. da CBS.

Eu devo ter uma Mundial onde está uma entrevista dele. Quando descobrir onde elas andam, passo no scanner.
 

ixnay

Tribuna
22 Julho 2006
3,887
317
MP disse:
Uma das melhores entrevistas que já vi no Porto Canal. Posso dizer que não imaginava que ele tivesse jogado com o J.B. da CBS.

Eu devo ter uma Mundial onde está uma entrevista dele. Quando descobrir onde elas andam, passo no scanner.
Também adorei. Pena não terem abordado mais a chegada dele ao FCP, porque é que aconteceu, como se processou, etc.

Foi claramente uma entrevista demasiado curta!
 

fcp79

Tribuna Presidencial
18 Março 2012
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Não tive o privilégio de o ter visto jogar, ainda assim fiquei contente que tenham feito esta entrevista, conseguia ficar a ouvi-lo 5h ou 6h seguidas, ser humano fascinante.
 

inot1982

Tribuna Presidencial
28 Agosto 2013
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Nunca o vi jogar.
Mas foi, é e será  sempre um grande símbolo do nosso grande Futebol Clube do Porto.
Paz à sua alma.
 

fcp79

Tribuna Presidencial
18 Março 2012
6,474
1,586
Fiquei apaixonado com a entrevista que deu há uns tempos ao porto canal, ser humano fantástico, triste com a notícia.
Obrigado por seres um de nós Dale.