Há uns anos, quando ainda estávamos por cima, havia sempre o assunto da sucessão que me afligia. O Presidente dizia sempre que não iria "preparar" ninguém para seu sucessor na Presidência e eu sempre acreditei que fosse uma "white lie". "_Obviamente que o Presidente o fará", pensava eu. Jamais me passou pela cabeça que depois de 3 décadas a comandar a todos os níveis o futebol nacional, o Presidente não deixasse tudo organizadinho para quem viesse, de forma a facilitar-lhe a nova função, em prol do Clube, para que acusasse o menor desgaste possível com a passagem de testemunho, e para que o Clube não perdesse a sua dinâmica de trabalho, a organização forte e cuidada e as regras que vinham de há décadas.
Com o tempo comecei a perceber que afinal o Presidente não mentira, dissera mesmo a verdade, para mal dos nossos pecados. Não preparou a sua sucessão!! Fiquei incrédulo quando caí realmente em mim, quando percebi, há uns anos, que realmente não havia sido feito um plano, e perguntei-me... "_porquê??!!?!!" Como é que o Presidente não tratou de um assunto tão delicado, como seria a mudança de uma presidência com mais de 30 anos, onde obviamente haveria um choque se as coisas não tivessem sido cuidadosamente preparadas, quando chegasse o momento? Senti-me triste com a atitude do Presidente mas guardei para mim.
Quando vi o Presidente a anunciar mais 4 anos de Presidência, quando claramente as coisas já estavam completamente fora de mão, perguntei-me acerca das intenções do Presidente. Não conseguia perceber nem explicar como é que ele, no estado em que deixou a situação chegar, ainda teve a teimosia de continuar, quando o ciclo estava mais do que acabado, a organização completamente quebrada, a força da Estrutura completamente afundada e retrógrada. Não gostei, não consigo explicar como pôde o Presidente candidatar-se para mais 4 anos, sabendo bem em que estado é que tinha deixado as coisas chegar, num momento em que já caminhava a passos largos para a casa dos 80 anos e sem saúde nem força para mudar o rumo das coisas, acrescendo o facto de que os elementos mais válidos da Estrutura iam saindo um por um.
O Presidente não quis sair. Esta é a verdade. O seu discurso de que se retiraria caso alguém avançasse, é uma tanga. Se assim fosse, não queimaria a imagem de Baía, que até o Portismo lhe pôs em causa, dizendo que não era Portista de berço (porque o fez?), nem mandaria alfinetadas constantes a António Oliveira, visto por muitos Portistas como o próximo homem a sentar-se no lugar que ocupa o Presidente neste momento.
Pinto da Costa já não tem o controlo da situação, está à vista de todos, já não exerce nem um terço da força (para não ser mais duro) que exercia outrora. Está velho, está cansado, está desgastado, e claramente já não tem o que se requer a uma pessoa que ocupa o seu cargo. O futebol é ultra desgastante, é preciso vigor, é preciso força, é preciso também acompanhar a mudança dos tempos. Espero que o Presidente caia em si e que por ele próprio delegue o seu cargo. Por Portismo. Por nós. E eu sou-lhe eternamente grato. Por tudo. Sempre me vingou, sempre me revi nele e na sua luta pelo seu Porto, pelo seu Baluarte do Norte que sempre resistiu ao poder central. Sempre o admirei e continuo a admirá-lo. A sua obra é fenomenal. O que fez por nós, o legado que deixa feito, é um autêntico milagre, e que eu presenciei com estes dois olhos. Proporcionou-me das maiores alegrias que já tive, defendeu o Clube, a Cidade e a Região como nenhum outro, ao longo de décadas. Jamais esquecerei o que Pinto da Costa fez por nós, a forma como lutou e nos defendeu, enquanto via o seu nome arrastado na lama, cuspido, insultado, atacado diariamente na imprensa. Um senhor.
Presidente, está na hora do descanso. Por amor a todos os fiéis adeptos do Clube, da Causa e do PORTO.
É o último acto de Presidência que lhe peço. Passe o testemunho e entregue o Clube em boas mãos.