É absolutamente injusto...
O meu avô e o meu pai tiveram o privilégio de experienciar o melhor Pinto da Costa, aquele que "comia" os adversários "de cebolada" e servia o Futebol Clube do Porto de forma exemplar. É uma injustiça que eu só tenha vivido essa era até aos meus 10 anos. Lembro-me de chegar à escola com a certeza de ter um "cromo" do Benfica, mas, ao fim do dia, já vestia azul e branco. De nunca ter sido "provocado" pelos meus amigos após um clássico, porque "ganhávamos sempre". Bons tempos que, infelizmente, duraram pouco.
Gostava de ter apenas memórias e palavras boas, mas estes tempos acabam por se tornar névoas na minha mente. Os Falcões, os Hulks, os Jacksons, as conquistas e os festejos começaram a perder espaço na minha memória, sendo substituídos – apesar de não completamente esquecidos – pelos Manafás, os Samueis Portugais, os Ewertons e a centena de jogadores que contratamos com o único critério a ser o intermediário...
Eu sei que não devemos falar mal de quem já não está cá e que pode parecer que guardo algum tipo de ódio ao Presidente dos Presidentes... e, de certa forma, até sinto. Sinto porque eu não mereci o prazer que o meu pai e o meu avô tiveram de ver 30 anos de competência, rigor e trabalho. Eu só tive direito a uns 10, que, na verdade, nem 10 foram, já que não tenho muitas memórias de quando tinha 2 anos.
Enfim, é a vida.