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O MENINO DE CABO VERDE
Conheça Leandro Semedo, o lateral que José Magalhães viu jogar na cidade da Praia e que Gilberto Duarte ajudou
Por João Pedro Barros
Palmo a palmo, Leandro Semedo está a conquistar o seu espaço na equipa principal de andebol azul e branca, após um ano de empréstimo na Maia. Conheça aqui o percurso de um jovem viciado em andebol, que um dia José Magalhães viu a jogar na Praia e trouxe para o Dragão. O resto da história deste lateral de 22 anos foi construída a pulso.
Corria o mês de julho de 2013 quando Leandro Semedo, então com 18 anos, entrou em campo para mais um jogo do Campeonato regional da sua ilha, Santiago, entre a primeira equipa que representou, o Desportivo da Praia, e a que então defendia, o ABC. Leandro não sabia, mas nas bancadas estava José Magalhães, que se tinha deslocado a Cabo Verde para lecionar num curso de treinadores. O diretor geral do andebol azul e branco só precisou de uma parte do encontro para ver nele grande potencial. No intervalo veio falar comigo e no dia seguinte marcou uma reunião comigo e com o Nelson de Jesus [atual presidente da Federação cabo-verdiana]. Fiquei entusiasmado e surpreso, porque as pessoas apontavam para outros jogadores, que estavam mais em destaque no campeonato, recorda o andebolista.
Só faltava o consentimento da mãe, que ficou insegura por deixar o filho de 18 anos sair do país, para se iniciar a ligação ao clube. A vida em Cabo Verde não nos permite deixar escapar uma coisa dessas. Tinha a oportunidade de mudar a minha vida e a da minha família, conta o lateral esquerdo, que, a 5 de setembro de 2013, cerca de dois meses depois do primeiro encontro com José Magalhães, aterrava no Porto. Os primeiros tempos foram complicados, quer a nível de treino quer pessoal, mas hoje já se pode dizer que tudo valeu a pena: o cabo-verdiano tem somado cada vez mais minutos, tanto na defesa como no ataque, e está livre da timidez que ainda revela fora do campo.
O amigo Gil e os treinadores marcantes
Quando Leandro começou a treinar em Portugal, nos juniores e na equipa B do FC Porto, alinhava a pivô, devido à altura e corpo que tinha. Mas então deu-se uma mudança de posto específico que se viria a revelar chave, nos bês: Foi o Carlos Martingo [atual treinador do Avanca] que me pôs a lateral pela primeira vez. Ajudou-me incansavelmente, debaixo de muitos berros, mas devo-lhe muito, reconhece. Outras duas pessoas a quem agradece nesta fase de adaptação são o então treinador Obradovic e Gilberto Duarte, português mas filho de pais cabo-verdianos, que entretanto se transferiu para o Wisla Plock. Dentro e fora do campo, foi se calhar quem me ajudou mais. Tive muitas dificuldades, mas graças a Deus tive persistência e vontade.
Este texto é um extrato da entrevista de Leandro Semedo à mais recente edição da Dragões, a revista oficial do FC Porto