Somos o Benfica dos anos 90. Está à vista de todos, só não vê quem não quer!E eis que aqui chegamos passados 5 meses (!!!) da época ter começado... jogamos pouco, muito pouco, talvez até menos que nos primeiros jogos desta caminhada, e isso é um facto incontestável. A equipa em vez de melhorar neste período parece que cristalizou e não de uma forma positiva. Não há ideias, improviso, criatividade, arrojo, alegria, chama. Pouco ou nada sai de uma forma natural e fluída, tudo como que perro, preso e o que vai saindo aqui e ali parece em sacrifício e à base do coração.
Descontrolo a roçar a anarquia na fase defensiva em muitos jogos onde a porosidade da nossa defesa é de arrepiar, demasiada lentidão na fase ofensiva, passes laterais e para trás de levar à exaustão, falta de coragem para assumir o 1x1, arriscar, improvisar, quando a coisa aperta lá vem os lançamentos longos dos centrais à procura de profundidade bastantes vezes contra blocos baixos, erros em barda a nível de passe, decisão e finalização, etc... Muitos jogos perdidos, demasiados ganhos em cima da meta e "à rasca" e, acima de tudo, uma qualidade de jogo que deixou a desejar na maioria dos 26 encontros disputados até agora (18 V, 1 E, 7 D, 46 golos marcados, 25 sofridos, Supertaça perdida e eliminados da Taça da Liga).
Infelizmente estamos numa fase em que ver um jogo do FCP é um desconsolo de fazer qualquer um ficar tolo. Sofre-se em demasia. Exasperante. Arrisco mesmo dizer que estamos perante o Porto mais fraco e previsível da vigência do SC no Dragão e até em largos anos.
O que nos levou a isto?
» Saturação do técnico e/ou dos jogadores?» A mensagem não passa como passava? Pelo tempo? Pelo estilo de liderança? Pela criação de anti-corpos entre as partes? Pela mudança de jogadores?» Estilo de jogo e escolhas demasiado previsíveis?» Ausência de planos B e C em termos tácticos devidamente operacionalizados?» Falta de qualidade?» O não resolver cabalmente dos problemas de lesões do ano anterior e que voltaram a suceder na 1ª metade desta época?» Plantel demasiado extenso (30 jogadores mais uma equipa B com outros 30 à disposição e ainda com a possibilidade de chamar atletas dos Sub-19 e Sub-17) para gerir de uma forma estável e sobre carris os egos, ambições, expectativas e até os treinos? Alertei no Verão para os problemas que isto poderia vir a causar em termos de gestão de recursos humanos, já para não falar no despesismo.» Falta de investimento ou mau investimento? É que se formos atentar ao que se investiu nas últimas duas épocas quase que chegamos aos 85 M€ gastos. Sinceramente não me parece que se possa chamar a isso tempo de vacas magras. Será que se gastou o dinheiro onde se devia?» Mau planeamento da época? Chegada tardia de potenciais elementos chave (Varela, Nico, Iván Jaime) que falharam inclusive o estágio de pré-época, não colmatar de debilidades evidentes do grupo (DC, DE, DD, MC), ir para uma temporada muito exigente com 4 centrais sendo que dois (os putativos titulares, Pepe e Marcano) com 40 e 36 anos e um historial clínico recente preocupante, ir para a competição com 12 jogadores para 4 posições (ED/ED/SA/PL), não antever/precaver uma possível saída de Otávio no mercado de Verão, adquirir um avançado quando já se tinham 4 no plantel e que agora acaba cedido para a Grécia, opção por manter jogadores em fim de contrato e com a cabeça algures, manter outros que se via que iriam ser a 3ª, 4a ou 5a opção na posição e com salários elevados (Grujic, Toni), etc...» Foco desviado por Assembleias Gerais e pelas eleições no horizonte?...Sinceramente já não sei qual das opções acima será a mais acertada nesta fase ou se não serão todas em conjunto...
Uma coisa é certa, este não me parece de todo ser o caminho que acabará em festejos azuis e brancos nos Aliados em Maio. Algo tem de mudar. Apesar dos factores externos existentes, que os há como ainda hoje foi bem visível, temos forçosamente de olhar principalmente para dentro.
Uma introspeção séria e humilde de todos é OBRIGATÓRIA! Não vale de nada continuar a bater com a cabeça na parede nos mesmo preceitos e formas se eles não funcionam como tem sido dolorosamente visível. Temos de encontrar soluções, dentro e fora de portas. Cada um deve assumir as suas responsabilidades, sem sacudir a água do capote. Se assim não for...
Incompetência a todos os níveis e vai dar no mesmo resultado.