Quando o FC Porto recebe o Benfica, o país pára. Para muitos, é apenas um clássico de futebol, duas equipas em confronto, duas cores rivais. Para nós, é muito mais do que isso. É a afirmação de uma identidade que nunca se rendeu ao peso do centralismo, é o embate entre quem construiu grandeza pelo mérito e quem sempre beneficiou do poder instalado.
O Dragão não se limita a ser um estádio. É um espaço de resistência, um palco onde se projeta a alma de um povo que recusa viver de joelhos. Em cada corrida, em cada duelo, em cada golo festejado, ecoa uma história que não se limita ao futebol: é a voz do Norte contra a arrogância de um sistema que, desde sempre, procurou subjugar-nos.
Este jogo simboliza o confronto entre duas visões: de um lado, a máquina favorecida pela capital, habituada ao conforto das estruturas, da proteção mediática e política; do outro, o clube que fez da luta a sua maior arma, que cresceu contra a corrente, que nunca esperou favores e que se habituou a conquistar pela sua própria força.
Mas não basta olhar para os onze que entram em campo. Nós, adeptos, somos parte integrante desta batalha. Cada cântico, cada bandeira erguida, cada minuto de apoio é mais do que paixão clubística, é o testemunho de que o Porto é um povo inteiro que não se resigna. As nossas vozes tornam-se muralhas, os nossos gestos transformam-se em resistência.
No domingo, quando o clássico começar, estaremos a participar num ato de afirmação coletiva. Que cada um de nós sinta que é chamado a desempenhar o seu papel. Porque juntos somos mais fortes, e cada vez que o FC Porto se ergue, é toda uma região, é todo um povo que mostra que não se vergou, não se rende, não se cala.
Que este jogo seja mais uma vez o espelho da nossa alma: combativa, orgulhosa, imortal.