Dizer que “a direção desportiva está morta” se o Anselmi sair é um exagero.
Seria um erro assumido. Mas é futebol. E no futebol, decisões são corrigidas assim.
Aliás, acontece nos melhores clubes do mundo.
Os resultados não aparecem, o balneário não responde, a ideia não pega — muda-se.
Já tivemos Del Neri, Fernandez e Couceiro em 2004/2005.
Até o Real Madrid em 2018/19 teve Lopetegui, Solari e Zidane… tudo na mesma época.
Ninguém disse que Florentino Pérez estava “morto”.
E mais: dizer que a direção “morre” por isso é ignorar que muitos projetos desportivos têm problemas nas primeiras decisões — e depois acertam.
O importante é corrigir a tempo, reagir com inteligência, e escolher melhor a seguir.
Agora… e se não resultar?
Mudar não é falta de plano.
É perceber que o plano tem de ser corrigido antes que o buraco seja maior.
É agir antes de comprometer a época seguinte.
É proteger o clube acima de tudo.
Aliás, ter convicção não é agarrar-se a uma ideia até ao abismo.
Convicção verdadeira é olhar para o que está a falhar e dizer: “Isto não serve. Vamos fazer melhor.”
E isso é exatamente o contrário de andar ao sabor do vento.
Ao contrário do que se quer pintar, isto não é falta de rumo — é liderança.
Como é que pode haver assim tanta convicção de que não serve se nem sequer se investiu a sério nessa ideia? Ou será que tirar os 2 melhores jogadores do plantel foi investir na ideia e no treinador?
Mourinho levou 3 secos do Belenenses, perdeu em casa com o Beira Mar, arrancou o 3° lugar a ferros, e depois? Foi corrido ou foram-lhe dadas as condições que ele queria?
Podem vir dizer que apesar de alguns maus resultados o Mourinho mostrou mais que Anselmi mas a base que tinha à partida era muito melhor que a de agora. Baía, Ricardo Carvalho, Jorge Costa, Jorge Andrade, Costinha, Paredes, Deco, Alenichev, Capucho, era uma base de plantel muito boa, agora não há nada parecido.
Liderança, para mim, também é, não descartar ao 1° revés. E é só olhar bem para a história do futebol nacional e mundial para se constatar quantos casos não houve de treinadores que começaram muito mal e que depois conseguiram ser muito bem sucedidos. Rúben Amorim foi o último, no Sporting. E quem sabe se não vai ser a mesma coisa, no MUnited.