O argumento dos “trade-offs” é real…
Claro que todas as táticas têm prós e contras. Um modelo de pressão alta pode expor-te nas costas. Um bloco baixo pode atrair demasiada pressão. Nada disso está em causa.
O que está em causa é que os benefícios que devias estar a tirar desse modelo… não estão a aparecer.
Dás o exemplo do Barcelona: pressionam alto, sofrem transições… mas criam imenso, têm jogadores entrelinhas, movimentações coordenadas, padrões de jogo ofensivo.
No FC Porto do Anselmi não vejo isso.
E esse é o ponto central.
Se ofensivamente produzisses muito, compensavas as fragilidades defensivas.
Mas não é o que está a acontecer.
Sim, tivemos mais de 70% de posse contra o Moreirense — e o que é que dela resultou?
Posse para o lado, sem grande progressão, sem presença constante em zonas de finalização, sem desequilíbrio, sem ideias…
Não foram todos os ”jogos maus”. Mas o problema é a ausência de evolução.
Sim, todos os jogos não foram um desastre total como contra o Estrela ou contra o Regime.
Mas e então?
Estamos a falar do FC Porto. Não é suposto que de 10 jogos, 3 tenham sido maus e 2 sofríveis e 5 aceitáveis.
É suposto que, com semanas limpas para treinar, haja evolução. Melhoria. Clareza. Consistência.
O que se vê, pelo contrário, é repetição de erros, pouca criatividade, dificuldade em desequilibrar equipas bem organizadas — e zero ideias no último terço.
A questão nunca foi “exigir um modelo perfeito”. É exigir um modelo funcional
Ninguém está a pedir que Anselmi invente o futebol total.
Mas pede-se o mínimo
Ocupação racional dos espaços
Ligações entre setores
E um padrão claro, que se reconheça, mesmo que a execução nem sempre funcione.
Neste momento, o que se vê são 11 jogadores em campo muitas vezes na espera que o Mora consiga produzir o efeito placebo, ou que o adversário cometa um erro.
Isso não é modelo.
Não se trata de certeza cega contra o Anselmi.
Trata-se de ver, semana após semana, que não há evolução ofensiva, nem aproveitamento da posse, nem clareza nos comportamentos — com ou sem bola.
Como não sou dado a fezadas, pela falta de evolução tenho muitas dúvidas que a sua continuidade seja a melhor opção. É a minha opinião.