bvilela disse:
@kal-el
Entre Artur Jorge e Paulo Fonseca há assim tantas diferenças?
Tirando o facto de um ter sido durante 13 anos jogador de 4 dos 5 maiores clubes da altura (FC Porto, Benfica, Belenenses e Académica), 2 vezes melhor marcador do Campeonato, e de o outro nunca ter passado do Guimarães durante 2 épocas e de forma muito discreta...
Tirando o facto de um ter sido treinado por Otto Glória, Mário Wilson, Fernando Cabrita, Jimmy Hagan, Peres Bandeira e António Medeiros e de o outro ter sido treinado pelo Filipovic e pelo Quinito...
Tirando o facto de um ter aprendido a carreira de treinador com o Mestre Pedroto, do qual foi adjunto, e de o outro não ter tido mestre que se conheça...
Tirando o facto de um ter sido Campeão Europeu, 3 vezes Campeão Nacional, 1 Taça de Portugal, 3 Supertaças, 1 Campeonato de França, 1 Taça de França, 1 Supertaça de França e de ter sido seleccionador nacional por 2 países (para além das conquistas menores que obteve quando foi para a Rússia e para as Arábias) e de o outro ter ganho 1 Supertaça e 1 Taça de Portugal...
Tirando isso, não, não vejo grandes diferenças entre Artur Jorge e Paulo Fonseca.
Ó pá, se há coisa que eu não sou é radical. Sabem que não gosto de insultos, seja aos nossos, seja aos adversários. Seja pela idade, seja pelo feitio, costumo ser racional e raramente me deixo levar pela emoção.
Mas aquela tua frase deixou-me alterado e profundamente emocionado. O Artur Jorge nasceu e viveu no Porto, jogou no Porto, marcou golos no Porto e já era um dos nossos quando cá chegou como treinador. O resto é o que se sabe. É o nosso Artur Jorge, o mesmo a quem um tumor cerebral levou grande parte da sapiência de treinador, o mesmo a quem um outro tumor cerebral levou a filha de apenas 22 anos.
E não, não eram iguais no momento em que ingressaram no FC Porto. Separava-os um mundo naquele momento. O Artur Jorge já fora um rei no futebol português antes ainda de ser coroado nas Antas como o rei Artur, tivera a sorte de prosseguir os estudos em Filologia Germânica e de escrever livros de poesia (parece que não, mas faz diferença). Acima de tudo, aprendera com Pedroto. O Paulo Fonseca tivera uma passagem discreta pelo futebol português e andava a servir cafés em Pinhal Novo dois anos antes de chegar ao Porto - actividade tão digna como qualquer outra, mas longe de preparar para o futuro que acabou por ter.
Não me verás a dizer mal do Paulo Fonseca, como muitos aqui fazem. Foi um profissional honesto do nosso clube. Teve azar na altura, mas tirando isso, a vida tem-lhe sorrido. Ao contrário do nosso Artur Jorge, que, por mais rei que tenha sido, deve ser hoje o mais infeliz dos homens.
Não me leves a mal, mas por favor não faças esse tipo de comparações. O nosso Artur Jorge não o merece e o Paulo Fonseca também não.