Não consigo esconder uma profunda desilusão por esta opção. Não por suspirar por uma suposta Academia na Maia, porque isso há muito tempo que deixou de ser discussão. Também não me dá nenhum tipo de consolo ler "mas os outros em 40 anos não fizeram nada, agora ao menos temos alguma coisa", porque, primeiro, o que não foi feito no passado não torna a má decisão de hoje numa boa decisão. Segundo, porque tínhamos a "vantagem" de, ao não ter nada, poder fazer algo de raiz pensado de forma a resolver grande parte dos problemas que temos hoje, sobretudo a nível logístico, e vamos fazer algo que pouco resolve. Ou seja, vamos gastar cerca de 50 milhões (sim, são 50M os custos entre CAR, intervenção no CTFD e nova Casa do Dragão) e vamos continuar com um caos logístico terrível para a maioria dos nossos atletas.
Isto porque enquanto a logística dos nossos atletas envolver 3 pontos que estão demasiado distantes em termos geográficos (local de treino, residência e escola), vamos continuar a ter caos. Enquanto o nosso espaço de treino não der resposta para suportarmos os treinos de 17 equipas/11 escalões (e estou a falar apenas do masculino), vamos continuar a ter caos. Enquanto não tivermos espaços de jogo para todas estas equipas, vamos continuar a andar com a casa às costas ao fim de semana.
Não só o CAR+CTFD não resolve o caos logístico da Formação, como condena a Formação a mais 20/30 anos desse caos, porque não se faz um investimento desta magnitude para passados meia-dúzia de anos se começar nova obra para resolver os problemas que ficaram por resolver.
E para ser claro, o CAR+CTFD não tem por onde se expandir. Ainda se tentou acrescentar mais um campo ao CTFD, alterando a disposição dos campos atuais, mas tal não será possível. Ou seja, será esta a nossa realidade para os próximos 20/30 anos. Serão gastos 50 milhões em algo que irá manter a nossa Formação com piores condições que qualquer um dos nossos rivais diretos e até do Braga. Sim, será melhor do que o que temos agora, mas fico triste com esta falta de ambição, esta falta de arrojo. E existiam alternativas. Não houve foi coragem para se romper com uma mera promessa eleitoral.