Não se pode colocar tudo no mesmo saco. O Chega agrega ali eleitores de extrema-direita e ultra-conservadores que não vão mudar, nem há interesse de outros partidos em atraí-los, no entanto constituem uma pequena parte do eleitorado do chega. Grande parte do eleitorado do Chega são nichos de trabalhadores, captam-nos passando a mensagem de que vão lutar pelos direitos deles e que a esquerda não se interessa por eles, em parte têm razão, a esquerda e parte da direita, revelaram desinteresse por estas classes e este eleitorado, menos instruído, menos oportunidades, menos "mundo", vê no partido a solução para os seus problemas. Muita gente quer pouca coisa dos políticos, querem que estes olhem para determinados problemas do seu quotidiano, olham para os vários partidos e vêem-nos a preocuparem-se com coisas tão supérfluas e a ignorar questões básicas, mas como representam uma percentagem relativamente baixa do eleitorado, poucos partidos lhes dão importância. Aparece um Chega, percebe perfeitamente que questões deve abordar para captar determinado eleitorado, faz uso de populismos baratos, mente e naturalmente atrai este tipo de pessoas.
Muita gente não vai mudar de opinião, mas muitos outros podem perfeitamente mudar, não se pode é meter toda a gente no mesmo saco e dizer que é toda a gente burra e estúpida a votar no Chega, há pessoas com uma vida sofrível, que não têm qualquer tipo de apoio do estado, a trabalhar no duro e querem pouca coisa dos políticos.
Não é por acaso que o André Ventura está à frente do Chega, é um aldrabãozeco, um gajo com estudos, cheio de lábia, bastante conhecedor do meio político e não é qualquer um que se envolve numa discussão ideológica com um gajo assim, sabendo o que isso acarreta.
Faltou-me dizer isso John.
A esquerda hoje preocupa-se mais com questões identitarias e de género, do que com as questões sociais e económicas.
Por exemplo ontem vi uma das Mortágua toda indignada no Twitter, porque a fnac tem uma seleção de livros para homem e para mulher... Tipo como sugestão para oferecer no natal.
Estamos no meio de uma pandemia, virá a maior crise económica e social da história das democracias liberais, já existe uma crise brutal em surdina e um alto dirigente do bloco está preocupado com as escolhas duma empresa privada.
Depois acordam no dia a seguir às eleições petrificados, indignados, a insultar o povo e a perguntarem-se o que é lhes aconteceu.
Um bolsonaro chegou ao poder, não foi por causa de questões morais nem de género, foi pela pobreza e pela criminalidade.
Houveram ditaduras nos anos 30, não foi pela corrupção nem por questões de género, foi pela fome e por uma ausência de esperança no futuro.
A morte da esquerda radical vai ser esta e eles ainda não se aperceberam.
Falam em códigos uns para os outros. Formam uma elite, que eles tanto odiavam, que se agradam uns aos outros.
Chamam deploráveis e facistas e quem se atreve a questionar seja o que for.
Deixaram de lutar pelo povo e passaram a lutar pelas suas causas pessoais e pelos seus ideais.
O PC fazia isso, conheço tanta gente, mas tanta, que votou PC toda a sua vida ( mesmo não sendo comunista ) que vão votar no chega.
Votavam porque sentem que os comunistas os defendiam e falavam para eles, e deixaram de votar porque eles entraram na negociata da geringonça.
O chega bem substituir o PC em termos de votantes, que com muita pena minha vai acabar por definhar.