Ainda há três dias o JN publicou um vídeo com o Estado Islâmico a executar 200 crianças. Nem era "alegado", foi apresentado assim, limpinho limpinho. Eu em 5 minutos e com o google consegui perceber que o vídeo afinal tinha mais de um ano, que não eram crianças a ser executadas mas sim soldados sírios, e até consegui determinar a origem dos combatentes e a batalha que levou àquele abominável final.
No entanto basta um puto de 11 anos meter uns pixels por cima dos soldados, dizer que estão a matar crianças, meter isso no facebook ou no twitter, e passados poucas horas vais ter jornalistas profissionais a apresentar aquilo como um facto, e a citarem-se uns aos outros - neste caso o JN citou o Daily Mail.
A verdade é que os media estão a tornar-se lixo absoluto. Não verificam factos, não são imparciais, não são sequer compostos por profissionais inteligentes e com bom senso. Até organizações tradicionalmente respeitadas como a BBC foram severamente criticadas ontem pelo tipo de cobertura dramática que estavam a dar aos factos. Até jornalistas a pedirem a vítimas encurraladas, via telefone, para contarem os cadáveres à volta deles se ouviu. Só querem sangue e medo.
O problema é que as implicações disto vão muito mais além de simples erros que podem ofender a susceptibilidade das pessoas. Uma sociedade democrática nunca funcionará sem as pessoas terem acesso a informação de qualidade para poderem tomar as suas decisões.
O jornalismo desportivo já não merece ser considerado como um parente pobre do "outro" jornalismo. Padece todo de um problema global.