Acho que quando falamos do Ruben Neves há uma tendência clara ao exagero.
De um lado aqueles que viram sempre no Ruben Neves a ultima coca-cola do deserto, um jogador de topo e o novo grande 6 da europa quando ele não passava (e ainda não passa) de um miúdo. Do outro lado aqueles que agora, numa fase menos boa, olham para o Ruben Neves como um jogador banal e pouco mais, coisa que ele claramente não é.
Convém não esquecer que estamos perante um miúdo de 18 anos, que saltou directamente de uma equipa de Sub-17 para a equipa A sem passar por Sub-19 ou equipaB. Foi um salto enorme na carreira de um menino que tem que ser gerida com imenso cuidado. Por vezes as pessoas acham que isso nada interessa e que as etapas de formação são uma treta mas as coisas nem sempre são bem assim. A intensidade de jogo, a intensidade de treino e tudo o que isso implica são completamente diferentes da formação (e estamos a falar de sub-17) para o futebol profissional (equipaA).
O Ruben é um jogador com pouca intensidade física e que se destaca pela inteligência de jogo, capacidade técnica e posicionamento. Acontece que o Ruben passou para a equipa principal com um treinador que apostava numa circulação e bola levada ao extremo e lenta, o que beneficiava em grande medida as características do jogador. Agora, com um estilo de jogo que pede mais velocidade e intensidade o jogador sai prejudicado e precisa de se adaptar. Convém não esquecer que o Ruben só tinha tido um treinador enquanto jogador de equipa principal e, por isso mesmo, só tinha jogado num sistema de jogo e com uma filosofia de jogo.
O Ruben é um excelente jogador e que vai dar muito ao FC Porto, mas é ainda um miúdo em fase de crescimento, por isso não queiram fazer dele o patrão do nosso meio campo. É normal que esteja a passar por maiores dificuldades nesta fase de adaptação a métodos e ideias que são totalmente novas para si, mais ainda quando, com a frequência de jogos e competições há muito pouco tempo para treinar a sério. Com tempo as coisas vão aos sitio e voltaremos a ter o grande Ruben Neves em campo. Não podemos é cair no exagero de o ver como um jogador do melhor que há na Europa (que não é, pelo menos ainda) e de repente, porque as coisas correm menos bem, ver nele um jogador absolutamente mediano e banal (que também está muito longe de ser).