Ascensão e queda de uma estrela
Quatro décadas de uma longa caminhada de esforço, inteligência e talento, onde os tropeções foram sempre perdoados, terminaram num banquete, no Olimpo do capital e do poder.
Quem esteve no banquete não foi o orgulho dos portugueses, foi um príncipe saudita vassalo de Mohammed bin Salman que o integrou na comitiva, o patrão que o alugou para limpar a imagem de recordista de execuções das teocracias islâmicas, do homem que mandou desmembrar um jornalista honrado na sua embaixada, na Turquia, devolvido em pedaços na mala diplomática.
Os elogios de Donald Trump, as palmas dos bilionários e a consagração com selfies, rodeado dos donos das redes sociais, foram um conforto para o ego do desportista, mas uma desilusão para muitos que o apoiaram.
Não se esperava que fosse ali defender os direitos humanos, os imigrantes ou a paz, mas podia não ter ido. Ninguém pode prejudicar um negócio de mil milhões de dólares.
Depois de uma semana, em que declarou admirar Trump, disse como via a sua mulher, todas as mulheres, na subalternidade que mora nas mentes reacionárias, e foi expulso de uma competição desportiva da modalidade onde foi dos mais talentosos de sempre, por mau comportamento, a Semana Horribilis terminou no Olimpo do poder a brilhar e caiu no rio Hades a escorrer vergonha.
Desceu dos píncaros da fama aos subterrâneos da decência com o cartão vermelho da última competição desportiva.