Eu não ligo nada à selecção, mas houve aqui dois temas trazidos à colacção sobre os quais me interessa dizer algo.
O primeiro tem a ver com o próximo seleccionador e as culpas efectivas deste. Não gosto do Paulo Bento, nunca gostei (como também não gostei, nem gosto, nem um bocadinho do Carlos Queiroz). É pouco mais do que básico a nível táctico. Consegue, de facto, que os jogadores assimilem em pouco tempo as principais ideias que ele quer transmitir no seu modelo, mas já não tem destreza para fazer variar o dito modelo quando é preciso. Em termos de personalidade, irritam-me aqueles tiques de pseudo-autoritário, assente numa teimosia que só lhe traz, a ele e às equipas que treina, prejuízos.
Outra coisa é a matéria-prima que ele tem à disposição: a que utiliza e a que não utiliza. A que utiliza é fraca e está gasta, mas devia chegar e sobrar para ganhar descansadamente a qualquer Albânia desta vida. Incompetência dele. A que não utiliza, não se iludam, é melhor do que esta nalguns sectores, mas nunca a um nível acima do suficiente. Incompetência dele mais uma vez, porque não sendo superior ao suficiente, devia merecer oportunidades, quando quem já lá anda havia demonstrado em pleno mundial não dar a menor das garantias.
Sobre um sucessor de Paulo Bento, tenho dúvidas das capacidades de um Vítor Pereira em fazer a remodelação que se pede. E mesmo que a faça, não creio que o nível exibicional subirá para níveis aceitáveis. Não tenho a admiração pelo VP que alguns de vocês têm, nem vejo nele a qualidade que vocês vêem. Como não tenho, novamente, admiração pelo Paulo Bento ou pelo Carlos Queiroz. Não queria nenhum dos três a treinar o Porto. E o que digo para estes, diria sobre um Fernando Santos, por exemplo.
O ideal seria encontrar um Lopetegui com mais curriculum. Não é fácil e, além disso, viria logo a tropa nacionalista torcer o nariz a um estrangeiro. Agora, do que não tenho dúvidas é que ali é precisa uma varridela de cima a baixo: no escalonamento dos jogadores por parte do seleccionador, na metodologia de treino utilizada e na relação futebolistas/técnico.
O outro ponto tem a ver com a possível obrigatoriedade dos clubes passarem a ter de jogar com um número fixo de futebolistas portugueses nas provas nacionais. Mentalizem-se: os clubes não servem para abastecer as selecções. Além disso, vivemos num mundo global, esses patriotismos farão sentido para alguns, mas não fazem nenhum sentido para outros. A implementação de uma medida destas significaria praticamente a morte do futebol nacional a nível de clubes.