sinceramente surpreende-me que haja quem se surpreenda com o espectáculo proporcionado pela Selecção.
- uma Selecção onde vários jogam por decreto (ver a equipa titular no Euro 2012 contra a mesma Alemanha torna as coisas algo óbvias), independentemente do rendimento em campo, das alternativas disponíveis, de lesões recentes ou da maturidade psicológica.
- uma Selecção em que a superação pessoal não é um objectivo imediato porque ou és titular e jogas independentemente do que o teu concorrente mostrar, ou porque vais para o banco e não jogas independentemente do que mostrares.
- uma Selecção onde se promove até à exaustão o individual em deterimento do colectivo.
- uma Selecção que, tendo o melhor do Mundo, em vez de aproveitar o facto do adversário concentrar as suas atenções no mesmo, o procura incessantemente, exigindo-lhe tudo e desresponsabilizando os restantes do seu papel.
- uma Selecção que não se questiona quando as coisas correm mal, que não se responsabiliza e que não exige sempre mais de si mesma.
- uma Selecção que recorrre insistentemente ao recurso a justificações externas para justificar os seus falhanços. é capaz de dizer que esteve mal.. mas.. vem sempre um "mas" a seguir.
- uma Seleção onde se premeia a mediocridade, depois de uma campanha para o Mundial pouco mais que mediana, se premeia o seleccionador com um novo contrato mesmo antes de este o merecer pelo que eventualmente fizesse no Brazil.
- uma Selecção onde não se trabalham as diversas lacunas quer técnicas (o jogo do Patrício com os pés é crónico), quer tácticas (a inconsequência e banalidade da nossa ideia de jogo, se é que existe) quer mentais (continua a permitir-se que um jogador com 31 anos - não é nenhum miúdo - com historial de extrema imaturidade/agressividade na abordagem ao jogo se julgue acima de tudo e de todos quando colocado numa situação de stress competitivo, com claro prejuízo para a equipa).
- uma Selecção sem tomates para mandar para casa um jogador que, sem razões para isso, decide continuar com a sua vendetta pessoal de confronto constante, que longe de ser momentânea e inesperada, continua a ser negligenciada, prejudicando todo um grupo.
- uma Selecção que se julga O bastião da Portugalidade e que exige apoio incondicional independentemente do carácter de que muitas das suas acções são demonstrativas.
- uma Selecção sem historial vencedor, e, ainda pior, com historial de falta de estofo quando confrontada com momentos decisivos, que continua a ser promovida como algo que não é e que nunca foi, e que acredita piamente em tudo isso, com base na graça divina porque em concreto pouco mais o justifica, com óbvias consequências na incapacidade de lidar com o insucesso.
- uma Selecção que não merece os adeptos que tem, que não merece as condições que lhe são proporcionadas, que não respeita quem a questiona, que não se dá ao respeito, que não merece ter o melhor do Mundo, e que definitivamente, embora merecendo o meu carinho enquanto símbolo do que podia representar (e que fico sempre à espera da altura em que o possa realmente fazer), não merece o meu apoio por não representar o melhor que Portugal tem para dar.
quando confrontado com as palavras do seleccionador, quando ele diz que "reformular tudo seria o maior erro que podíamos fazer", lembro-me do primeiro jogo com a Grécia no Euro 2004. para o jogo seguinte, e para o resto da competição, mudou-se de facto (quase) tudo. e as coisas melhoraram. havia um plano B. por muito que não fosse fruto do trabalho do seleccionador. desta vez, pelo que se entende pelas palavras do Paulo Bento, não existe esse plano B. ninguém o trabalhou e o "ofereceu" à selecção como em 2004. mas pior do que isso, ninguém na Selecção o encarou como trabalho de casa necessário. por muito que seja para isso que estão lá.
por tudo isto, a Selecção que tenha nos próximos jogos o quase nada que merece.
já em relação a Portugal, siga para a frente, cabeça levantada, até os comemos caralho!