Advogada de Fernando Saul apresenta as suas alegações e atira contra Villas-Boas
Cristiana Carvalho, em representação do ex-Oficial de Ligação aos Adeptos do FC Porto, faz agora as alegações.
"Este julgamento foi uma tentativa de arranjar bodes expiatórios, até face ao elevado aparato policial", começou por afirmar, respondendo depois à advogada do assistente FC Porto, que apontou "uma afronta" de uma mensagem de Fernando Saul aos amigo.
"Uma afronta foi André Villas-Boas ser candidato, porque o atual presidente mentiu a todos quando disse que não se candidataria e apunhalou Pinto da Costa pelas costas", respondeu.
"Saul exerceu um cargo no FC Porto por mais de 20 anos o qual terminou porque fez um acordo de saída. Não sei o que Fernando Saul fez para estar aqui. O Tribunal não deu por provado os factos. Este processo não passada de uma falácia. Não perceberam que estão a arrastar adeptos. O que é que o meu cliente fez para estar aqui sentado? Nem sequer foi impedido de exercer o seu cargo no FC Porto. Pedir penas de prisão para todos, seis delas efectivas, é chocante. A justiça é tirania disfarçada de processo. São acusados de mais de 30 crimes em co-autoria. A defesa requer a absolvição sem sombra de dúvidas", prosseguiu Cristiana Carvalho. E continuou:
"Fernando Saul foi injustamente arrastado para este processo. O Ministério Público imputa a prática de mais de 30 crimes, mas a prova produzida revelou-se insuficiente e contraditória para justificar a conduta de Saul. Saul sempre contestou a acusação, rebateu a sua posição nos eventos, reiterando a sua inocência. Epicentro da acusação, a alegada acusação a Tagarela. O próprio Henrique Ramos em sede de inquérito inocentou Fernando Saul. É um elemento de prova esmagador que deveria fazer desmoronar a acusação. O arguido reconheceu a mensagem, mas rebateu-a ao assumir que foi um modo de incentivar os companheiros a questionarem sempre a liderança. A publicação de Tagarela no X, onde chama Saul de “grande mentiroso” corrobora a defesa. A agressão foi uma fantasia. Também a ausência de prova de uma ligação de Saul e os restantes arguidos. Autos não têm nenhuma prova dos factos, nem há nenhuma prova testemunhal."
"Provavelmente foram ditas coisas que não se podem dizer na igreja, mas não se estava na igreja, estava-se numa AG que já se previa ser quentinha. Nessa AG havia um candidato de idade elevada, com 42 anos de provas dadas e um putativo candidato que sempre disse que nunca se candidatira contra Pinto da Costa. Para estes senhores aqui julgados isso foi sentido como uma traição e quem não se sente não é filho de boa gente. A reação foi de apoio a Pinto da Costa. Mais, nenhuma testemunha arrolada era apoiante de Pinto da Costa. Parecia que foram convocados por convite especial para uma festa particular. Aqueles da mesa da AG que tinham responsabilidades são os mesmos que mantiveram os cargos e ainda foram promovidos. São os mesmos que não chamaram a polícia e que disseram que a AG não era um evento desportivo, mas sim um evento privado. Em que ficamos? A AG foi um evento privado ou desportivo?"
"Passar à frente na fila não é crime, se fosse até o atual presidente do FC Porto estaria ali sentado. Arranjar pulseiras não é crime, quanto muito alvo de um processo disciplinar do clube. Num universo tão vasto de testemunhas possíveis, o MP público arrolou um restrito leque de opções, estranhamente só oito meses depois de ocorridos os factos e com relações familiares com alguns dos dirigentes. João Begonha [vice-presidente do FC Porto] foi quem liderou a angariação das testemunhas. Exercício descarado de quem diz querer colaborar com a Justiça. Isto sim foi um plano contra Fernando Madureira. Tudo feito sem pudor e com total arrogância. Bastará uma simples pesquisa para verificar que essas testemunhas foram compensadas com cargos nos órgãos sociais do clube. Para o MP isto foi um atentado terrorista de 12 pessoas que se conheceram nos calabouços da Bela Vista quando foram detidos."