Crónicas

Nótulas Futebológicas: Cúpido Óliver em História de Amor Perfeita

Nótulas Futebológicas: Cúpido Óliver em História de Amor Perfeita
Como parar os 3 rapazes de Liverpool

Se o Futebol fosse o livro de Génesis, a Champions seria o Paraíso. Neste dia, enamorados pelo belo jogo, cujo coração é esfera pontapeada, o amor esvoaça. Mas a paixão está no sacro relvado do Dragão, onde onze jogadores não caminharão sozinhos rumo à glória.

O Liverpool é uma equipa que aposta na velocidade individual e simplicidade de processos para chegar a zonas de finalização rapidamente, em ligações preferencialmente verticais. Lança ataques rápidos e explora habilmente o contra ataque. Constantemente em toada frenética, falta-lhe sabedoria para pausar o ritmo, respirar com posse, ter bola em circulação apoiada. Predatório ofensivamente, deixa espaços por explorar no momento da perda.

Sabendo que a profundidade é a sua maior arma, monta um bloco médio/baixo para atrair, convidando a construção sustentada desde trás. Num 4x5x1 com espaçamento excessivo entre linhas, os extremos fecham também por dentro, junto dos médios. Recuperando a bola lançam os velocistas de pronto, mas esta estratégia permite facilidade de incursão adversária entre sectores ou exploração da largura dos laterais para condução livre.

Neste quadro, o Porto deverá voltar ao 4x3x3, com três médios puros, equilibrando assim a batalha por dentro. Óliver poderá entrar neste “encontro surpresa”, com Herrera e Sérgio Oliveira, ser o tal jogador que explore o fosso entre linhas oponente (dialogando com a predisposição ofensiva dos laterais e arriscar no último passe, algo em que tem de ganhar confiança). “Namorar com os colegas” variando o centro de jogo, “aproximando” sectores e abrindo o bloco contrário.

Esperando um Liverpool com Wijnaldum no equilíbrio (pivot defensivo), soltando Henderson na precisão de passe em desmarcação e Chamberlain em transporte ou rupturas de dentro para fora (permutas com extremos), os dragões devem aglomerar muitos elementos no corredor central, baixando mais a zona de pressão do que o habitual (bloco médio), sem nunca, no entanto, descurar a intensidade. Importantíssimo inviabilizar ligação miolo/ataque, arriscando mesmo a exposição às subidas dos laterais (elementos individualmente mais débeis).

Acompanhando este pensamento, a titularidade de Maxi seria interessante para a robustez e cultura defensiva, com Ricardo um pouco mais à sua frente. Quando não for possível estancar as solicitações para os três magos do golo (Salah, Firmino e Mané), jogadores fortes no um-para-um, como é o caso deste binómio, serão mais difíceis de ultrapassar. “Almas gémeas” em momento defensivo (encurtamento, contenção, equilíbrio), dançam ao mesmo ritmo nos desdobramentos quando em posse (subidas alternadas e respeito mútuo pelas mesmas). Podem ser a “história de amor perfeita” para esta noite de romance futebolístico.