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PDC24: Renovação Surpreendente?

Artigo de Opinião: Manuel Oliveira, Economista, Associado do FC Porto.

O Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa sempre teve a sua dose de imprevisibilidade e esta semana voltou a surpreender, com o anúncio de um projeto de renovação e de contemporaneidade que ninguém se atrevia a imaginar. Portanto, vamos ter de facto disputa eleitoral.

Esta decisão de Pinto da Costa parece demonstrar um conjunto de fatores e de sinais relevantes. O primeiro é a coragem. A coragem de ir à luta, de não ter qualquer tipo de receio e até de ter a bravura de escolher o Coliseu, onde cabem 2.500 pessoas, e não 500. Surpreendente?

O segundo é que Pinto da Costa, se vai mesmo apresentar a candidatura, parece preferir um modelo em que assegura a passagem para uma equipa que ele escolhe para assegurar o futuro do clube, ficando ele a assegurar a passagem dentro do mandato, do que um futuro decidido entre listas de outras listas, eventualmente com menos tração na preparação.

O terceiro é que Pinto da Costa entende que estão reunidas as condições para as três grandes condições que decidiu impedir a si mesmo: contas positivas e melhoria dos capitais próprios, apuramento para a Champions e situação da Academia a avançar – independentemente das soluções, é muito bom sinal.

O quarto é que Pinto da Costa já terá decidido por uma equipa. E já saberá, pelo menos na sua cabeça, como passar desta direção para a seguinte, e garantindo aquilo que entende necessário para o clube continuar com sucesso desportivo, mas passar a ter autonomia financeira e capacidade de crescimento ímpar. Seja quem forem as suas escolhas, é uma grande novidade. Aguarda-se com muita expectativa quem são as escolhas do presidente para perceber os níveis de evolução,, sendo esperado que mantenha Baía.

O quinto é o amor do presidente pelo clube. Com a idade que tem, continua a pôr o clube à sua frente e consegue sempre encontrar forma de se reinventar para minimizar riscos no clube, por muitos erros de gestão que tenha feito – e fez.

Finalmente, parece provável que o presidente tenha encontrado com a sua equipa uma forma de garantir financiamento estruturado para o futuro e para que o clube possa desenhá-lo com menos sobressaltos, algo que é crucial nesta fase da vida do mesmo.

Por outro lado, os sinais que chegam do Todos Pelo Porto já mostram sofisticação na comunicação, alinhamento entre as partes e a uma só voz e a força e energia do que é necessário para ganhar umas eleições, que só acontece quando os que lutam por ela acreditam profundamente na autenticidade da substância que lhe está subjacente, na liderança e na forma como esta pensa o futuro. Nesta dimensão, o Presidente parece estar a encontrar a forma de o fazer, aglutinando o capital de confiança para um modelo de transição ímpar e que pode ser outra página de sucesso do dirigente desportivo mais titulado do mundo, independentemente do desporto, do país e da era.

Aos sócios, Pinto da Costa deu mais do que um sinal de coragem e de como acha que deve ser o futuro: sinalizou como acha que deve ser um lançamento democrático, inclusivo e plural: aberto a todos, em vez de um grupo de convidados reservado, sem lugar para o sócio anónimo que é a alma deste clube: o site “Todos Pelo Porto” (todospeloporto.pt) convida todos os sócios e até os adeptos a irem ao Coliseu saber mais sobre o futuro do clube, sem elitismos e protocolos: só Porto, tanto o de Ramalde como o de Contumil, tanto o da Foz como o de Miragaia, com a alma e as pessoas primeiro. E isso não pode ser negligenciado. Veremos se se confirma e como decorre este momento no Coliseu, que independentemente de tudo, será um momento único e épico na História do FC Porto.

Para que tudo isto funcione, Pinto da Costa terá de escolher a equipa certa e um programa de futuro que honre o passado mas tenha profundidade, mas terá de saber também ser o Chairman perfeito, que comanda a orquestra, afinal o que não estiver preparado e transforma este corajoso ato de amor pelo clube num plano que operacionalize um futuro sustentável e credível, que garanta que a decisão de lhe confiar esta missão por parte dos sócios do FC Porto não seja baseada em gratidão, mas porque acreditam que uma transição de renovação que inclua o experiente Presidente e uma equipa nova tem mais probabilidade de atingir os objetivos que todos queremos para os próximos 10 ou 20 anos do que qualquer outra solução, seja de quem e com quem for.

Artigo de Opinião: Manuel Oliveira, Economista, Associado do FC Porto.