Tudo é para ganhos eleitorais. A questão é que a posição do governo sobre esse tema corresponde à opinião generalizada das pessoas, ao contrário da ação do governo Costa que...enfim. Essa posição é a moderada no meio disto tudo, conforme evidenciado pela mudança de discernimento de PNS e de Alexandra Leitão.Bom, mas essas declarações não se encontram de todo deslocadas da realidade. Tem havido um empolamento desses temas por parte do próprio governo/partidos da coligação, imagino que com a pretensão de obter ganhos políticos relativamente ao Chega. Usando o conceito que entretanto se popularizou, pelo menos é essa a percepção que tenho. ... o mesmo acontece noutros países, a direita tradicional pisca o olho ou adapta mesmo a forma ou o conteúdo das direitas radicais. Não é particularmente inovador, apenas não me agrada.
Não sei se seria um enorme erro. O sistema político português encontra-se inclinado para a direita, seguindo muitos outros congéneres. Facilmente se acusam políticos de esquerda ou de centro-esquerda de tenebrosos extremismos. Quais são, afinal, as posições políticas radicais de Alexandre Leitão? ... que não cabem num partido como o PS. Poderíamos notar, quanto à evolução dos partidos, que o PSD actual não é o de Sá Carneiro. O que diria Sá Carneiro do líder Passos Coelho e do seu PSD?... bem, seja como for, não sei até que ponto o centrão, ou a timidez política, se adequará ao dias que correm.
Congratulo-me com a existência de diferentes vozes e graduações de esquerda, pois encontramo-nos num tempo em que elas são necessárias. De há décadas para cá, a economia global assenta em princípios de direita. Vivemos agora a ascensão da extrema direita. ... precisamos urgentemente de outras perspectivas e actores políticos.
Moedas rebateu a informação. Mas enfim, são questões laterais.
O sistema político português encontra-se historicamente inclinado para a esquerda. E é normal que assim seja, depois de uma ditadura de direita. O facto de termos uma maioria de direita no parlamento não muda isso.
A Alexandra Leitão, na sua juventude, era muito próxima de grupos de extrema-esquerda na FDL. Ainda que tenha aderido ao PS enquanto estudava na FDL.
Enquanto governante, foi péssima: o fim dos contratos de associação foi uma decisão sua, um completo desastre que deixou os filhos de muitas famílias de classe média e de classe baixa sem um ensino de qualidade. Entretanto, tinha as suas filhas no Colégio Alemão. Enfim.
Por outro lado, na mesma qualidade, tinha a mesma arrogância que lhe é reconhecida. Entrou aos berros numa loja do cidadão. Em negociações, não cedia nem 1mm.
O PSD atual não é muito diferente do de Sá Carneiro em 1980. O Montenegro já esteve mais à direita do que é agora. Diria que a ala mais próxima da AD de 1980 é a ala do Rui Rio, Jorge Moreira da Silva, etc., que ainda têm alguma força no partido.
O Passos Coelho foi uma exceção no PSD, mas não deixa de estar enquadrado no partido. Historicamente, o PSD sempre teve uma maior amplitude que o PSD: uma ala social-democrata; uma ala liberal; uma ala liberal-conservadora; uma ala do centro-direita tradicional europeu. O Passos Coelho representou a ascensão de um PSD liberal-conservador.
Em termos de moralidade / causas sociais, o Sá Carneiro não era muito diferente do Passos. A distinção reside no âmbito económico.
Repare-se no seguinte:
O PS nos anos 2000 tinha uma ala dominante e tinha uma minoritária. A ala dominante era a de Sócrates e cia.; a ala minoritária estava mais à esquerda. António Costa estava nessa ala mais à esquerda.
O PS nos anos 2010 (e até 2024) tinha três: uma ala dominante e duas minoritárias. A ala dominante era a de AC; uma minoritária mais à direita, de Sérgio Sousa Pinto (nos anos 1990, de uma ala mais à esquerda), Francisco Assis, etc.; uma minoritária mais à esquerda, a ala pedronunista.
A ala pedronunista está na liderança hoje em dia, mas continuam a ala costista e a ala mais à direita. Para além disso, está a formar-se uma ala mais à esquerda, com Alexandra Leitão, Isabel Moreira, etc.