Acho que é uma visão tipicamente vista como neoliberal adotada pela esquerda, mas disfarçada propositadamente por esta sob as vestes de "humanismo" e de "defesa da dignidade".
No entanto, não me apressaria a denominar de neoliberais tais políticas, porquanto não deixam de ser empregues por duas razões: uma de cariz económico (tendencialmente irá levar a melhores números, logo a maior apoio geral) e outra de cariz eleitoral (os imigrantes, quando naturalizados, serão futuros eleitores do partido que tenha promovido essas medidas).
Se tradicionalmente ligadas à direita (as razões económicas), parece-me que ganharam carimbo de esquerda nos últimos anos. O governo de Costa era inequivocamente de centro-esquerda; o BE, por outro lado, aposta nessas políticas por uma questão de agenda ideológica, embora não cesse de procurar os fins eleitorais a que aludi.
Caso assim não fosse, teríamos de admitir que medidas de restrição de imigração aplicadas pela direita, com vista à defesa do Estado social, seriam uma visão de esquerda. O que é errado, claro, porquanto parte do pressuposto que o Estado social é uma invenção de esquerda.
O PS nunca foi o partido das empresas - simplesmente as apoiou neste sentido por comungar da perspectiva de necessidade de imigração (conquanto as empresas persigam tão só o lucro e o PS outras finalidades), além de decerto beneficiar do apoio de alguns empresários muito influentes.