Brilhante. Demolidor.
4 notas de 4 personagens. Não dá para todas que a noite vai longa.
1) Moutinho - É ele que dá sentido a isto. Temos muitas e boas opções mas esta táctica, este modelo de jogo e este treinador precisam do Moutinho. Hoje as estrelas foram outras, amanhã nunca será ele quem vende mais camisolas mas é imprescindivel pelo que corre, pressiona, desmultiplica e joga.
Engraçado que eu acho o Ruben Micael um jogador de selecção, vejo um Belluschi como nunca vi mas não equaciono que em 4-3-3 joguem juntos. Porque será?
2) Sapunaru - Parecia o mais calmo dos 50.000 portistas no Dragão. Ao ver o jogo e o modo como o Sapunaru abordava os lances quase que me esquecia que aquele era \"o jogo\" porque o homem fazia o trabalho com uma desconcertante serenidade pejada de vontade e garra. Parece uma contradição mas não é.
Parecia um operário ou mineiro que está ali para fazer o seu trabalho haja o que houver.
A que horas é? 20.15
Quem é que tenho que marcar? Coentrão.
Algum trabalho adicional? Ajudar o Hulk no ataque, fechar por dentro e pôr o olho nos 5 calmeirões a quem o JJ entrega toda a esperança de uma vitória num canto, livre ou lançamento lateral.
DONE. Brilhante. Que defesa e VIVA o Kerouac.
3) Falcao - Tenho que falar dele. Eu era super, mega, hiper-fã do Lisandro. O que é que isso quer dizer? Nada descontando o facto de ser natural uma fuga para tendenciosas comparações que o desprestigiassem. É bom, marca golos mas o LICHA também marcava e fazia as posições todas do ataque.
Hoje, este ano estou finalmente rendido. Marca golos de toda a maneira e feitio. Sou avesso a pontas de lança no sentido estatico do termo, porque exceptuando o golo (parece pouco não é???) não têm grande importância no jogo da equipa.
Se um gajo como o Carew, o Inzaghi ou o Adebayor não marcam golos durante 5 jogos têm que ir para o banco porque não fazem aquilo que é suposto.
Se o Tevez, o Rooney ou o Villa não o fazem isso não é determinante porque são peças na engrenagem colectiva da máquina.
Ora o Falcao tem tudo. Tem o que os pontas de lança têm de melhor (coisa que o Licha nunca foi) e tem a importância no jogo colectivo da equipa como qualquer grande avançado de TOP.
É optimo ter o Hulk nas parangonas a ver se escondemos este. Nem que seja com o casaco do carlos martins.
P.S - Aspecto importante. Parece-me ser extra-futebol 5 estrelas. A frase do Walter sobre o encanto com o banco diz tudo.
4) AVB - Que alegria ter um treinador perspicaz, competente e rigoroso. A primeira parte é um hino às transições com posse de bola.
Nas épocas JF o FCP especializou-se nas transições. Cada recuperação de bola tinha em vista com futebol vertical e de poucos toques agredir o adversário.
O AVB aproveitou o que isso tinha de melhor com uma nuance. Na 1ª parte fizemos inúmeros ataques rápidos que partiam dos laterais após 5,6 passes trocados entre os defesas e o guarda-redes que chamavam a si 4, 5 jogadores das galinhas numa pressão ténue mas que deixava orfãos os defesas.
Quando a sedução à pressão das galinhas começava a pôr em cheque a posse, Alvaro ou Sapunaru metiam bolas longas verticais.
Dos 5 desgraçados das galinhas só o Maxi era mais ou menos rápido (a peruca vaidosa também corre mas é sem sentido e sempre atrás da bola) e qualquer bola em profundidade era o cabo dos trabalhos porque toda a equipa do benfica subia em resposta à sedução deixando campo para a correria de quem efectivamente é veloz.
Isso foi feito 1, 2, 3, 4....CINCO vezes. Vezes demais para ser acaso. Não foi acaso.
No que toca à nossa pressão, esse foi outro factor decisivo. Pressão alta e em matilha. Pareciam lobos esfomeados que atacavam ao som do telecomando o portador da bola. Há 1 lance em que o Gaitan (o deles, porque o nosso marca golos até de olhos vendados) finta 2 ainda na área do benfica e quando parece que já fez grande coisa caem mais 3 lobos que entre encostões, bafos e pezadas lhe tiram a bola num ápice.
O vermelho arrancado ao Luisão é um exemplo dessa pressão esfomeada ainda que, naquele caso, sem ser em matilha.
A pressão alta deles tentada na 1ª parte visava PERTURBAR a nossa saída de jogo. Ora quem perturba não se chega demasiado perto. Incomoda mas não aleija.
A nossa pressão rápida em matilha visava ROUBAR a bola em linhas avançadas. Para roubar é preciso ir lá com o pé, com o corpo, com o bafo com tudo. E quem quer ROUBAR está infinitamente mais próximo de PERTURBAR a saída de jogo deles. Foi o que fizemos e com sucesso.
O AVB tem dedo em tudo isto. Passamos do inferno de os ver a festejar um campeonato ao céu em escassos meses. Temos um grande treinador!
Termino com uma frase de um pensador do nosso tempo:
\"Ainda há muito frango para virar\" - só hoje viramos 5!!!!