Nos dois posts em que me citaste, referi repetidamente que Portugal precisa de crescer e repensar o seu modelo. E isso passa por setores de maior valor agregado e a digitalização e a aplicação de IA em setores primários para melhorar a sustentabilidade desses setores que não devem desaparecer, mas que devem empregar menos pessoas.
Repara em números básicos dos setores: Tens 15 mil pescadores em Portugal com quotas a diminuírem e um volume de negócios de 335 milhões. 22 mil euros de produtividade por trabalhador direto. Nunca conseguirás pagar um salário decente, até porque esse trabalhador não está a trabalhar o ano inteiro. Reduzes o número de pescadores, garantes trabalho permanente e um salário adequado. O mesmo se passa na agricultura, e em muitos outros setores onde tens simplesmente demasiados recursos afetados que deveriam transitar para áreas mais qualificadas. Essa redução de postos de trabalho em setores não sustentáveis não deve ser encarada como uma perda, como os sindicatos referem, mas sim como uma evolução, sendo que o país tem de dar passos concretos rumo a outro modelo e requalificar estes trabalhadores. Numa escala mais pequena, os Açores estão a fazê-lo muito bem e os trabalhadores que estão a ser requalificados não acabam sequer a formação e já estão contratados, quer pelo mercado interno, como pelo estrangeiro.