Isso remete-me a Dostoiévski e ao romance "Os Irmãos Karamazov". Há um capítulo incrível em que um dos irmãos conta ao outro uma história em forma de poema sobre o regresso de Jesus Cristo à terra.Fun fact: sou de esquerda porque fui educado segundo a doutrina cristã e os seus valores de "amor ao próximo" e de "solidadriedade com os mais desfavorecidos", blah, blah....
Faz-me muita confusão, durante a maior parte da História a igreja ter estado ligada às monarquias medieveias, aos absolutismos, aos impérios, ao colonialismo (nem toda a igreja mas a instituição), e ainda hoje em vários setores da igreja alguém ser cristão, olhar para estes valores e votar à direita e na extrema direita.
Na cena dos costumes entendo a divergência, na construção social é absolutamente contraditório esse posicionamento político.
Muito sucintamente, a história passa-se numa Sevilha do tempo da Grande Inquisição e Jesus Cristo regressa à terra e começa a realizar uma série de milagres. No entanto, Jesus Cristo acaba por ser preso pela igreja por representar uma ameaça à ordem estabelecida. É levado para uma cela e interrogado por um cardeal que lhe diz que a igreja corrigiu o erro que ele próprio cometeu, dar demasiada liberdade aos homens, mas estes como são fracos e medrosos, não sabem o que fazer com ela. Jesus mantém-se sempre em silêncio e no final apenas beija a testa do cardeal.
É das críticas mais brilhantes à igreja como estrutura de poder e com uma profundidade extraordinária.