Nasci em 1971, por isso fui criança nessa altura. Depois da escola, ficava até às 8 da noite a jogar futebol no estádio do Inatel. Chegava a casa encharcado em suor e o meu pai advertia-me carinhosamente. "Ó Nuninho, estás a lavar a cara mas já vi que estás todo suado". Só nessas alturas é que me chamava Nuninho.
No S. João, cada entrada fazia a sua fogueira. Todos saltavam por cima da fogueira. Éramos muito novos. Muitos.
Mas não, nunca fui vítima dos infortúnios que referiste. Só fui operado uma vez e foi à piroca - seria hoje um símbolo para os israelitas.
Filho de um casal da classe média, nem alta nem baixa, mas mais pobre do que a maior parte dos meus colegas, numa zona do Porto já muito perto da Foz e mesmo ao lado do Pinheiro Manso.
E filho muito mais novo, a irmã a seguir a mim tinha mais 10 anos do que eu. Menino da mamã, super-protegido, com todas as consequências positivas e negativas inerentes.
Era uma vida entediante. A minha única distracção, na rádio e mais tarde no estádio, era o FC Porto.
Na verdade, reunia todas as condições para acabar no Chega. Fintei o destino.