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Durante um ano e meio, de finais de 2013 a abril de 2015, o brasileiro Adónias Souza, um dos 31 acusados do processo Money One julgados em Lisboa por associação criminosa, branqueamento de capitais e fraude fiscal trabalhou como gerente desta financeira. Obedecia ao proprietário, o compatriota José Augusto Martins, que o mandava receber, separar e despachar para depósitos em bancos dezenas de milhões de euros. A informação que ontem, em tribunal, disse ter sobre a origem das verbas é simples. "Diziam que o dinheiro era ligado ao futebol". A investigação da PJ à atividade da financeira aponta, no entanto, para que os cerca de 150 milhões de euros branqueados tenham origem no tráfico de droga. Em abril de 2015, quando a Unidade de Combate à Corrupção da PJ desmantelou a atividade da Money One e da Transfex, foi possível apreender as listagens de todos os clientes que entregaram "malas e mochilas pretas com dinheiro vivo" à Money One, identificados com nomes de código. "Não sei a identidade de ninguém", diz Adónias Souza. "Recebíamos o dinheiro de Mário Macedo um dos arguidos , ou então íamos junto ao Cemitério de Benfica, em Lisboa, ou a Madrid, buscar as remessas", explicou. O dinheiro, "normalmente verbas superiores a meio milhão de euros", era levado para dois cofres na sede da Money One, no Marquês de Pombal. "Depois era dividido em sacos de 50 mil euros e levado para contas em diversos bancos", disse Adónias. "A empresa tinha 5% de comissão de cada remessa monetária."