Bruno de Carvalho somente pode queixar-se de si. Ficará na história do futebol português pela espectacular implosão que executou sobre si próprio, conseguindo desbaratar grande parte do capital de popularidade que mantinha junto dos associados.
Muito se lhe pode apontar. Sublinharia o seu inovador conceito de presidente-adepto, coisa descabida e inviável. Espero que os sócios portistas nunca se permitam ludibriar por lirismos semelhantes. O papel de presidente exige racionalidade, equilíbrio, moderação, sensatez, ponderação, espírito crítico e de previsão
tem de liderar os destinos da organização atendendo a toda a sua complexidade, gerir os seus recursos, as questões internas, externas, etc.; o adepto define-se sobretudo pela emoção, pelo comportamento sentimental em relação ao clube, não necessitando de qualquer know-how. São papéis diferentes, requerem competências distintas. Bruno de Carvalho não tem ou não quis ter as competências necessárias para desempenhar a função de presidente. Aquilo a que os brunistas, desvalorizando a natureza da questão, qualificam de problema de estilo, comunicação, forma,
é, na verdade, um inultrapassável problema de substância. Bruno de Carvalho desconhece o que é um presidente, possui uma concepção errada do seu sentido, não tem características individuais, de personalidade e de formação profissional, adequadas à função.
Foram frequentes as altercações entre presidente e funcionários, treinadores, dirigentes, jogadores, sócios e adeptos sportinguistas. Se as tensões com os adversários e a comunicação social são compreensíveis e normais até certa medida, é insustentável a constante incompatibilização com os próprios funcionários e apoiantes do clube. Os problemas com Marco Silva e Jesus são por demais conhecidos, o relacionamento com os jogadores revelou-se igualmente perverso, os sócios e adeptos foram divididos entre sportinguistas e sportingados, com Bruno de Carvalho a insultar nas redes sociais quem lhe colocasse algum reparo. Os seus apoiantes gabam-lhe a coragem com que enfrentou os poderes instalados, omitindo porém a guerra que espoletou no próprio clube e fez dele um líder e gestor deplorável.
O seu carácter aparenta ser impróprio para funções de chefia. Impulsivo, mal-educado, excessivamente informal, imprudente, vaidoso, deslumbrado, divisivo
não é um factor de estabilidade, não prima pela racionalidade
Mas cabe na cabeça de alguém que após um fenómeno nunca antes visto no futebol português, com grande parte da equipa que o próprio escolheu a abandonar o barco, não seja apresentada demissão e convocadas eleições?
O colega
@PortoMDL tem toda a razão quando escreve que não deve haver lugar no futebol para pessoas como Bruno de Carvalho.