Não sei se haverá algum problema em colocar aqui uma passagem do livro de Bruno de Carvalho, referente à chantagem de Jesus. Pareceu-me importante para dar a conhecer um pouco da personagem de quem já se falou por diversas vezes que poderia/poderá vir um dia a ser nosso treinador.
A ser verdade o que diz BC, jesus é isto...
1. «RENOVO OU VOU-ME EMBORA!»
A situação estava descontrolada. «Não tenho cabeça para fazer o jogo. Preciso de saber já se renovo ou então na segunda-feira vou-me embora.»
Foi assim que Jorge Jesus se dirigiu a mim, em pleno estádio do Braga, cerca de 15 minutos antes do último jogo da
época 2015/2016. Ainda podíamos ser campeões, caso vencêssemos o nosso desafio e o Benfica não ganhasse ao Nacional, mas o Jorge achou que aquele seria o momento certo para negociar a sua renovação, apesar de ainda ter mais uma época de contrato com um salário anual bruto de 5 milhões de euros. Fiquei estupefacto com aquela atitude e não o escondi: «Jorge, mas vamos falar nisso agora? O jogo está quase a começar.» «Pois, mas não estou com cabeça», insistia. «Têm de falar já com o meu agente. Preciso de receber um telefonema dele a dizer que está tudo bem. Ou então segunda-feira vou para outro lado porque tenho clubes interessados. O Porto diz que paga o valor para eu sair e vou-me embora.» Perguntei-lhe o que queria, mas ele continuava a responder num tom
desesperado: «Não, eu não falo de valores. Isso é com o meu agente. Mas tenho de saber já.»
Saio dali a correr para o estacionamento, porque fiquei enervado com aquilo tudo e queria fumar um cigarro. É nesse momento que ligo a Costa Aguiar, o empresário do Jorge: «Então, mas o que é que ele quer?», perguntei. Do outro lado vem a resposta: «O homem não está bem. Quer 8 milhões, precisa de 8 milhões, têm de ser 8 milhões.» E
não saía daquilo. Parecia um disco riscado a falar da verba que Jesus exigia. «Se não tiver os 8 milhões, ele vai-se embora, porque diz que tem outras ofertas.» «E tem mesmo?», voltei a questionar. «Não sei, não faço ideia, mas o homem já me ligou. E, olhe, está a ligar outra vez. Eu não sei, o presidente é que sabe, o presidente é que
escolhe, mas ele está a insistir, a insistir. Olhe, presidente, faça o que achar melhor.»