Esse discurso torna-se fastidioso. A maioria dos médicos foram infectados (na fase inicial) na sua vida pessoal. As infecções em meio hospitalar muitas vezes passaram por contacto pessoal entre médicos infectados assintomáticos e seus pares (e existem exemplos desde o HSJoão até ao IPO-Lisboa), em vez de transmissão paciente-profissional de saúde.
Quanto a haver equipamento de protecção disponível para todos, é outra mentira. Quando este surto começou e, tendo circulado por motivos profissionais em 2 hospitais de 1ª linha de Covid, constatei que existiam máscaras FFP2 nas mãos de ALGUNS enfermeiros, maqueiros, seguranças, mas que as equipas (médicos, enfermeiros, AAM, etc) em funções muitas vezes não tinha esse material porque tinha sido açambarcado pelos primeiros. Só para dar um exemplo, no St. António, nas 2 primeiras semanas de Março, não existiam máscaras FFP2 para os Estomatologistas. Caixas de máscaras nem vê-las, só com as aquisições recentes (há 3-4 dias) é que voltaram a aparecer.
Alguns hospitais, fruto da carência de meios, desaconselhavam os profissionais de saúde que não contactassem com doentes respiratórios a usar máscara, já em fase de mitigação.
Finalmente, existem várias enfermarias neste país onde a prestação de cuidados continua a ser feita sem equipamento de protecção do doente ou do profissional, normalmente porque o equipamento (p.e. máscara) que deveria ser usado 4h no máximo tem de durar 1 semana inteira. Mas, pelo discurso inflamatório prévio, devem ser os enfermeiros e AAM que são negligentes.