Branco disse:
O tabaco e a obesidade são questões de comportamento individual, ninguém pôs uma arma apontada à cabeça de um obeso ou de um fumador e o obrigou a enveredar por esse caminho, e tanto é assim que em todos os países do mundo existem esses produtos.
Quanto ao facto dessas industrias promoverem publicidade enganosa, é uma realidade em quase todas as industrias e estás a apontar produtos produzidos por muitas sociedades, é da responsabilidade de cada uma delas regular ou não essa situação.
Não percebo porque há a necessidade de singularizar um país nesse particular, o facto de algumas multinacionais do tabaco se situarem nos EUA é irrelevante, se enquanto português quiseres regular o tabaco passas uma lei na assembleia da republica, se os americanos não passaram durante muito tempo leis sobre isso é porque não quiseram.
A mortalidade dessas duas vertentes nesse país, a obesidade e o tabagismo, são problemas que só os cidadãos do mesmo podem avaliar, se não acharem relevante, não faz sentido que nós os obriguemos a achar porque em nada isso nos prejudica.
Uma pandemia é outra história, ninguém escolhe ou quer ser infectado por uma, e ao contrário da obesidade e tabagismo, a sociedade não tem que parar por causa disso nem a economia colapsar, os únicos prejudicados são os consumidores desses produtos, são coisas completamente diferentes.
A questão das armas é mais uma daquelas coisas que me deixa perplexo quando vejo uma obsessão com isso por parte de não americanos, nós não temos nada a ver com aquilo e nem somos prejudicados por isso, é uma questão cultural deles, os suiços possuem quase todos uma arma em casa e existem mais canadianos (em percentagem da população) com licença de armas que nos EUA, lá certamente morre mais gente por causa de gangs (a maioria) e problemas mentais (a minoria), mas se eles mesmo assim gostam de ter armas sabendo disso, é problema deles.
Eu pessoalmente não sou grande fã de armas, mas percebo que seja uma questão cultural deles, e que eles valorizem aquilo que julgam que lhes confere (mesmo que isso faça ou não sentido) seja segurança ou outra coisa qualquer, não me sinto com capacidade de julgar, foi uma decisão tomada em democracia pela maioria.
Vou ser sincero, de todas as respostas que pudesses dar, não contava que viesses com o argumento da cultura. Deixa-me fazer-te uma pequena provocação. Ainda bem que não fazias parte da equipa de aconselhamento do Abraham Lincoln. É que a escravidão também fazia parte da cultura de alguns países, principalmente nos E.U.A. Como por exemplo a corrupção tem o seu quê de cultural no nosso país. Assim como a mutilação genital feminina em alguns países africanos, assim como a subjugação da mulher no islamismo. E por aí fora..
Portanto, colocando-te uma questão simples, concordas com isto tudo que mencionei ou aí o aspecto cultural, e a desculpa do "se a nós não nos incomoda é porque não importa", também se aplica? Ou será que a sociedade está em permanente evolução e como tal temos que combater estes comportamentos abjectos na sua totalidade?
A segunda parte. Referes que ninguém apontou uma arma à cabeça das pessoas para fumarem ou alimentar-se mal. Mas a questão não está na liberdade individual. Nem tão pouco na publicidade enganosa. O problema está que um setor (foi o tabagista, mas amanhã poderá muito bem ser o alimentar)
ocultaram deliberadamente que o uso e consumo dessas substâncias tinha um efeito mortal. Isso não é publicidade enganosa meu caro. Isso é um crime. Um crime pelo qual nunca ninguém foi preso e que originou o n.º de mortes que infelizmente todos sabemos que aconteceram e acontecerão. E deixa-me uma última provocação, ainda bem que não fazias parte dos juízes que julgaram estes fulanos das indústrias do tabaco. Senão nem as indemnizações tinham pago. Afinal, ninguém os mandou fumar. E falar em legislação nacional contra interesses de grandes corporações capitalistas é de rir.. Queres um exemplo? Vê o caso da tentativa de legislação da U.E contra o plástico. Vê o que anda a fazer a coca cola por exemplo.
Novamente, deixa-me colocar-te uma questão simples.
Se daqui a uns anos, se descobrir que o uso abusivo de pesticidas ou do aspartame provoca cancro, e no cenário possível de ter sido encoberto por uma multinacional, de quem terá sido a culpa? De quem escondeu essa informação, do estado ou de quem comeu?
Por fim, tu que és uma das pessoas mais sensatas que durante bastante tempo eu aqui li, acreditas mesmo nisto que escreveste?
"A mortalidade dessas duas vertentes nesse país, a obesidade e o tabagismo, s
ão problemas que só os cidadãos do mesmo podem avaliar, se não acharem relevante, não faz sentido que nós os obriguemos a achar porque em nada isso nos prejudica."
Duas das maiores causas de morte mundial e tu achas que são problemas que têm que ser validados pelo povo? Se o povo não validar é porque não é relevante? Então onde está a coerência e a defesa do valor da vida humana neste caso? Então a saúde pública é algo que se entrega ao sabor da opinião pública? Desculpa mas isto que disseste é uma absoluta barbaridade. E que apenas demonstra que a barragem ideológica não existe apenas do lado comunista.