Covid-19

Cheue

12 Maio 2016
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a conversa está boa mas agora vou ali beber um cafezito e de seguida vou ficar lá dentro 40 minutos, à conversa, sem máscara.
(não posso beber o café COM a máscara não é!?!?!)

a ver se não apanho o virus...
...o que seria culpa das "autoridades", claro..
raios os partam.
 

pedromanuelmorei

Tribuna Presidencial
12 Dezembro 2016
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  • Jardel
Somos todos responsáveis. Somos todos humanos e habitantes do mesmo planeta. Fronteiras, divisões, hierarquias são ilusões criadas pelo ser humano, e o vírus prova isto... não escolhe nem privilegia.
Não serve para nada apontar dedos, mas é necessário ter noção que a minha acção vai afectar os outros. Ter empatia e sensibilidade para com o outro.

Uma curta visita por certos hospitais também pode ser bastante elucidativa.
Não, não somos todos responsáveis.
Não vou colocar no mesmo patamar (quem vai ver as ondas, a F1, eventos familiares como casamentos que têm sido imensos, festas em casa) e quem se arrisca para ir trabalhar nas mais variadas áreas (porque tem que ser), quem está no SNS , quem trabalha em lares e locais afins para cuidar dos nossos idosos.
Eu escrevo enquanto privegiado pois estou em tele trabalho desde Março. Se eu tiver bom senso o risco de contágio é infímo. Se eu quiser ser egoísta e ter comportamentos de risco tenho de lidar com as consequências. OK. Mas quem não devia de ter de lidar com essa minha decisão são as pessoas que trabalham no SNS que estão a fazer turnos extra, sem férias, a arriscar contaminação a cada momento.
A minha decisão não devia causar dano a outrém e está a acontecer.
Não existe empatia, nem responsabilidade (pessoal e/ou familiar) nem sequer um pouco de respeito por todos os que estão na linha da frente da pandemia.
E eu que estou em casa no meu sofá com o cú sentado o mínimo que posso fazer é ter um pouco de juízo e bom senso em vez de dizer " eu faço o que quero". Vou ver as ondas, os carros da F1, as motas do MotoGP, vou a casamentos e batizados, festas em casa, etc. E depois logo se vê.

Já bastam os focos de infecção que são os lares, escolas, empresas sem tele trabalho e hospitais. Para quê criarmos mais focos de forma desnecessária?
 
D

DrGero

Tribuna
26 Julho 2007
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Porto, 1977
então de quem é a culpa?
Tem que ser de alguém? Tenho que dizer que em Portugal isto está com 4000 casos porque o Governo devia ter feito isto ou os adolescentes aquilo?

Há muita medida de Governo que pode ser questionada. Muita acção e inacção. Podem ser responsabilizados pelos 4000 casos por não terem restringido mais a circulação de pessoas no inicio de Outubro. Deviam tê-lo feito? Não sei. Tendo a dizer que sim, mas vejo que toda a Europa foi bem mais flexível do que em Março/Abril e imagino que o trade off entre confinar e danos para a economia possa não compensar.

Há também muitos comportamentos individuais contrários ao que seria recomendável. Gente que podia usar melhor a máscara, gente que podia evitar estar com amigos/as e namorados/as. Gente que podia deixar de ir a restaurantes, gente que podia deixar de ir a concertos de música, gente que podia deixar de ir fazer compras não prioritárias, gente que podia deixar de viajar, gente que podia lavar mais as mãos.

O que me incomoda mais é, como de costume, a tendência de justiceiro que há em cada um de nós que bebe cada fotografia nas redes sociais ou reportagem na TV para alimentar a revolta, fingir que tudo isto passava se.....

Não passa. É uma pandemia que faz o seu caminho pelo mundo.

O que eu escrevo não é um apelo à desresponsabilização individual. Não é achar que isto é de tal forma imparável que tanto faz ter comportamentos de maior ou menor risco.

O que incomoda é quando se parece querer dizer que bastava A, B ou C fazerem isto que seria possível viver em desconfinamento e controlar a pandemia.

Acho que se sobrestima a capacidade de controlar uma pandemia vivendo em desconfinamento e liberdade.

É como se tu fosses o treinador do Moncaparachense e fosses jogar ao Allianz Arena contra um Bayern na máxima força.

Perdes por 6-0 depois duma fifia monumental do teu central. Eu digo que não foi por causa do central que perdeste.

Tu perguntas: Então de quem é a culpa?

Claro que podes dizer que se o teu defesa central não se pusesse a fazer fintas cá atrás ao Lewandowski podias ter segurado o 0-0 por mais um tempinho.

Quando saltas para o "Se o meu defesa central não se põe a fazer fintas não perdia o jogo" e escrutinas todas os 600 movimentos de cada um dos 11 jogadores como responsáveis pela derrota é o momento em que me afasto.

Há sempre uma ilusão ingénua que tudo está ao nosso alcance se fizermos tudo direitinho.
Eu percebo e aceito mensagens em massa a fazerem pedagogia sobre o tipo de comportamento/cuidados a ter e a mobilizar as pessoas e a sociedade para fazerem o melhor possível.

Quando os políticos começam a culpabilizar a sua população por eventuais confinamentos ou restrições entramos noutro campeonato.

Eles não são ingénuos. Sabem que a malta é o Moncaparachense e que se for a jogo leva no corpo do Bayern mais tarde ou mais cedo.

Fazem-no porque sabem que a tendência justiceira que hoje é dominante precisa de culpados para apaziguar a frustração. E se a culpa não for de A será de B.

E quem é o B?

Eu preferia que as pessoas fossem tratadas com honestidade intelectual.
O impacto da pandemia controla-se com restrições à liberdade/circulação. Sem elas tende a avançar num ritmo maior ou menor dependente da zona do globo onde nos encontramos.

E quando os governos decidem (ou não) confinar deviam tentar ser pedagógicos (confinamos porque o SNS não vai aguentar e sem saúde não há economia ou não confinamos porque os custos das restrições no médio ou longo prazo são de tal forma gravosos que temos que aceitar mais umas centenas/milhares de mortos hoje) do que andar a meter gasolina no justiceiro que há em cada português e que gastará metade do tempo a garimpar mortais erros do vizinho, a comparar o Avante com Fátima, a Formula 1 com o Futebol ou o Campo Pequeno com o Coliseu.

Isso de andar toda a gente a medir com fita métrica o que se devia permitir ou não, ou os comportamentos que se deviam tolerar ou não só vai piorar a saúde mental de toda a gente, desmobilizar a sociedade para o impacto do que aí vem e gerar uma nova e infindável carrada de negacionistas que se forem colocados perante a espada e a parede vão googlar até ao infinito para encontrar um artigo cientifico em que seja moralmente aceitável cumprir o sonho de ir ver a Formula 1 a Portimão.

A única forma de o Moncaparachense sair do Allianz sem levar 9-0 é ou não ir a jogo ou abandona-lo a meio quando estiver a perder por 4 ou 5.

Mobilizem os jogadores do Moncaparachense para dar o máximo. Discuta-se se é preferível fazer os 90 minutos ou sair a meio do jogo.

Não os culpem por perder o jogo nem os incentivem a discutir uns com os outros por não terem o posicionamento correcto para marcar o Davies, o Muller ou o Lewandowski.

Só isto.
 

domribeiro

Tribuna
8 Março 2012
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  • João Pinto
  • Vítor Baia
  • Deco
  • Jorge Costa
Tem que ser de alguém? Tenho que dizer que em Portugal isto está com 4000 casos porque o Governo devia ter feito isto ou os adolescentes aquilo?

Há muita medida de Governo que pode ser questionada. Muita acção e inacção. Podem ser responsabilizados pelos 4000 casos por não terem restringido mais a circulação de pessoas no inicio de Outubro. Deviam tê-lo feito? Não sei. Tendo a dizer que sim, mas vejo que toda a Europa foi bem mais flexível do que em Março/Abril e imagino que o trade off entre confinar e danos para a economia possa não compensar.

Há também muitos comportamentos individuais contrários ao que seria recomendável. Gente que podia usar melhor a máscara, gente que podia evitar estar com amigos/as e namorados/as. Gente que podia deixar de ir a restaurantes, gente que podia deixar de ir a concertos de música, gente que podia deixar de ir fazer compras não prioritárias, gente que podia deixar de viajar, gente que podia lavar mais as mãos.

O que me incomoda mais é, como de costume, a tendência de justiceiro que há em cada um de nós que bebe cada fotografia nas redes sociais ou reportagem na TV para alimentar a revolta, fingir que tudo isto passava se.....

Não passa. É uma pandemia que faz o seu caminho pelo mundo.

O que eu escrevo não é um apelo à desresponsabilização individual. Não é achar que isto é de tal forma imparável que tanto faz ter comportamentos de maior ou menor risco.

O que incomoda é quando se parece querer dizer que bastava A, B ou C fazerem isto que seria possível viver em desconfinamento e controlar a pandemia.

Acho que se sobrestima a capacidade de controlar uma pandemia vivendo em desconfinamento e liberdade.

É como se tu fosses o treinador do Moncaparachense e fosses jogar ao Allianz Arena contra um Bayern na máxima força.

Perdes por 6-0 depois duma fifia monumental do teu central. Eu digo que não foi por causa do central que perdeste.

Tu perguntas: Então de quem é a culpa?

Claro que podes dizer que se o teu defesa central não se pusesse a fazer fintas cá atrás ao Lewandowski podias ter segurado o 0-0 por mais um tempinho.

Quando saltas para o "Se o meu defesa central não se põe a fazer fintas não perdia o jogo" e escrutinas todas os 600 movimentos de cada um dos 11 jogadores como responsáveis pela derrota é o momento em que me afasto.

Há sempre uma ilusão ingénua que tudo está ao nosso alcance se fizermos tudo direitinho.
Eu percebo e aceito mensagens em massa a fazerem pedagogia sobre o tipo de comportamento/cuidados a ter e a mobilizar as pessoas e a sociedade para fazerem o melhor possível.

Quando os políticos começam a culpabilizar a sua população por eventuais confinamentos ou restrições entramos noutro campeonato.

Eles não são ingénuos. Sabem que a malta é o Moncaparachense e que se for a jogo leva no corpo do Bayern mais tarde ou mais cedo.

Fazem-no porque sabem que a tendência justiceira que hoje é dominante precisa de culpados para apaziguar a frustração. E se a culpa não for de A será de B.

E quem é o B?

Eu preferia que as pessoas fossem tratadas com honestidade intelectual.
O impacto da pandemia controla-se com restrições à liberdade/circulação. Sem elas tende a avançar num ritmo maior ou menor dependente da zona do globo onde nos encontramos.

E quando os governos decidem (ou não) confinar deviam tentar ser pedagógicos (confinamos porque o SNS não vai aguentar e sem saúde não há economia ou não confinamos porque os custos das restrições no médio ou longo prazo são de tal forma gravosos que temos que aceitar mais umas centenas/milhares de mortos hoje) do que andar a meter gasolina no justiceiro que há em cada português e que gastará metade do tempo a garimpar mortais erros do vizinho, a comparar o Avante com Fátima, a Formula 1 com o Futebol ou o Campo Pequeno com o Coliseu.

Isso de andar toda a gente a medir com fita métrica o que se devia permitir ou não, ou os comportamentos que se deviam tolerar ou não só vai piorar a saúde mental de toda a gente, desmobilizar a sociedade para o impacto do que aí vem e gerar uma nova e infindável carrada de negacionistas que se forem colocados perante a espada e a parede vão googlar até ao infinito para encontrar um artigo cientifico em que seja moralmente aceitável cumprir o sonho de ir ver a Formula 1 a Portimão.

A única forma de o Moncaparachense sair do Allianz sem levar 9-0 é ou não ir a jogo ou abandona-lo a meio quando estiver a perder por 4 ou 5.

Mobilizem os jogadores do Moncaparachense para dar o máximo. Discuta-se se é preferível fazer os 90 minutos ou sair a meio do jogo.

Não os culpem por perder o jogo nem os incentivem a discutir uns com os outros por não terem o posicionamento correcto para marcar o Davies, o Muller ou o Lewandowski.

Só isto.
Concordo com tudo.

Só acrescentava o seguinte, desde a segunda guerra mundial que ser governante não era tão difícil.
 

Eclipsisboy

COMO NÓS, UM DE NÓS! 💙
25 Maio 2014
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Porto
  • Pinto da Costa
  • Campeão Nacional 19/20
  • Taça de Portugal 19/20
Alguém que me explique a puta da racionalidade desta merda:



Eu estou há semanas a ver "de fugida" a minha noiva porque como enfermeira, está mais do que exposta ao vírus mesmo não estando na ala covid, já para não falar nos intermináveis turnos de 12/14h, chegámos à fase em que se calhar teremos de escolher quem vai ou não ao nosso casamento, no entanto, existem centenas de chalupas que acordaram de manhã e pensaram "vou fazer algo de útil para a sociedade, vou ver ondas!!"

Pá perdoem-me a linguagem, mas vão para o caralho que vos fodam.
Oh @DrGero olha as gotas... o pior é que as gotas que tu falas depois molham outos e esses outros molham muitos mais e esses muitos mais ainda molham outros tantos ou mais e la esta.. o maremoto que se cria!
 
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Tony_Gomes9

Tony_Gomes9

Arquibancada
25 Julho 2020
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1.º Ponto - De facto morria-se, morre-se e ir-se-à morrer de fome. Não é um problema novo. Tens razão. Agora a questão é que esta situação nunca foi abertura de telejornal, nem muito menos alvo de uma contabilização diária de mortos/casos como no caso desta sociedade doente em que vivemos.
2.º Ponto - Se reparares, alguns casos de países que entraram em casos de fome mais grave resultam exatamente de algumas medidas para prevenir a Covid, logo não é offtopic. Podes ler aqui:
https://www.nytimes.com/2020/09/11/business/covid-hunger-food-insecurity.html ou aqui

No entanto, no deixo de assinalar que no caso da fome, o critério de cada vida humana tem o seu valor já não conta (podia responder-te que as pessoas já morrem com doenças infecciosas há muitos séculos). E isto é fácil de explicar. A maioria dos casos está lá longe, não é propriamente uma realidade que nos entre pela janela dentro, e bem vistas as coisas, o que são 5.3 milhões de crianças comparadas com tudo o resto.
Diria até que estas notícias dos níveis da fome são apenas spin para desviar o foco desta terrível pandemia que nos continua a levar milhares de portugueses diariamente. E isto não é desvalorizar, isto é contextualizar os tempos de absoluta loucura em que vivemos. Mas já sei que é sem resultado.
Estás quase lá. Só falta completares o exercício de raciocínio e rebentas a bolha de negação.
Realmente a sociedade está doente e realmente a pandemia do COVID vai agravar muito os índices de desenvolvimento económico-social de muitos países e, por consequência direta disso mesmo, vai piorar os efeitos da pobreza por esse mundo fora. Estamos de acordo.

O que fazer em relação a isso?

Ignorar a pandemia? Fazer de conta que não se passa nada? Olhar para o outro lado quando temos um problema agudo a bater-nos de frente porque temos problemas crónicos ainda por resolver? Precisava de saber onde apuraste as tuas aptidões de gestão, porque estou genuinamente curioso para saber em que mundo vivem aqueles que acham que um bom planeamento, seja ele em relação ao que seja, começa por abordar problemas sistemas crónicos ignorando o desenvolvimento de problemas sistémicos de foro agudo. Da medicina à economia de empresas, pf diz-me qual a área é que abordada dessa forma?
Para não falar de que o problema da pandemia está na sobrecarga que tem sobre todas as instituições - o sistema vai colapsar se nao for feito nada a montante. Sem sistema, como combates esses problemas que abordas? Achas que ficas mais perto de combater o problema da fome se decidires condenar à morte as nossas mais prezadas instituições? O problema de cair nesse culto do whataboutism é que depois tentam particularizar abordagens a seu bel prazer, esquecendo-se que mudanças sistémicas são feitas com abordagens sistémicas. Esse cinismo é o fim da linha do pragmatismo e o maior entrave ao desenvolvimento, e essa linha de pensamento é explorada por agentes do caos que so sobrevivem à custa da desinformação e de instabilidade, que precisam desse ambiente para validar a sua existência - a doença da nossa sociedade passa muito por aí.

Portanto sim, "cada vida humana tem o seu valor".
Portanto sim, é possível que "alguns casos de países que entraram em casos de fome mais grave resultam exatamente de algumas medidas para prevenir a Covid".
Portanto sim, é "a sociedade doente em que vivemos".
E então, o que concluis?

Completa o raciocínio. Explica então a estratégia alternativa.
Qual achas que será o desfecho se decidirmos coletivamente ignorar o que se passa nos nossos hospitais? Qual achas que será o desfecho se deixar de haver notícias, se deixarmos de impor medidas restritivas a propagação da pandemia, se deixarmos de trabalhar a montante para resolver o problema da pandemia e transferirmos completamente a responsabilidade de lidar com a mesma para as nossas instituições a jusante: o SNS e associados? Menos fome, é isso?
Completa: diz que se deixarmos de falar tanto da COVID, podemos reduzir a fome. É isso que insinuas não é? Se não é, então estas a misturar assuntos só porque sim, sem objetivo nenhum para além do "fazer barulho". Tenta concretizar mais vezes, porque talvez se em vez de deixares só no ar meia dúzia de factos soltos, se te forçares a interligares com lógica as tuas premissas, percebes que não fazem sentido nenhum e assim contribuis tu também para uma sociedade menos doente e mais informada.
 
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Tiagotg999

Tribuna Presidencial
19 Maio 2016
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Vila Das Aves
Tem que ser de alguém? Tenho que dizer que em Portugal isto está com 4000 casos porque o Governo devia ter feito isto ou os adolescentes aquilo?

Há muita medida de Governo que pode ser questionada. Muita acção e inacção. Podem ser responsabilizados pelos 4000 casos por não terem restringido mais a circulação de pessoas no inicio de Outubro. Deviam tê-lo feito? Não sei. Tendo a dizer que sim, mas vejo que toda a Europa foi bem mais flexível do que em Março/Abril e imagino que o trade off entre confinar e danos para a economia possa não compensar.

Há também muitos comportamentos individuais contrários ao que seria recomendável. Gente que podia usar melhor a máscara, gente que podia evitar estar com amigos/as e namorados/as. Gente que podia deixar de ir a restaurantes, gente que podia deixar de ir a concertos de música, gente que podia deixar de ir fazer compras não prioritárias, gente que podia deixar de viajar, gente que podia lavar mais as mãos.

O que me incomoda mais é, como de costume, a tendência de justiceiro que há em cada um de nós que bebe cada fotografia nas redes sociais ou reportagem na TV para alimentar a revolta, fingir que tudo isto passava se.....

Não passa. É uma pandemia que faz o seu caminho pelo mundo.

O que eu escrevo não é um apelo à desresponsabilização individual. Não é achar que isto é de tal forma imparável que tanto faz ter comportamentos de maior ou menor risco.

O que incomoda é quando se parece querer dizer que bastava A, B ou C fazerem isto que seria possível viver em desconfinamento e controlar a pandemia.

Acho que se sobrestima a capacidade de controlar uma pandemia vivendo em desconfinamento e liberdade.

É como se tu fosses o treinador do Moncaparachense e fosses jogar ao Allianz Arena contra um Bayern na máxima força.

Perdes por 6-0 depois duma fifia monumental do teu central. Eu digo que não foi por causa do central que perdeste.

Tu perguntas: Então de quem é a culpa?

Claro que podes dizer que se o teu defesa central não se pusesse a fazer fintas cá atrás ao Lewandowski podias ter segurado o 0-0 por mais um tempinho.

Quando saltas para o "Se o meu defesa central não se põe a fazer fintas não perdia o jogo" e escrutinas todas os 600 movimentos de cada um dos 11 jogadores como responsáveis pela derrota é o momento em que me afasto.

Há sempre uma ilusão ingénua que tudo está ao nosso alcance se fizermos tudo direitinho.
Eu percebo e aceito mensagens em massa a fazerem pedagogia sobre o tipo de comportamento/cuidados a ter e a mobilizar as pessoas e a sociedade para fazerem o melhor possível.

Quando os políticos começam a culpabilizar a sua população por eventuais confinamentos ou restrições entramos noutro campeonato.

Eles não são ingénuos. Sabem que a malta é o Moncaparachense e que se for a jogo leva no corpo do Bayern mais tarde ou mais cedo.

Fazem-no porque sabem que a tendência justiceira que hoje é dominante precisa de culpados para apaziguar a frustração. E se a culpa não for de A será de B.

E quem é o B?

Eu preferia que as pessoas fossem tratadas com honestidade intelectual.
O impacto da pandemia controla-se com restrições à liberdade/circulação. Sem elas tende a avançar num ritmo maior ou menor dependente da zona do globo onde nos encontramos.

E quando os governos decidem (ou não) confinar deviam tentar ser pedagógicos (confinamos porque o SNS não vai aguentar e sem saúde não há economia ou não confinamos porque os custos das restrições no médio ou longo prazo são de tal forma gravosos que temos que aceitar mais umas centenas/milhares de mortos hoje) do que andar a meter gasolina no justiceiro que há em cada português e que gastará metade do tempo a garimpar mortais erros do vizinho, a comparar o Avante com Fátima, a Formula 1 com o Futebol ou o Campo Pequeno com o Coliseu.

Isso de andar toda a gente a medir com fita métrica o que se devia permitir ou não, ou os comportamentos que se deviam tolerar ou não só vai piorar a saúde mental de toda a gente, desmobilizar a sociedade para o impacto do que aí vem e gerar uma nova e infindável carrada de negacionistas que se forem colocados perante a espada e a parede vão googlar até ao infinito para encontrar um artigo cientifico em que seja moralmente aceitável cumprir o sonho de ir ver a Formula 1 a Portimão.

A única forma de o Moncaparachense sair do Allianz sem levar 9-0 é ou não ir a jogo ou abandona-lo a meio quando estiver a perder por 4 ou 5.

Mobilizem os jogadores do Moncaparachense para dar o máximo. Discuta-se se é preferível fazer os 90 minutos ou sair a meio do jogo.

Não os culpem por perder o jogo nem os incentivem a discutir uns com os outros por não terem o posicionamento correcto para marcar o Davies, o Muller ou o Lewandowski.

Só isto.
Este governo infelizmente deitou-se na sombra do "milagre português" durante o Verão e esqueceu-se que teríamos um Outono/Inverno atípicos devido à pandemia.

Eu pessoalmente coloquei aqui a imagem da Nazaré de hoje, não no sentido de responsabilizar quem lá estava, obviamente que não serão aquelas 4000 pessoas a criar 4000 surtos e dar cabo do SNS, nem tão pouco procuro responsáveis, até porque eu no lugar de quem atualmente governa, não saberia mais o que fazer, não é isso que está em causa

A questão é a mensagem que passa para o comum cidadão, que olha para isto como "bem, estava lá a policia e nada fez, é porque está tudo bem", quando no fim de semana descarregaram à porrada a dezenas de vimaranenses à espera do autocarro da equipa deles, alguns dos quais hoje em dia tem multas de 1000€ para pagar por "falta de distanciamento social", será que foram passadas também multas àquele pessoal todo?

Não podemos ter 27mil pessoas no autódromo do Algarve ao mesmo tempo que a 5 km se realiza um jogo de futebol à porta fechada, é duma incoerência atroz.
 

Dexter2020

Tribuna Presidencial
21 Junho 2019
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  • André Villas-Boas
É isso e também é culpa do próprio sistema de saúde que temos...

Tenho um sobrinho meu que está infetado, sem sintomas, mas deu positivo. Ele esteve em contacto durante três dias seguidos com a minha mãe e ocasionalmente comigo. Eu tenho contacto diário com a minha mãe.
Ficaram de ligar com a minha irmã para darem instruções como e quem teria de ficar em isolamento e fazer testes. Já estamos no segundo dia sem ninguém da linha saude24 dizer alguma coisa. No entanto a sorte é que nestes dois dias estive de folga e amanhã é dia de trabalho e sem instruções terei de ir trabalhar...
Lá terei de ser eu a ligar. Agora pergunto, como eu quantas mais situações iguais estarão a acontecer?
Muitas. Sei de algumas e a mulher do familiar que mencionei tomou a opção de ficar em casa por precaução sendo que a Saúde24 ainda nenhuma instrução lhe deu. Presumo que a vão chamar para fazer também o teste.

Outra: a minha mulher é professora e, segundo ela, quando um aluno tem Covid-19 ou está em contacto com um familiar que tem a DGS e o Ministério não manda toda a gente para casa ou sequer fazer testes. Sem sintomas, mesmo com contacto comprovado com doentes, não se está a testar.

Mas como já disseram, teremos que passar por isto e o vírus está cá para ficar mais uns tempos. Cabe a cada um de nós tentar minimizar os riscos dentro do que nos é possível e fazer alguns sacrifícios sociais por uns tempos.
 

AdrianSmith

Tribuna
9 Junho 2019
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A responsabilização individual tem a sua piada.

Há quem defenda (pelo que leio é o que defende a maior parte de quem comenta aqui) que um novo confinamento é insustentável.

Ao mesmo tempo critica-se quem vai fazer compras desnecessárias, quem vai à F1, .... basicamente quem sai de casa sem ser para trabalhar.

Expliquem-me qual é o sentido de estar desconfinado se for apenas para trabalhar?

Expliquem-me quem vai comprar numa loja se só pode sair para trabalhar?
Quem vai jantar fora se só pode sair para trabalhar?
Quem vai ao cinema se só pode sair para trabalhar?

Essa teoria do casa-trabalho-caso vai destruir a economia quase da mesma forma que um confinamento e em termos de contágios duvido que tenha resultados tão bons.


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Oliveira

Superior
8 Setembro 2016
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Muitas. Sei de algumas e a mulher do familiar que mencionei tomou a opção de ficar em casa por precaução sendo que a Saúde24 ainda nenhuma instrução lhe deu. Presumo que a vão chamar para fazer também o teste.

Outra: a minha mulher é professora e, segundo ela, quando um aluno tem Covid-19 ou está em contacto com um familiar que tem a DGS e o Ministério não manda toda a gente para casa ou sequer fazer testes. Sem sintomas, mesmo com contacto comprovado com doentes, não se está a testar.

Mas como já disseram, teremos que passar por isto e o vírus está cá para ficar mais uns tempos. Cabe a cada um de nós tentar minimizar os riscos dentro do que nos é possível e fazer alguns sacrifícios sociais por uns tempos.
Porque é que iriam testar se o vírus pode demorar até 14 dias a desenvolver-se? No máximo daria uma falsa sensação de segurança. O que têm recomendado (e sei que fazem o mesmo noutros países da europa, portanto não me parece que seja decisão da DGS ou do Ministério) é isolamento e se desenvolver sintomas, aí sim testar. Ou no final do isolamento testar também.
 

simao977

Tribuna Presidencial
31 Julho 2015
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  • Pinto da Costa
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  • Vítor Baia
Porque é que iriam testar se o vírus pode demorar até 14 dias a desenvolver-se? No máximo daria uma falsa sensação de segurança. O que têm recomendado (e sei que fazem o mesmo noutros países da europa, portanto não me parece que seja decisão da DGS ou do Ministério) é isolamento e se desenvolver sintomas, aí sim testar. Ou no final do isolamento testar também.
Eu acabo hoje o isolamento, já que faz 14 dias que estive "em contacto" com um infetado, e fui testado na terça-feira.
 

John Wick

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31 Outubro 2019
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  • Deco
A responsabilização individual tem a sua piada.

Há quem defenda (pelo que leio é o que defende a maior parte de quem comenta aqui) que um novo confinamento é insustentável.

Ao mesmo tempo critica-se quem vai fazer compras desnecessárias, quem vai à F1, .... basicamente quem sai de casa sem ser para trabalhar.

Expliquem-me qual é o sentido de estar desconfinado se for apenas para trabalhar?

Expliquem-me quem vai comprar numa loja se só pode sair para trabalhar?
Quem vai jantar fora se só pode sair para trabalhar?
Quem vai ao cinema se só pode sair para trabalhar?

Essa teoria do casa-trabalho-caso vai destruir a economia quase da mesma forma que um confinamento e em termos de contágios duvido que tenha resultados tão bons.


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E todos os dias as pessoas têm de ir para o trabalho em transportes públicos sem o mínimo de condições, todas amontoadas. É giro meter fotos nas redes sociais da F1 e disto na Nazaré, quando todos os dias temos centenas de pessoas amontoadas em autocarros e carruagens de metro e comboio.