Despedidas do mundo dos vivos

Branco

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Deve ter sido o melhor jogador que vi jogar a par do Messi, a diferença era que ao Maradona faltava algum profissionalismo tal como a muitos jogadores daquela era (a somar à lesão grave que teve) e por isso mesmo não teve uma carreira tão regular, por outro lado e porque se calhar até tinha mais talento que o jogador do Barcelona era capaz de fazer a diferença nos grandes momentos e isso explica o seu melhor percurso nas selecções.

Aliás, nenhum jogador que eu me lembro trazia tanta expectativa em o ver jogar, em talento puro será mesmo o maior jogador de todos os tempos, só fica atrás do Messi no meu ranking histórico porque não basta ter talento, e o Messi soube aproveitar melhor o dele (também porque viveu noutra altura e foi bem trabalhado pelo seu clube).

Em todo o caso é a grande lenda do futebol, o maior símbolo do lado mais romântico do mesmo, até sempre Diego Armando.
 
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Morais

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Ele além do futebol representava essa vertente sobretudo para os argentinos:

O Vingador das Malvinas
Coluna desta semana traz crônica relembrando Maradona na partida contra a Inglaterra pela Copa de 86 e traça paralelo com a Guerra das Malvinas

Postado em 27/05/2020 às 16:09 | Atualizado em 28/05/2020 às 09:56


Eu sei que um homem que pretende ser uma pessoa considerada de bem deve se comportar segundo certas normas, aceitar certos preceitos, se adequar a determinadas regras. Mas terão que me desculpar, senhores. Há uma pessoa que não é nenhum santo. Pelo contrário, tem uma atividade muito menos importante, muito menos transcendente, muito mais profana. Sigo incapaz de o seguir julgando com o mesmo martelo que julgo outros seres humanos. E olha que não é nenhuma pessoa saturada de qualidades, pelo contrário, possui muitos defeitos.
Falar dele entre os argentinos e o resto do mundo é quase um esporte, tanto para alça-lo ao mais alto da estratosfera ou para joga-lo na maior churrasqueira dos infernos. Um Diego com tantos pecados quanto seus milhares de xarás espalhados pelo mundo. E que pagou por isso, por ser humano, mesmo no mais alto dos céus.
22 de junho de 1986. Havia muita mágoa e muita dor nos olhos de todos que assistiam esta partida. Era muito mais que uma partida. Emoções que não nasceram pelo futebol, nasceram em um lugar muito mais terrível e hostil. Para os argentinos não restava outra a não ser responder dentro de um campo de jogo. Se a Argentina perder, a humilhação vai ser ainda maior, mais dolorosa, mais intolerável. Assim estão alinhados a cada lado do gramado onze homens num jogo de honra.
É futebol, mas é muito mais que futebol, porque quatro anos é muito pouco tempo para que te cicatrize a dor e te acalme a raiva. E com todo esse enredo de tragédia, um pequeno grande homem sobe para sempre aos céus albicelestes. Porque se banca na frente dos contrários e os humilha. Os rouba. Na frente dos seus olhos, os rouba. Dá um pequeno troco a um roubo muito maior e ultrajante. Mesmo que nada mude, lá estão os ingleses, em cada casa, em cada pub, morrendo de raiva do pequeno infrator que ainda olha com o canto dos olhos para o árbitro que sinaliza o meio de campo.


Já parece suficiente, porque roubastes algo de quem te roubou primeiro, mesmo que o que ele tenha te roubado te doa infinitamente mais, mas você sabe que isso dói nele também. E ele não dá a vingança como completa, arranca pela direita o pequeno homem de azul, vai liquidando um a um, dançando uma música que eles nunca vão aprender os passos. Ele segue adiante, deixa um país todo esparramado no chão, e a bola entra nas redes dos céus para toda a eternidade.
O roubo era pequeno, comparado ao deles. O pequeno menino de Villa Fiorito se transformava em gigante, conquistando o mundo. O melhor amigo da bola, àquela que jamais ousou maltratar. Nessa tarde, sussurrou em seu ouvido que a acompanhasse, pois iria mostrar a todo mundo o quanto a queria. E assim, ele transformou seus rivais em estátuas de cimento.
Assim, que o deixemos em paz. Negro ou branco, nunca cinza, expressão utilizada por El Diez. Obrigado pelo futebol, por Maradona, por essas lágrimas, por esse Argentina dois, Inglaterra zero.

Inspirado e adaptado ao conto Me Van a Tener Que Disculpar, de Eduardo Sacheri.
 

grandeporto

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Gaia
Agora conseguí escrever algo sobre Maradona, aqui vai;

Maradona era não apenas um génio da bola mas um homem com todas as virtudes e defeitos que encontramos um pouco em cada um de nós, era autêntico na vida fez merda, fez coisas boas mas nunca fugiu das situações. Era um homem com preocupações sociais, veio de um berço pobre e tornou-se rico mas nunca esqueceu a miséria e esteve sempre ao lado dos desfavorecidos que lhe valeram incompreensões mas ele não se importava de ser genuíno, o não ser politicamente correto não o incomodava.
Sem querer citar alguns génios do futebol, antigos e atuais, Maradona conseguíu ser maior que eles porque transmitia para as bancadas uma originalidade que poucos são capazes quando se tornam holofotes no campo que era ser cá fora o que era dentro do campo e os amantes do futebol tinham-lhe amor por isso. As suas prestações que tinha dentro do campo eram diferentes de todos os outros. Ninguém conseguirá explicar a razão porque Diego Armando Maradona era único, era diferente dos outros e nunca mais teremos um igual.
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Concordo a 100% e acrescento apenas que o Diego tinha dentro dele uma rebelldia e revolta que o faziam um ser humano diferente, entre a bondade e a loucura.
Alma de artista, sentido de humanidade e amor a causas.
O Maradona em Nápoles fez ressuscitar o Vesúvio, ainda hoje aquela gente o venera por toda a cidade. Estamos tristes e de lágrima no olho, mas na Argentina e Nápoles ele era uma religião.
 
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grandeporto

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Gaia
Eu lembro o Mundial dos USA em 1994 em que Maradona com 34 anos já bem redondos quase sem se mexer, levantava a cabeça e fazia passes com olhos na nuca. Uma delícia para quem gosta de ver futebol.

Essa equipa tinha Redondo, Simeone, Ortega, Battistuta, Maradona, Rugieri, Cannigia e Maradona.
Maradona era o pivõt, mexia os cordelinhos e era o Boss. O corpo já massacrado de lesões, tinha deixado o futebol (vitima de entradas assassinas) e trenou para esse Mundial.
 

fgomes

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Hoje é um daqueles dias que fazem mexer as páginas da história, não só para nós como, por infeliz coincidência, para o mundo do futebol, com a despedida do maior pé esquerdo da história.
À família de Reinaldo Teles, um voto de pesar.
A grande família portista seguramente fará a sua devida homenagem.
 
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