Despedidas do mundo dos vivos

Dexter2020

Tribuna Presidencial
21 Junho 2019
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  • André Villas-Boas
Lembro-me bem da morte do Senna. Era 1º de Maio e quando soube desatei a chorar como um menino recentemente saído da adolescência. Aquele capacete amarelo tombado, dentro do carro, nunca mais saiu da minha memória e sempre que recordo essa imagem fico emocionado.
 

psychopiu

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30 Julho 2018
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O funeral de Pedroto foi de muito emoção e para mim na cidade incomparavel.
Também estive no de Pavão, também me impressionou muito, eu tinha 11 anos e lembro-me de ir ao velório no Pavilhão das Antas
e ter ficado numa fila de Kms que dava a volta à superior sul e se bem me lembro cheguei ao fim da tarde e fiquei muito cá para cima. Mesmo com o frio vi muita gente de todas as idades e clube nesse funeral. Lembro me de ter faltado à Escola para ir ver o funeral e depois perdi o 78 na Fernão Magalhaes.

Sobre o Senna não entro nessa discussão, porque também adorava o Senna e a popularidade também de cada Desporto também num era nem será igual.
Naquilo que toca e sensibiiza um Povo e uma nação acho que o Maradona não tem paralelo, apesar de no dia da morte do Senna, que também chorei pela sua juventude, classe e exemplo, os campos de futebol de lés a lés no Brasil passaram a gritar Senna, só visto.
O Morais deve se lembrar da enorme comoção no Brasil e no Mundo porque o Senna ainda era um jovem e acabou por ser vitima do seu perfecionismo.
A F1, nunca mais foi a mesma. Quantas mortes houve mais depois do Senna?
Nessa corrida o Senna tinha feito inspeções à segurança da pista porque na véspera tinha morrido o Roland Ratzenberger, e ele foi pioneiro na luta pela segurança dos pilotos...

Em termos de filantropia e preocupação pelos outros não sejamos injustos, depois do Senna morrer soube-se que até em Portugal os donativos que ele deixava em Associações de crianças e muitas ofertas tal como o Maradona. A origem deles é que era muito diferente, Maradona era odo Povo, era o Povo, o Senna tinha origem e postura quase de aristocrata no bom sentido.

A homenagem ao Senna do Povo e dos adeptos do futebol em todo o Brasil também foi incrivel e arrepiante:

Lembro-me do dia do funeral do Pedroto, ainda hoje. Tinha 8 anos, já vivia em Lisboa e nesse dia tinha uma consulta na Fontes Pereira de Melo.
Julgo que o funeral estava marcado para as 16h (já não tenho a certeza) e a essa hora estava no Saldanha a iniciar a descida. Obriguei a pobre da minha mãe a ficar parada, comigo, no passeio durante 1 minuto (das 16h00 às 16h01), como se fosse 1 minuto de silêncio, em respeito à memória do Nosso Treinador.
Não foi fácil convencer, ao inicio tinha vergonha de lhe dizer porque queria ficar parado, mas teve que ser porque ela, obviamente, não podia adivinhar.
Mas ficou ali comigo, calada :)
Chegou a casa e contou ao meu pai e acabou com a frase:" este ainda é mais doente pelo Porto do que tu"

Quanto ao Senna, ontem fartei-me de lembrar dele e em especial do video que mostraste. Achei na altura impressionante a forma como reagiram à morte de um ídolo. Em vez de chorarem, celebraram o nome dele. E a comoção que correu o Brasil e algumas partes do mundo, julgo que será parecida com a que vai acontecer nos próximos dias, por causa do Maradona.
O irónico da situação, é que o nome do Senna foi cantado nos estádio, sendo ele um piloto de F1.
O nome do D10S, fruto desta merda de pandemia, não vai ser cantado nos altares onde ele jogou, espalhados por todo o mundo.
 

Daikan

Tribuna Presidencial
21 Agosto 2012
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"1989. O Nápoles tinha acabado de vencer a taça UEFA. O Nápoles que era agora uma equipa madura e temida, uma das mais dominantes do melhor campeonato do mundo. O Nápoles que ainda assim continuava a ser a equipa do “esgoto de Itália”, acabrunhada pelos fantasmas do norte e pelos poderes políticos de uma era incerta. O Nápoles impunha-se, ora campeão ora vice, agora também com um grande troféu europeu na montra.

Maradona havia chegado há cinco anos, havia revolucionado a equipa e o futebol e havia sacudido um país inteiro pelas próprias fundações... Em Nápoles era um Deus mas estava cansado. O seu amigo e preparador Fernando bem via como desgastado estava, ele que iniciava o seu ciclo de destruição, rodeado pelos bons e pelos maus, por todos os que o sugavam, após o jogo do último fim de semana e lhe rogava que o colocasse em forma para o próximo somente daí a dois ou três dias... E Fernando cumpria. E, mesmo que ôco por dentro, Maradona continuava a brilhar. Mas tudo tem que ter o seu fim.

– Venda-me! – As palavras chocaram o presidente Ferlaino. – E os nossos sonhos? O topo da Europa? Ganharmos a Taça dos Campeões Europeus? – Mas se nem este ano fomos campeões... Quantos anos mais? – Replicou o astro... Mas a palavra espalhou-se pela Europa e o bom Ferlaino acabou por ceder à emoção do seu desgaste. Havia que lhe dar espaço para respirar, para viver. – Sim, vendo-te... – Logo os gigantes do norte entraram em campo, esquecidos temporariamente do seu ódio, mas a esses Diego foi bem claro. – Em Itália só no Nápoles! – O futebol inglês não o seduzia e tambem não era seduzido, eles que tão pouco esquecem o passado, ainda para mais o bem recente. O Real Madrid jogou as mãos à cabeça – Logo agora que acabamos de contratar Laudrup! – E assim ficaram dois, dois que podiam levar Diego ainda mais ao topo, o Marselha de Tapie e o Barcelona de Nuñez. Dois loucos! Tapie colocou Francescoli em espera, que Diego ainda era melhor pois claro. Marselha era uma espécie de Nápoles de França e a taça dos campeões, alicerçada no projecto megalómano de Tapie e no campeonato acabo de conquistar, parecia mesmo ao alcance. De Nuñez, Diego nem queria ouvir falar e assim acabou com a caneta francesa na mão. E teria mesmo assinado se não fosse aquele telefonema." (continua...)
 
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Daikan

Tribuna Presidencial
21 Agosto 2012
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"– Sou Johan. – Cruyff pois claro, sedutor como sempre. Com ele no Barcelona a construir uma equipa de sonho, Nuñez nem pintava. Conseguiria manter-se longe. E o futebol espanhol já não era o que tinha sido... Sim, o Barcelona já não era campeão há alguns anos mas prometia muito. Depois havia um tal de agente a cochichar nos ouvidos. – Este Barcelona vai dominar... – E assim regressou a Camp Nou.

Mas Maradona não tinha colocado um ponto final em Itália pois haveria de regressar no verão de 1990 para o Mundial, capitaneando como sempre a sua Argentina. Passeou classe pelos relvados, comentando-se aqui e ali como Cruyff o tinha apurado ainda mais, e por todo o lado foi bem recebido, aplaudido por vezes de pé até pelos italianos do norte, pois a distância têm destas coisas. Diego já não os incomodava e ficara apenas na memória. Ditou então a sorte que encontrasse a seleção azurra em... Nápoles. O jogo foi aos penaltis e a Argentina acabou por sair vencedora. A multidão fez minutos de silêncio, em suspense, como se indecisa. Por fim, um Maradona em lágrimas começa a dar a volta ao relvado, ora aplaudindo ora com a mão direita sobre o coração. E a multidão responde, batendo palmas de pé. Mundial ingrato esse, que acabou perdido mas não esquecido.

A combinação Cruyff-Maradona começou a dar frutos e este Barcelona pareceu imparável. Combinação até injusta como comentaram então alguns jornalistas. Em 1992, Diego afastou Koeman e ajeitou aquela bola. O destino parecia estar escrito. A bola entrou, indefensável ao ângulo, e Maradona chegava, por fim, ao topo. Não havia mais para ganhar... Em 1994, reencontraria por fim um dos velhos rivais do norte, o Milan agora de Capello. E talvez o destino não estivesse afinal traçado.

A nossa história podia, por fim, terminar perto de Boston com um Maradona ofegante a caminho dos balneários após a estreia em mais um Mundial. Com ele seguia uma nova geração de ouro argentina, de Batistuta, Redondo, Chamot, Cáceres ou Simeone... A Grécia tinha sido despachada como uma mera formalidade e Diego parecia, aos 34 anos, melhor que nunca. – Quem os poderá parar? – Era a questão. Sim, Diego e os seus companheiros a caminho do balneário, apenas eles, sem fantasmas, a olhar o futuro...



Não aconteceu, Corrado Ferlaino não se convenceu a vender Diego e o Nápoles voltou a ser campeão em 1990. Diego sucumbiu ainda mais, afundando-se no esquecimento das drogas e do álcool. Foi odiado durante esse mundial italiano e obrigado a viver o purgatório da época seguinte, de vingança contra ele. A taça dos campeões europeus não só não haveria de chegar como a sua ausência no palmarés seria mais tarde usada como prova contra a sua grandiosidade... Foi perseguido por todos num país que o deveria ter amado. Escorraçado como um cão. Preso, algemado, humilhado para contentamento das classes que mandavam... Expulso por fim. A história acaba mesmo em 1994, no mesmo estádio e no mesmo caminho para os balneários."
 
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Philipp

Tribuna Presidencial
25 Janeiro 2015
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  • José Mourinho
O Mourinho não fez nenhuma publicação sobre o Reinaldo? Mas fez para o El Pibe...
O Mourinho é um palhaço. Nunca respeitou quem tudo lhe deu.

Aliás, o Maradona não precisava de tributos do Mourinho. Foi um jogador lendário que juntamente com o Pelé fez do futebol o desporto mais mediático do mundo. Isso ninguém pode apagar apesar de ter tido um final de carreira e uma vida pós-futebol degradante.
 

Mirif

Tribuna
9 Outubro 2006
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Se calhar muitas figuras com ligação passada ao FC Porto deram os pêsames directamente á família do Chefinho e/ou o nosso Presidente, em vez de fazer o simples post no Facebook precisamente á caça dos likes.
Acredito. A vida não é só post na internet. A família de quem perdeu um ente querido prefere uma palavra sentida do que um post na internet colocada por um assessor qualquer.
 

JPedroto87

Bancada central
31 Julho 2020
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  • Supertaça 19/20
  • José Maria Pedroto
  • Pinto da Costa
  • Taça de Portugal 19/20
Se calhar muitas figuras com ligação passada ao FC Porto deram os pêsames directamente á família do Chefinho e/ou o nosso Presidente, em vez de fazer o simples post no Facebook precisamente á caça dos likes.
Eu percebo isso mas então o post serve para quê mesmo? Fazendo de conta que não é para preencher a quota de atenção e carência de cada pseudo personalidade do Instagram, não é uma homenagem? Eu até percebo que ele e a família prefiram que não se fale nisso, não há necessidade, mas...

O Sérgio Conceição e o Baía fizeram o post e tenho a certeza que mais depressa falaram eles com algum familiar do Reinaldo do que o James ou o Hulk. E se o Reinaldo ou a família preferissem que não se falasse disso, o Sérgio e o Baía também sabiam mais rápido.

Posto isto, não entendo como é que se presta uma homenagem ao "ídolo, grande jogador, que por acaso tirou uma selfie comigo apesar de não saber ao certo quem eu sou" mas não se presta a uma pessoa com quem convives diariamente. E isso diz muito do lodo que são as redes sociais, onde se consegue perceber bem quem é carneiro e quem não é.

Isto são coisas que realmente não interessam mas para mim disse-me muito. Mostra-me que estou errado.
 

Calabote

Mestre e doutor em eng. de tecidos e neurociencias
30 Junho 2016
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  • Fernando "Bibota" Gomes
Sobre o Maradona, alguém se recorda deste jogo?
Eu lembro me de.uma vitória num torneio de Sevilha, jogamos com o Atlético e com o Sevilha , mas acho que não era este.