O Sérgio só se esqueceu de referenciar que aquilo que pretende do Fábio Vieira é para ele encaixar no seu modelo de jogo e forma de jogar, não para ter sucesso no futebol profissional, aqui é que está o problema. O Xavi não teria qualquer tipo de hipótese de ter sucesso no modelo de jogo do Sérgio Conceição, isso não faz do Xavi mau jogador, até porque foi um dos melhores médios do mundo para um determinado contexto. Se metes o Xavi a ter que fazer piscinas com transições para aqui e para ali, é óbvio que o Xavi não vai ter qualquer tipo de hipótese, mas se metes o Xavi com a batuta na mão, com a responsabilidade de organizar toda a organização ofensiva da equipa e privilegiar esse momento do jogo, é óbvio que o Xavi vai render muito mais.
Isto não é uma crítica directa ao Sérgio Conceição, tem toda a legitimidade para jogar da forma que entender e escolher os jogadores certos para o seu modelo, só não tem é que definir o critério de sucesso de um jogador usando o seu modelo de jogo como referência.
O Fábio Vieira nunca vai ser um jogador de transições, é um médio de organização e desequilíbrios através do passe e remate. O termo de comparação é o Otávio? O Otávio pressiona, é agressivo na reacção à perda, mas não tem a capacidade que o Fábio Vieira tem de gerir os ritmos de jogo, de qualidade de passe, de decisão, etc.
Compreendo que o Sérgio Conceição queira um médio que faça um passe de 30 metros e que corra imediatamente para a frente, esta a sua principal preocupação de acordo com a sua forma de jogar e não a eficácia do passe. O Sérgio quer jogar em transições, quer estar constantemente a alongar o jogo, não quer que o passe seja feito com a máxima eficácia, quer sim ter gente na frente e médios combativos para ganhar uma 2º bola.
Tudo legítimo. O problema é quando o Sérgio define sucesso ou insucesso de um jogador de acordo com a sua visão do futebol. O Fábio Vieira poderá nunca encaixar na forma de jogar, mas pode perfeitamente ter um enorme sucesso numa equipa que privilegia mais a organização ofensiva.